(Concluído) minha tortura meu vicio meu antídoto

Bónus Panelinha

Mano, sabe o que me da mó raiva?
Ser taxado de mau sem nem saberem minha história!
Ah, mas tu vende droga!
Beleza! Me diz aí quem me deu oportunidade de emprego?
Tu sabe quantos naos eu levei so por morar em favela caralho?
Os playba só eram meus "amiguinhos"  porque eu fornecia droga, caso contrario eu seria um rato para a sociedade burguesa.
Apenas uma mina me cativou.
Vi verdade em seus sentimentos,  quando dizia que se sentia amada, podepá?
Véio, ela tinha olhos tristes por causa de uma porra de familia, por causa de um MERDA de um pai que depois eu vim descobrir ser faxineiro.
Esse bagulho da morte aí ja foi destrinchada o suficiente morô?
Marianny é o problema?
Eu senti raiva dela por ter mentido pra mim o que nao justifica as surras, mas da pra mudar passado?  Da nao moleque!
O meu problema maior foi a puta da irmã dela empatar meu ganha pão. Ela me queria?
Era so vir a ate a comunidade tentar a sorte. Tinha fuzil, metralhadora e mais um par de brinquedo pra estourar a cabeça dela, so que ai a princesinha nao ia gostar e dessa vez nao ia ter ameaça que faria ela ficar por perto.
Eu tinha um plano. A parada tava mó certa, mas a cadela da Melanie antecipou o bagulho.

Era pra ser só um susto ta ligado?
Nao tive nada a ver com a parada do caminhão não , mas nao vou mentir , eu queria que ela morresse.
Nem consegui chegar no esconderijo e as lanterna dos gambe me cegaram.
Os moleque ainda tentaram trocar tiro com os homi,  eu so levantei minha arma e joguei longe.
Mariany, minha princesinha, me traiu.
E sabe o que e pior?
Nao consegui ter raiva dela não.
Eu sabia que tava errado podepa?
Sigo de camburao e o tempo atras das grades me fez pensar que o crime nao compensa.
Nenhuma visita, nenhum amigo.
De boa? So a comida parceiro.
No começo e ralação,  mas nem acho errado não.

Eu ja tinha avisado que se caísse na cadeia era pra deixar, mas os idiotas,  pau no cu, sem noção me inventa rebelião para me tirar de lá.
Nao mentir e falar que nao sinto falta de ver o sol nascer redondo de novo, mas assim nao maluco,  sair assim e dar tiro no próprio pe.
Um cara burro roubou uma camisa minha sabe-se la Deus onde e meus documentos. Policia meteu tiro e saiu como se eu tivesse morrido, mas ainda faço parte dos vivos.
7 anos.
7 anos foi minha pena.
Nao tinha nada no meu nome.
Nao acharam nada comigo.
Nao estava no flagrante.
A vitima nao se lembrava de nada.
Advogado conseguiu redução da pena por bom comportamento,  Mari nunca deu queixa das surras.
Sai e fui atras dela na clínica, so queria me redimir com ela, pedir perdão moro?
So que nao achei.
Disseram que ela havia se mudado pra Minas com o filho.
Filho!
Porra meu filho!
Nosso filho!
Tenho raiva de ninguém mais nao parceiro, agora sou homem de fé,  sem ligação com PCc ou caralho a quatro.
Um dia tava foda de aguentar a pressão, sentia falta do cigarro, da erva pra relaxar,  cela suja e fedida e eu ali tendo que manter a pose enquanto uns filho da puta da ala d me jurava de morte.
Baixinho, eu comigo mesmo começo a falar com Deus e então lembro das palavras da minha mãe.
-----É filho,  um pecador quando se arrepende Deus escuta, sabe por que? É mais facil um elefante passar no buraco da agulha do que um rico orgulhoso.
De repente ja nao tinha mais palavras,  apenas lágrimas silenciosas. Eu disse a Deus que se saisse dali preferia morrer de fome ao voltar pro crime.
Com muito esforço, descobri onde Mari estava e foi ainda mais difícil descolar grana honestamente para ir pra Pouso Alegre.
Vejo um bagulho sinistro no restaurante que consegui um bico e então vejo ela, Melanie.
Num primeiro pensamento eu queria me vingar e então,  do jeito que me ensinaram eu me pergunto:
-----  O que Jesus faria?
Eu sei que ele nao fugiria, mas mano sou de carne e osso beleza?
Fiz concurso pra prefeitura e passei.
Destilei tanto ódio quando deu errado que me ceguei para as coisas certas.
Dentre os endereços do Bolsa Família,  um chama minha atenção.
Bato na porta,  a mulher abre sorridente e ao me ver seu rosto e tomado por desespero e pavor e tenta fechar a porta, mas sou mais forte e impeço.
-----So quero falar contigo Princesinha.
-----Nao sou mais sua princesinha Panelinha.
-----Nem eu sou mais Panelinha,  so Ruan so . Eu vim pelo cadastro do Bolsa Família , tem que ir la pesar.
-----So isso?
-----Precisa ter medo não,  agora sou da paz, deixei o passado pra tras e vim pra tentar te achar.
-----Nao posso mais. Me deixa em paz.
-----So uma coisa firmeza? Quero te pedir perdão. Nao fui homem, fui monstro atropelando tua vida. Quero que seja feliz mesmo nao sendo comigo.
-----Mamae quem ta aí? ??
Escuto uma voz meio grossa meio fina vindo de dentro e Mari entra num desespero ainda maior.
----É um amigo Pedro.
O moleque abre a porta pegando na minha mao.
----Meu nome é Pedro.
-----Ruan.
O moleque arregala os olhos e começa a chorar.
-----Obrigado mamãe,  obrigado. .
O moleque se ajoelha abraçando a mãe.
-----Ele me perguntou o nome do pai, como achei que tava morto, disse que se chama Ruan.
-----Vaso ruim nao quebra ta ligado?  E quanto ao Pedro,  quero ser pai dele.
-----NAO confio em você Ruan.
-----Vamo fazer um acordo,  eu provo que mudei e voce aceita eu ser pai do Pedro? Eu nao mereço,  mas talvez ele sim. Agora estou trabalhando na prefeitura,  nao ganho muito, mas e o que sou.
-----Muito melhor que do ja foi então.
------Tenho que ir, tu ta linda nessas novas curvas princesinha.

Um sorriso escapa de seus lábios e reprimo a vontade de abraça-la.
Fazer direito agora caralho.
Agacho ate o moleque e prometo voltar.
De uma coisa eu sei maluco, vida de bandido? 
Nunca mais.