Primeira Impressão

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▪Ola de novo :3
▪Mais um cap uuuhhuuu :V
▪Queria deixar uns avisos :'3
   1 — Essa flor que eu vou referir eu acho que não existe tá... (Quase certeza na vdd :V) ela pode n parecer mas tem alguma importância na historia e mais coisas iram ser descritas sobre ela tá amores :3
   2 — Bem gente... O pai do Midoriya é o Aizawa tá :v para quem n entender "Shota". "Shota" é o primeiro nome dele e eu vou usar os primeiros nomes dos personagens junto com o apelido "Midoriya" pq é o nome de família (foi uma escolha que tive de fazer :'3)
  3 — O Katsuki vai ser um pouco mauzinho no inicio, mas vai levar umas chinelas para acentar por isso n se preocupem xd

▪Mto bem... Podem seguir com a leitura ;v
▪Desculpem o título podre, sou uma merda com isso ;-;
▪N° de palavras: 3521 (se n me engano)
▪desculpem qualquer erro :'3 bye~

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Primeira Impressão

Os raios quentes e brilhantes penetravam o vidro da enorme janela do gigantesco quarto, que com certeza poderia ser apelidado por “exagerado” quando se dizia que apenas servia para uma única pessoa. As cortinas estavam presas por um cordel dando passagem para raios amarelados adentrarem livremente no cómodo e formar um singelo arco-íris nos azulejos brancos do chão.

Na enorme cama de casal descansavam alguns cobertores de tonalidades claras, todos embrenhados uns nos outros sem qualquer coerência. Neles, ainda permanecia o cheiro e o calor de quem, a alguns minutos atrás, descansava o corpo num embalar de sonhos e estrelas. No entanto, agora estavam abandonados, à mercê dos raios quentes do sol brilhante.

Midoriya Izuku, dono daquele cómodo, alisava docemente as pétalas da flor que protegia e cuidava desde quando se conhecia como “gente”. As sessenta e quatro folhas da planta eram lisas e bem cuidadas possuindo pequenos fios brancas na periferia de cada uma. O jovem ómega fazia questão das contar todos os anos com a esperança de contabilizar mais alguma do que as tradicionais quatro que cresciam todos os anos. Todas elas tinham um aspeto viçoso embora o clima não fosse o indicado para a amada planta.

O garoto de sardas cuidava-a como se fosse o seu tesouro. Na verdade, era o tesouro de qualquer ómega que ainda não tivesse chegado ao patamar de “adulto”. A planta fazia parte das tradições do reino Shiawasus. Uma tradição que Izuku achava muito bonita e algo para preservar.

Toda a vez que um ómega nascia, sua família semeava uma daquelas flores e cuidava dela até aos seus 10 anos, a partir daí seria o ómega a cuidar dela. Isto porque, aquela flor tinha uma característica peculiar. As suas flores apenas brotava quando a planta completava os seus 16 anos. Coincidindo com o aparecimento do cio nos ómegas. Época em que o corpo de um ómega estava pronto para iniciar a sua vida sexual e se tornava um “adulto” de verdade. Midoriya perguntava-se milhares de vezes quando seu dia iria chegar. Estava demasiado ansioso para se tornar “adulto” e poder dar crianças para a pessoa que amasse no futuro. Construir uma família e ser feliz. Algo que sempre ambicionou. Na verdade, era comum qualquer ómega ter esse pensamento. A natalidade estava enraizada tanto nos seus corpos como nas suas mentes, por isso, para si, seria maravilhoso e motivo de orgulho desenvolver um futuro herdeiro para o seu reino.

Dedicara-se de corpo e alma aquela planta e queria vê-la florescer rapidamente e com a flor principal – a maior flor que ela dava na sua vida toda – com uma cor rosa vibrante. Na sua cultura, quanto mais viva e menos desbotada fosse a cor da flor, mais fértil seria o ómega. Muitos estrangeiros achavam essa prática um tanto inútil, no entanto, tinha uma razão. A planta era originaria de terras muito areis e gostava de bastante calor. Características contrárias aos terrenos férteis e cheios de água de Shiawasus. Por causa disso, era difícil manter a planta saudável e tornar a cor da flor muito forte. Algo que se conseguia apenas com muita paciência e cuidado. Graças a isso, cuidar da planta tornou-se uma forma de testar e ensinar os ómegas a tornarem-se responsáveis e cuidadosos com seres vivos mais frágeis, que neste caso eram as futuras crianças, desenvolvendo o seu lado maternal e paternal. Era uma forma de mostrar que seriam ótimos pais e mães a que o reino poderia confiar uma geração forte e vigorosa. Para além disso, as 64 flores que ela daria nos seus próximos anos de vida, ajudavam o ómega a suprimir um pouco os sintomas dos seus futuros cios.
Era comum em nobres e na família real, realizar festas quando o ómega se tornava um adulto. Era costume exibir a planta com a flor principal – que era espectável ser bastante viçosa e de coloração chamativa – florida junto com todas as outras 64 flores nessa festa.
Tal tradição estava tão enraizada na cultura e mente de alguns dos aldeões que a cor da flor quase que gerava uma certa dependência na hora de dizer se o ómega era fértil ou não. Se teria muitas crianças ou não. Ou se seria um bom progenitor ou não. Isso de alguma forma, gerava alguma pressão sobre os ómegas. Mesmo que nada disso tivesse uma ligação direta, era apenas um símbolo. Um símbolo fruto de uma linda história de amor.

