Eu não quero isso

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Cosima saiu da sala de Delphine sem se preocupar por qual rumo seguiria, entre um corredor e outro do bloco de ciências biológicas, mantinha a cabeça baixa enquanto caminhava. Em sua cabeça, milhares de pensamentos confusos. Então era ali que Delphine trabalhava, foi ali que a conheceu e se apaixonou, era o que a morena pensava enquanto seus passos a levavam para o final do corredor. Delphine trabalhava em meio a jovens atraentes e atrevidas. Talvez tivesse mais alunas como a ruiva que acabara de conhecer, aquela ideia não era nenhum pouco agradável e Cosima se deu conta de que poderia nomear o que estava sentindo: ciúmes.

Cosima sentia ciúmes, sentia seu peito palpitar quando Delphine estava perto e sabia que aquilo significava que estava gostando dela. Mesmo tendo ciência de seus sentimentos que começavam a aflorar, Cosima sentia um medo tão grande que a deixava cada vez mais distante todas as vezes que tentava se aproximar. Não conseguia encontrar o caminho certo para se sentir segura e se entregar aquele sentimento, tampouco conseguia entender os motivos que a levavam a se afastar cada vez mais. Mas uma coisa sabia, não queria ver Delphine nos braços de ninguém e ao pensar aquilo, percebeu que talvez não tivesse tomado a decisão certa ao sair brava da sala da loira e deixá-la sozinha com uma ninfeta atrevida e estupidamente bonita.

Cosima parou diante de uma porta, com uma plaquinha escrita coleção de vertebrados, conseguia sentir o cheiro dos bichos mortos mergulhados no formol mesmo com a porta fechada, não conseguia acreditar que ambientes como aquele um dia fez parte de seu universo, aquele cheiro desagradável não era nada familiar. Estava pronta para dar as costas a porta e seguir outro rumo quando alguém a abriu, do outro lado Cosima foi surpreendida com um sorriso largo e braços abertos, no outro segundo os mesmos braços a rodeavam em um abraço apertado e Cosima agradecia por já tê-lo visto depois que saiu do hospital. Vic fazia mestrado e ainda mantinha contato com Cosima e algumas pessoas de sua época na faculdade e do rpg, a visitou junto com Art e Scott na primeira semana depois que Cosima teve alta e os dois contaram algumas histórias e montaram fichas novas, para que voltassem a jogar.

一 Cosima! 一 disse Vic 一 Que bela surpresa, o que faz aqui?

一 Oi Vic... vim com Delphine 一 revirou os olhos para o amigo 一 acabei de deixá-la em sua sala junto com uma menina. 一 bufou e Vic deu uma gargalhada alta.

一 Algumas coisas não mudam.

一 Do que está falando Vic? 一 Cosima curvou a sobrancelha.

一 De você 一 disse ele tocando seus ombros, girou o relógio de pulso, há passava muito do meio da tarde 一 estava indo lanchar, me acompanha?

一 Claro.

Os dois caminharam devagar até chegar na área de convívio, Vic contou para Cosima que ela não ia muito com a cara de Gracie mesmo antes de perder a memória, na verdade Cosima não ia muito com a cara de nenhuma das alunas que Delphine orientava. Vic comprou seu lanche e os dois e se sentaram, o moreno apontava para as pessoas disfarçadamente e tentava contar para Cosima quem eram elas, algumas os cumprimentavam e Cosima perguntou quantas pessoas sabiam o que havia acontecido com ela.

一 É um curso com muitas mulheres 一 disse Vic após ouvir a pergunta de Cosima 一 as fofocas andam soltas pelos corredores, um dia cheguei aqui e disseram que você havia morrido no acidente.

一 Vic 一 Cosima deu um tapa em seu braço 一 homens são muito mais fofoqueiros que mulheres.

一 Sei 一 ele riu com a boca cheia de comida, desviou os olhos para a entrada da área de convivência e se ajeitou na cadeira apontando com a cabeça para a pessoa que vinha em direção aos dois 一 dona encrenca vem aí.

Cosima virou o pescoço e viu a moça sorridente ir em direção a mesa onde estavam, ela era loira e baixa, talvez um pouco mais baixa que Cosima, usava saltos muito altos para compensar a altura, estudava na mesma turma de mestrado de Vic.

Galaxy of women (cophine)Onde histórias criam vida. Descubra agora