O bairro do Limoeiro enfrenta a vinda de um novo morador, cujo apelido se perfaz diante a peculiar anomalia física que ele carrega em seu olho esquerdo: um enigma de coloração vermelha capaz de colocar a vida de todos em risco.
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Notas iniciais: A presente história contará com os personagens da Turma da Mônica Jovem, do ilustríssimo Maurício de Sousa, e personagens originais, de minha autoria. Ela conterá cenas de violência, portanto não recomendo a leitura para pessoas menores de dezesseis anos.
Cebola está sentando em um banquinho com um de seus aparelhos eletrônicos de última geração, aproveitando com entusiasmo e muita concentração o lançamento do jogo de enigmas mais aguardado das últimas décadas. Os dedos se ocupam em manter o protagonista ativo, desvendando portas de compridos corredores que, juntos, formam um complicado labirinto. O personagem caminha e se depara com muitos lugares sem saída, passagens secretas e mensagens codificas que levam Cebola a crer que ele não está a procura de uma sala escondida, ou de uma escapatória do confuso mapa, mas de alguém. Ele não sabe quem está procurando, nem tem conhecimento sobre nenhuma característica do sujeito por quem busca. As pistas são vagas demais.
Cebola apanha o celular do bolso da bermuda e checa as mensagens dos jogadores. Um garoto brasileiro de outro estado criou uma sala de bate-papo privada para participar somente aqueles que compraram o jogo na pré-venda, com o intuito de poderem se ajudar a avançar no labirinto resolvendo, conjuntamente, os enigmas antes da estreia oficial do jogo, que ocorrerá em três semanas. Contando com Cebola, cem são os garotos que integram o grupo, dentre eles o moderador. De acordo com a conversa entre os integrantes, Cebola deduz que está à frente dos demais rapazes e isso o anima, mas continua encucado com o fato de se sentir caminhando em círculo. Ele torna a voltar a sua atenção para o aparelho em mãos, colocando o rosto bem próximo da tela para que nenhum detalhe escape de sua visão.
E justamente quando vê, com os olhos espremidos, uma estranha luz vinda do final de um corredor, Cebola é surpreendido por sua amiga que o cutuca nas costas.
- Sabia que isso ainda vai te deixar cego?
Ele nota se tratar de sua amiga, paixão nem um pouco secreta e colega de classe Mônica, a única garota do mundo por quem ele pausaria um jogo para conversar, mesmo que assuntos triviais. Ela mexe com a cabeça dele mais do que qualquer outra coisa, como se fosse um parasita alienígena enclausurado em seu cérebro, alimentando-se de sua mente e deixando-o cada vez mais idiota. Um completo bobo apaixonado trocador de letras. Mas nem mesmo Mônica é párea para o jogo de enigmas que Cebola passou meses sonhando. Ele finalmente tem a chance de ser considerado o melhor jogador de todos os tempos e não pretende abrir mão da oportunidade por ninguém, nem mesmo por Mônica. Cebola opta por ignorá-la, na esperança de ela desistir de conversar e ir procurar fazer qualquer outra coisa que não o inclua.
Desde o rompimento dela com o Do Contra, Mônica tem agido estranho na presença de Cebola. Cebola é conhecido por seus amigos e rivais como um garoto de inteligência excepcional. Em planos e desafios ele se destaca, sendo considerado como uma pessoa acima da média, embora não entenda muito bem sobre engenhocas e bugigangas científicas como o seu amigo Franja. Os anos que passou praticando planos infalíveis para se tornar o rei da rua o ajudou a aprimorar sua capacidade dedutiva. Contudo, a mente empenhada em alcançar objetivos toscos o deixou em maus lençóis no tema assuntos amorosos. Então, quando Mônica usa um perfume mais forte quando os dois marcam de ir ao cinema juntos, ou fica mexendo numa mecha de cabelo quando está conversando com ele, ou mesmo sorri em sua direção sem nenhum motivo aparente, Cebola simplesmente se sente tão perdido quanto o seu personagem do jogo, como se estivesse em um labirinto da Mônica, sendo os sinais dela as mensagens codificadas.
