II - Término da entrada

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No outro dia eu pensei em faltar por causa de tudo que havia acontecido dia antes, mas mesmo assim havia me arrumado e estava sentado esperando chegar a uma conclusão se estava preparado para outra crise existencial. Cheguei à conclusão que tinha que enfrentar o problema. Apenas iria retardar o problema pois teria que enfrentar do mesmo jeito.

Spike havia faltado pelo mesmo motivo que saiu cedo ontem. Foi sorte minha ele não ter ido, pensaria melhor sem alguém me mandando fazer algo.

Assim que eu cheguei vieram dezenas de perguntas sobre o Spike eu sempre dava a mesma resposta: "Ele ficou com muita dor de cabeça ontem por causa dos óculos, hoje ele foi refazer o exame". Não tinha certeza se foi essa a real história que havia acontecido com ele, mas eu tinha que falar algo para que eles me deixassem em paz.

Estava certo de que se tinha algo que eu pudesse fazer era naquele dia; não sabia quando iria ter outro dia sem receber comandos outras vezes e não sabia se teria coragem de pensar nisso de novo outra hora.

Enquanto pensava no que ia fazer, sentado em um banco do lado da porta de entrada, fingia olhar crianças menores que brincavam de algo. Pensei em parar de falar com Spike, mas com quem eu iria conversar depois? Pensei em mudar de colégio, mas aconteceria a mesma coisa. Pensei tanto que a porta ao meu lado abriu e nem havia percebido.

Assim que eu entrei na sala vi Jimmy me chamando, do lado dele estava seus amigos. Pensei em não ir, mas fui, não estava em uma boa situação para recusar conversas. Me sentei ao lado de Jimmy, onde Spike sentava. Era estranho sentar do outro lado da força, era estranho não receber ordens. Foi nesse momento que percebi o que precisava fazer para sair daquela "forca", precisava ser o protagonista da minha vida, ter minhas próprias decisões.

Fui tirado de meus devaneios quando senti alguém tocando em mim.

- Estava em Nárnia? – O Jimmy falou alto o suficiente para toda a sala ouvir, todos riam do meu rosto, no entanto eu não me importei, me divertia junto com a turma. Mesmo que pareça estranho.

Jimmy continuou:

- A prof. Mandou fazer grupos de quatro pessoas – ele estendeu a mão me chamando e sem pensar duas veze eu me juntei a ele, Alex e Kalel.

Aquele dia foi um dos mais divertidos que já tive. Também nesse dia que me tornei amigo de Kalel e Alex. Foi nesse momento o começo da manipulação do Spike.

Além disso teve outra coisa que ajudou a quebrar meus laços com o Spike:

UM ANO DEPOIS

Não mais necessitava do Spike, mas não era o suficiente, toda a sala andava conforme com o que ele decidisse que fosse certo. Continuava falando com Jimmy, Kalel e Alex, entretanto com todo esse poder de Spike sobre a sala ele ainda manipulava as pessoas, fazendo elas acreditassem em tudo que ele falasse.

Tinha acabado de voltar de férias do final de ano e mais uma vez chegaram novatos, não vieram muitos, mas dentre eles estava uma pessoa muito especial, Hillary, uma garota pequena, magra de cabelos escuros e longos. Assim que a vi eu queria falar com ela, ela era diferente, a cada segundo era uma expressão diferente, no entanto nunca havia puxado conversa com uma garota, mas algo me dizia que devia falar com ela.

Havia se passado semanas e ainda não sabia como falar com ela. Ela também não se socializava muito com outras pessoas. Decidi que iria falar com ela naquele dia no final da aula.

FINAL DA AULA

Hillary estava arrumando seus materiais quando cheguei perto.

- Oi...

Ela olhou para mim e um grande e longo silêncio reinou entre nós, mas felizmente tive resposta.

- Oi. Tudo bem? – Parou de arrumar a bolsa e olhou para mim.

- Fazia muito tempo que tento criar coragem para falar com você, mas... – dei uma pausa, mas continuei: - Eu não sabia como falar.

Eu esperei alguma palavra dela, mas ela ficou quieta esperando que eu continuasse. Então assim eu fiz:

- Estava pensando se podíamos ser amigos e... – ela conseguiu me interromper mesmo eu falando muito rápido.

