Era pra ser uma viagem ao Texas

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  Depois daquele dia do baile as coisas mudaram um pouco. Nem tanto, pra falar a verdade, Theo foi eleito o rei do baile(isso não me surpreende), Johan causou muita confusão e ... Agora eu e Mira estamos namorando, isso fez meu outubro um mês muito alegre. Passamos a ficar mais tempo juntos, saímos para lugares como o Le Balzac. Ela gosta de tênis, então, fomos ver as finais do Roland Garros, entre Rafael Nadal e Novak Djokovic, os melhores do mundo. E quando não estávamos em um grande encontro desses, reuníamos nossos amigos na casa de alguém e assistíamos a algum filme de terror dos anos 80. Depois que começamos o namoro, as pessoas passaram a se achegar mais a nós, será que eles devem achar nossa relação inspiradora ou alo do gênero?

  Em um fatídico domingo de novembro, estávamos em minha casa. Eu, Mira, Theo e a garota com quem ele estava no baile, descobrimos que ela se chama Felícia Baillard. Ela é bem legal, não tem nenhuma historia genérica, ou coisa assim(por exemplo, o Theo é o cara rico e bonitão), ela é uma garota aparentemente normal que gosta de coisas normais, como musica eletrônica(quem não gosta de musica eletrônica?), filmes, séries e jogos. Meus pais estavam lá também. Eles devem ter se sentido muito comovidos ao ver casais de jovens. Tanto que, começaram a contar historias.

  — Todos sentados e bem aconchegados em algum lugar? Então vamos começar. — Dizia meu pai, sentado em uma poltrona grande, junto de minha mãe. Nós estávamos espalhados ao redor nos sofás. Ele começou a contar. — Eu nasci um jovem texano com um grande senso de aventura, eu queria explorar o mundo. Então viajei para vários lugares fazendo shows, estive no Brasil, África do Sul, China, entre outros. Até que um dia cheguei na França, aqui em Paris. Alguns companheiros me chamaram para ver um desfile de moda patrocinado pela LVMH. E foi lá que eu vi a mulher mais espetacular que eu já tinha visto, tá certo que ela estava parecendo "uma obra de arte" literalmente...

  — Aquilo era moda! — Disse minha mãe. — Lá da passarela eu pude ver ele, que me olhava como nenhum outro havia olhado antes. Era como se o rosto dele se destacasse dentre todos os outros. Tanto que, depois do desfile o Nicholas me esperou do lado de fora até eu sair. Fui tão elogiada, que senti vontade de bater nele. — Todos riram. Ela pegou na mão do meu pai e entrelaçou as duas. — Ele me pediu uma chance, disse que eu não iria me arrepender e céus, ele estava certo. Aquela noite foi uma das mais divertidas de todas. Estávamos apaixonados. Eu não precisava trabalhar, já tinha ganhado demais, então me juntei a ele em suas viagens. Recomendo que vocês visitem o Japão.

  — Então, depois de tanto viajarmos, voltamos para o nosso ponto inicial, bem aqui. Decidimos nos enraizar mesmo, dai veio você. — Ele apontou para mim. — Bom, não importa como acontecem essas coisas, mas sim o que vem depois.

  — Vocês são jovens, tentem não acelerar as coisas, entenderam? — Acenamos positivamente com a cabeça. — Quem quer sorvete? — E todo mundo gritou bem alto. Como eu tenho sorte não é mesmo? Sou feliz. Depois que todos vão embora, pego meu Ipod, coloco os fones e apago em minha cama.

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  O tempo foi passando, tudo estava bem. Eu e Mira nos amassávamos por toda parte, as notas na escola estavam toleráveis, sem problemas financeiros, que bom não é? Mas, hoje de manhã nós recebemos uma noticia aqui em casa. Vovô e Vovó morreram de madrugada. O Sr. e a Sra. Tidall eram a única parte da família do papai ainda vivos. Eles amavam demais o Texas, então mesmo quando meu pai os chamava para morar conosco eles recusavam. Mas tudo bem, não os culpo, afinal era o local onde eles foram mais felizes. Mamãe estava em lágrimas. Papai ficou abalado com isso. Mas logo se recompôs e disse que sairíamos o mais rápido possível para o funeral. Peguei minha bicicleta e fui até a casa de Theobald, e disse para ele que iria viajar pro Texas.

  — Meus pêsames Joshua. Lembro de quando eles vieram pra cá, eram tão legais. Não se preocupe, eu cuido das coisas por aqui. — Tocamos nossos punhos. — Até mais amigo.

  Conversamos alguns minutos. Me despedi, agora vou até a casa de Miranda. Chegando lá, ela me abraça e solta uma lágrima. Ela também conheceu os velhinhos.

  — Vou sentir saudade nesses três dias. — Nos beijamos. — Até mais Joshua.

  — Até. Eu te amo. — Me despeço. Enquanto pedalava, pensava em como seria minha volta, eu poderia ficar abraçado com ela quanto tempo eu quisesse. Poderia jogar Paint Ball com o pessoal da sala. Vamos nos divertir, eu vou precisar disso.

  E assim volto para casa. Já estavam todos se arrumando, faltava eu. Depois de algumas horas, fomos até o aeroporto Charles de Gaulle de táxi, vamos pegar um voo até os Estados Unidos da América, até o Texas mais precisamente. O voo foi tranquilo, os aero-trabalhadores serviam comida boa demais. Em questão de horas chegamos ao Austin-Bergstrom International Airport, na cidade de Austin, onde eles moravam. Alugamos um carro para ir até o cemitério, tudo já estaria pronto, meus pais trataram disso antes mesmo de sairmos da Europa. Eu estava com um mau pressentimento. O céu estava nublado, típico de um velório não acham? Enquanto percorríamos pela cidade, fomos brutalmente atingidos por um caminhão em um cruzamento. O carro foi jogado e capotou. Eu sentia dor em algum lugar, devo ter quebrado algo, mas isso não importa. Olho pro meu pai, ele não se mexe, então olho pra minha mãe.

  —Joshua. Nós te amamos... — Ela diz com dificuldade. Isso não pode estar acontecendo conosco, não agora. Vou perder tudo? Meus pais, amigos, minha vida,a Mira? Agora vejo minha fraqueza, eu não suporto a ideia de que irei perdertudo. Estou desesperado. Eu grito. Eu choro. Vejo uma luz, vermelha e azul ela fazia barulho. Tudo fica escuro.    

Dos 13 aos 33Where stories live. Discover now