Your Queen - Sua Rainha [CONCLUÍDA]

1...

'' Há 18 anos que eu não durmo em paz... Toda noite é uma tortura imensa. Deito na cama de todas as maneiras, mas não é possível descansar por um minuto sequer. Seu choro... Eu me lembro de seu choro alto e incessante... Ele clamava por minha pessoa... Eu não pude fazer nada... Não que não tivesse tentado... Ao contrário...

-Me perdoe! ''

18 anos antes...

Ingênua.

Essa palavra muito bem me descreve. Uma menina de 16 anos acreditando no doce ''Eu te entendo,venha, vou te ajudar''. Não era bem assim como me dizia. Na verdade, eu tive a oportunidade de perceber isso naquela tarde, mas resolvi fazer totalmente o oposto do que me alertaram.
E tudo pra que? Acabo de ser expulsa de casa, e, ele me humilhou publicamente alegando que eu seja qualquer uma.

Não acredito no que está acontecendo!

Era só o que conseguia pensar a todo segundo.

Tic-tac...tic-tac...tic-tac

O tempo escorria pelas minhas mãos, e nada, jamais faria com que ele voltasse. Acabo de perder tudo.

Enquanto andava sem rumo e aos prantos, o meu anjo da guarda aparece e o clamo.

-Nora! Preciso de sua ajuda... Por favor!

-Venha menina...

Perder tudo? Ainda não tinha perdido, mas não demorou muito, talvez só alguns meses depois do ocorrido.

18 anos depois...

Mais um show, talvez o último nesta cidade.

Prazer, meu nome é Sofia e no dado momento estou sendo uma dançarina em uma boate qualquer de estrada. Mas não se anime, logo eu vou embora e talvez em outro lugar eu seja professora, curandeira, dama de companhia, uma simples camponesa. Mas o que virá não convém no momento, agora meu foco é aquele homem de cabelos castanhos e olhos negros que está sentado na lateral do palco. Ele é a minha mira hoje!

O observo desde mês passado. Há 20 dias pra ser exata.

Ele me olha dançando - mexendo vagarosamente, como uma bela dama no posto de pior das mulheres - encantado, hipnotizado. O seu único movimento e levar o copo de Whisky até tocar seus lábios, e, tomar um gole mais. Ele não somente saboreia a bebida, ele saboreia o espetáculo. Nós dois sabemos o que queremos, ele é sábio, mas como todo homem, tolo por uma mulher.

Escuto a porta do bar se abrir, no entanto, não me importo em olhar, continuando a coreografia com as meninas.

Em certo momento me encontro sozinha no palco. Cada uma delas subiu na mesa de algum cliente, todas firmes, concentradas na dança com os rostos cobertos por maquiagem. Escondem fundas olheiras e um triste olhar.

Sorrisos cansados e corpos frágeis. Meninas aprisionadas em corpos de mulheres maduras.

Vejo nelas parte de mim. Não faço comparações, cada uma sabe da sua dor, do seu passado e da sua luta pela vida.

Sufocada! Pensei.

Está quase chegando na hora do meu solo. Que venha o grande final!

Enquanto danço, por um instante desgrudo os olhos daquele homem e ao olhar na minha frente tenho uma visão apavorante... E não só pra mim.

Meus amigos... Ou colegas. A minha frente, em pé, me olhando confusos.

Mas isso era de se esperar, afinal, eu não era assim, nem um pouco como demonstro agora.