- Você quer ser meu amigo?

- Si..im. Acho que que sim – Estava sem jeito evitando seu rosto.

- Tudo bem. Agora somos amigos – Ela sorriu e estendeu a mão em minha direção.

Imediatamente olhei para seus olhos e vi seus destes aparentes. Eu me impressionei, não por ela ter aceitado, e sim por ser tão fácil fazer uma amizade. Pude notar a diferença entre "colega" e "amigo". A minha nova amizade era uma colega, pelo menos por enquanto. Amigo é quem realmente amamos e levamos para o resto da vida. Spike não era meu amigo.

Eu apertei sua mão e antes que eu pudesse falar algo ouvimos alguém chamar do lado de fora o nome da Hillary.

- É o cara que me leva para casa. Tenho que ir agora – ela falava enquanto terminava de arrumar suas coisas e sorriu para mim.

Assenti com a cabeça sem falar nada e retribuí o sorriso a vendo sumir pela porta, me deixando sozinho na sala.

O que vou falar agora não foi um motivo do meu afastamento do Spike, mas é muito importante para a história:

Meses depois, a amizade de Hillary já tinha evoluído para amigo, eu já não me importava com Spike e até falava com o resto da sala. Jimmy, Kalel e Alex também tinham evoluído para amigos, e já tínhamos um grupinho, isso foi muito importante para mim. Hillary tinha uma amiga chamada Lari que também ficava junto com a gente, mas eu ainda não a considerava mais que uma colega, não a conhecia direito.

A Lari era muito tímida e muito fofa. Cabelos castanho claro, olhos da mesma cor, era tão branca que podia chamar de pálida, era gordinha e usava óculos, mas isso apenas reforçava o quão fofa ela era. Mesmo sendo tímida ela falava com as pessoas da sala, e ela tinha outra amiga além de Hillary, era uma menina que eu nunca havia notado. Essa menina era a mais quieta da sala, nunc a ouvir falar uma palavra, cheguei até a pensar que fosse muda.

Lari já havia comentado o nome dela no grupo, Mary, esse era seu nome. Tinha cabelos negros, vivia com um casaco cinza e usava óculos assim como a Lari, será que foi por esse assunto que elas viraram amigas? Se eu chegar falando sobre óculos, ela também viraria minha amiga? Como sempre muitas perguntas e nenhuma resposta ou ação.

Durantes muitos dias eu só a observava esperando alguma coragem florescer. A olhava porque era perceptível sua solidão, insegurança e talvez tristeza, sabia que Lari também percebia isso e talvez por isso que a Mary tentava aproximação.

Felizmente não foi eu que tive a iniciativa de falar com a Mary. No final do terceiro bimestre escolar Hillary foi falar com a Mary, sem pensar nem hesitar, eu fui atrás, mesmo não tendo nenhuma intenção de falar algo.

Não me recordo como foi a conversa que estava presenciando, mas depois dessa troca de palavras das duas a Mary se juntou ao grupo. Depois de algum tempo no grupo a Mary começou a falar mais com as pessoas da sala e ainda mais com a gente, virou até minha melhor amiga, agora ela parecia uma pessoa feliz, eu também estava feliz por ter ajudado alguém sair do buraco, o mesmo que eu havia saído. Todos precisamos de amizades de verdade.

Esse grupo começou a se chamar "Squad" e acho que todos os sete (Eu, Mary, Jimmy, Kalel, Alex, Hillary e Lari) nunca se esqueceram e nem esquecerão desse Squad.

**********

Eu – pronto! Acho que você já sabe o preciso pelomenos.

??? – Mas você desse que seria um resumo, já se foi a tarde inteira contando essas partes chatas.

Eu – eu disse que era uma história grande, e você quis escutar. E eu realmente fiz um resumo.

??? – Não pedi essa parte. Aonde começa o "forever alone"? – A pessoa fez aspas com os dedos saindo da cama e sentando em uma poltrona.

Eu – Começa agora! Se acomoda aí que vou continuar a contar – Peguei meu celular e comecei a gravar.

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⏰ Última atualização: Aug 02, 2018 ⏰

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