Episódio 2.

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— Quer uma água? - Pergunta o amigo de Gizelle, Timy.

— E vai adiantar alguma coisa, beber água? - Disse Gizelle com grosseria.

— Não - Diz Timy se afastando.

   Roupa preta - totalmente - não combinava com Gizelle, claro que se tratava do velório do seu irmão mais novo. Baixinha, gordinha e nesse momento não atirada, Gizelle com seus vinte e três anos, sofria bastante. Por um erro seu, a vida do irmão tinha se perdido e Tomy, atingido pela grosseria nova de Gizelle, chegou nela e chamou em um canto.

— Não vai adiantar você ficar comigo assim também - Diz Timy. — Eu fui lá, tirei você daquele lugar e eu venho-lhe oferecer uma água, e você simplesmente é assim comigo...

— É coisa do momento, estou me sentindo a pior pessoa do mundo - Diz Gizelle indo para o enterro do irmão.

— E ganhou um bônus - Diz Timy.

   Pouco depois de quase todos irem embora, Timy olhava o amiguinho que descansava logo ali na sua frente. E mais atrás, Gizelle observava Timy e as nuvens pesadas de chuva a chamou atenção. Pareciam... Diferentes, e Gizelle chegou a pensar que também sabiam do seu erro.

— Vamos, Timy - Chamou Gizelle.

— Vá você, prefiro caminhar sozinho hoje - Respondeu Timy.

— Estou sentindo algo de errado - Comentou Gizelle. — Vamos, Timy!

— Erros estão na moda atualmente - Disse Timy.

— Ah, que se dane - Gizelle pisou forte até a casa que estava sua mochila, nesse instante a chuva começou a cair.

  Un som de dor chamou atenção dela para onde Timy estava, e olhando para trás, Gizelle viu Timy jogar algo como bile para o alto e cair no chão logo depois, se contorcendo e ficando imóvel, enquanto a chuva caia. O mesmo acontecia com o guarda que estava ali.

— Timy! - Gritou indo para onde Timy estava, mas algo travou ela antes de ficar na chuva. "Isso vem da chuva..." Pensou. — Não, Timy, não... - Sentou no chão e esperou a chuva passar.

— "Pessoas estão morrendo ao ter contato com a chuva, repito, pessoas estão morrendo ao ter contato com a chuva." - Gizelle escutou na TV. Se levantou e aumentou o volume. — "Até onde se sabe, é a chuva que tem um tipo de vírus,  ao ter contato, o indivíduo morre logo em seguida. Recomendamos não sair de casa, e procurem coberturas para se proteger."

   O lugar estava em silêncio após Gizelle desligar a TV, ninguém no balcão de recepção, na sala de espera e ela muito menos queria olhar na sala em que os corpos ficavam.

— Finn - Gizelle lembrou do irmão que estava na escola nesse momento, saio para a varanda e viu que a chuva tinha parado. Se não salvara o irmão, salvaria Finn.

    A escola do irmão não ficava longe de sua casa, muito menos de onde estava. Caminhando rápido e ignorando as dezenas de corpos pelas ruas e calçadas, seguiu em frente. Algumas pessoas saiam para fora e pegavam os corpos, Gizelle murmurava consigo mesmo que era uma péssima ideia.

— As pessoas só estão dormindo, filha - Dizia uma mãe a sua filhinha ao seu lado, vendo os corpos. — Vamos, se não vamos acordá-los.

*

— Hoje conheço a melhor pessoa do mundo - Diz Timy à Gizelle.

— Não é para tanto, Timy - Sorriu Gizelle. — Vamos nadar na piscina hoje?!

— Fechado - Diz Timy. — Aproveito para mostrar os músculos, resultado de dias fazendo exercícios em casa.

— As garotas vão pirar - Disse Gizelle dando um soco de leve em Timy. — Vamos, Galã.

*

— Moça, estou falando com você! - Chama um homem perdido. — Viu minha mulher? Ela saio com as crianças e temo que algo tenha acontecido com eles.

— Ah, eu não sei, senhor - Gizelle apertou os passos e de longe viu Finn vindo com um garoto.

— Gizelle! - Finn de oito anos correu para os braços da irmã. — Esse é o Martin, ele me ajudou a sair da escola e disse que ia encontrar você, para me deixar salvo.

— Bom, obrigado, Martin - Disse Gizelle. — Vamos, Finn.

   Martin acenou para Finn e virou para ir, enquanto Gizelle seguia para sua casa. Não tinha como evitar olhar para as pessoas caídas, Mas Finn se mantinha calmo. Chegando em casa, Gizelle abriu a porta e deixou Finn ir para o quarto dele, enquanto ela correu para o quintal dos fundos e viu o que não queria ver.

— A mãe está ai? - Perguntou Finn.

— Não, acho que eles saíram - Gizelle trancou a porta e foi até o irmão. — Aqui dentro é mais seguro, se voltar a chover, não saia para fora.

— Foi o que o Martin me disse, em casa é mais seguro, não saia para fora.

— E, Martin é um garoto bom - Gizelle olhou para o céu, ainda nublado, mas com poucas nuvens no céu. — Você vai ficar bem, Finn - Disse para sí mesma ouvir. — Vou manter você seguro.

THE RAIN
DEPOIS DA CHUVA.

 

THE RAIN - Depois da Chuva.Onde histórias criam vida. Descubra agora