Capítulo 3: México doce México

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Gabrielle

Eu não tinha mais ninguém para ir ao enterro, nem mesmo meus tios. Nem um familiar sequer. Com os avós mortos dos dois lados da família e ambos os meus pais sendo filhos únicos, eu era a única herdeira do império que meus avós paternos tinham deixado para meus pais.

E eu tinha acabado de entregar de bandeja esse mesmo império. Que pena. Meus pais deviam ter se lembrado de deixar a porra de um testamento. Erro deles, eu que não morreria por isso, bem pelo contrário.

Dois policiais, alguns vizinhos, Kiera e eu. Era isso que tinha no enterro do Sr. e Sra. Williams, os tão amados pais. Eles com certeza deviam ser, só não para mim.

Kiera me garantiu que trataria de tudo, e que me ajudaria o máximo possível. Eu estava agradecida, afinal ela havia me ajudado mais do que precisava, mesmo sendo uma amiga. Ela não tinha obrigação alguma de ajudar ou ficar próxima, mas o fazia.

A questão é que eu não precisava dela, não agora, não para o que eu faria. Agora era a minha vez de agir, e quando eu começasse a fazer isso... reprimi o impulso de abrir um sorriso vencedor, eu não precisava de Kiera achando que eu tinha algum problema mental — ou, na melhor das hipóteses, um instinto suicida, já que muitos diriam isso.

— E então, Gabe, o que você vai fazer? — Ela perguntou quando chegamos à frente de minha casa. Eu não venderia a casa, muito menos a alugaria. As memórias eram fortes e ainda mais recentes conforme eu analisava centímetro por centímetro do jardim da entrada. Quando eu voltasse, a casa continuaria ali, sem dúvida alguma. Ninguém ia encostar um dedo, eu queria que ela estivesse exatamente como eu deixara quando eu voltasse do que ia fazer.

É óbvio que eu não morreria com o que ia fazer, sabia muito bem — e de algumas coisas não, isso era um fato — o que eu iria encontrar pelo caminho. Bastava ter o dedo mais rápido no gatilho do que quem quer que eu fosse encontrar pelo meu caminho. Era só apertar o gatilho, não tinha nenhum grande segredo em como assassinar alguém.

Analisei Kiera, abrindo um sorriso fraco enquanto via suas sobrancelhas levantarem.

— Vou procurar vingança, Kiera. — Falei, vendo sua expressão endurecer. Ela parecia esperar por isso, mas não parecia nem um pouco feliz. Que pena, a vida era minha, não dela. — Nem que eu tenha que ir até o inferno para isso.

Ela me analisou por um instante.

— Ok, e do que você precisa?

Dei de ombros.

— De munição. — Ela revirou os olhos para mim, mas um sorriso serpenteou por seus lábios.

— Além disso?

Abri a porta de casa, analisando toda ela fechada, parecendo, inclusive, abafada. Passei os dedos pela parede, batucando-os enquanto corria pelos detalhes pintados em cada uma das paredes da sala.

— De tempo. — Estreitei os olhos, pensativa. — Preciso pagar cada um dos caras que eu devo, inclusive o assassino de meus pais. Basta usar isso ao meu favor, e talvez eu ganhe uma mísera pista.

— Talvez. — Ponderou. — Já considerou que ele vai te matar assim que você aparecer com a maleta de dinheiro?

Estreitei os olhos.

— Por que ele faria isso? — Ela levantou as sobrancelhas.

— Talvez queima de arquivo. — Fiz bico, parando de batucar os dedos.

— Então eu preciso provar que sou capaz o suficiente de me provar útil para cada um deles.

— O que você vai fazer? — Perguntou, preocupada, comigo abrindo um sorriso brincalhão.

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