Midoriya mal podia esperar para tudo isso acontecer.

Suspirou calmamente e espreguiçou-se afastando esses sonhos que um dia iria realizar. Tinha combinado com Tsuyu, sua irmã mais nova, ir nadar com ela no seu “sitio especial” que ambos tinham encontrado quando eram mais novos. Não só eles mas também a irmã do meio Ochako. Ambas eram betas, no entanto a sua mãe, Midoriya Inko, já estava grávida de novo e esperava gémeos. Midoriya Shota, um rei alfa e pai de Midoriya, suspeitava que pelo menos um dos bebés fosse alfa. Não era apenas ele que tinha tais suspeitas, mas também os médicos reais e a própria ómega. Sua barriga já era bastante visível com cinco meses de gestação feitos. Como era uma ómega, a sua gravidez era menos dolorosa e demorava apenas metade do tempo que uma beta normal, por isso podia dizer que em breve iria ser mãe por uma quarta vez. O rei parecia um pai babado cuidando da rainha como se fosse a coisa mais frágil do mundo. Uma posição oposta à sua personalidade habitual.

Arrumou a sua cama e vestiu a roupa mais comum e menos chamativa que encontrar no seu armário. Uma camisa branca, calças pretas e largas e botas de couro que iam até metade da canela. Algo bem comum para não chamar muito a atenção. Ajeitou o seu cabelo e colocou uma pequena malinha ao ombro com algum dinheiro e uma peça de roupa intima extra – para trocar depois de se banhar. Saiu do quarto e foi em direção da cozinha do palácio.
Já estava muito atrasado para o encontro e já conseguia sentir o descontentamento da mais nova à distância – ou pelo menos a sua imaginação já lho mostrava. Fazia mais ou menos uma hora que a garota o tinha ido acordar, mas o sardento acabou por adormecer. Poderia apostar o seu pequeno almoço que a irmã nem se dera ao trabalho de esperar por ele e tinha ido sozinha. Fez um bico por ter sido deixado de lado.
. . .
Mal chegou à enorme cozinha do castelo, foi recebido com vários sorrisos e “Bom dia menino Izuku” das várias empregadas que perambulavam por lá. Grande parte dos empregados o tratavam pelo nome em vez do sobrenome, pois Izuku nunca gostou muito de formalidades. Para além disso, era comum ajudar a senhora Mitsui – a chefe de todos os empregados do palácio e dona dos olhos mais azuis que já vira – em alguns afazeres pelo castelo e fora dele. Por isso, acabava por ganhar alguma intimidade e simpatia por parte de alguns trabalhadores no palácio. Afinal, tinha que fazer alguma coisa para não ficar no tédio, sem referir que, isso sempre aumentava os seus conhecimentos, habilidades e afinidades com, não só, pessoas do castelo como também moradores da cidade.

Izuku sempre foi bastante gentil e prestável com todos, por isso, quase todos tinham um grande carinho por ele. Poderia ser levado como alguém ingénua que fazia das tripas coração, no entanto, isso era mais uma qualidade do que um defeito que herdara da sua amável mãe. O que poderia fazer?! Sua educação tinha sido essa. Se ele tinha porque não poderia partilhar um pouco?!
Tirou dois pães e saboreou um enquanto carregava o outro na mão. Despediu-se de todos os empregados que ali estavam e foi-se embora direto aos portões do castelo.

Era incomum terem os portões abertos, a menos que estivessem esperando alguém importante ou fazendo alguma festa real.

No momento acontecia algo parecido. Um rei da nação Moerus, à pouco tempo coroado, tinha exigido uma audiência com o rei Shiawa para discutir algo que denominava como “importante”. Midoriya não conseguia entender o que seria “importante”. Os outros reinos não pareciam ter qualquer interesse no dele e o esverdeado sabia bem os apelidos “amigáveis” que lhes eram postos. Contudo, também sabia dos boatos que circulavam sobre a vida nos outros reinos, e se fosse como ouvira preferia fazer parte dos “miseráveis” do que dos “poderosos”. A única coisa que sabia do tal reino era que tinha uma grande força militar, a maior das cinco nações para ser mais exato. Por isso Midoriya perguntava-se ainda mais o que o reino vizinho teria a tratar de tão urgente com o seu.

O seu pai não lhe tinha dado muitas informações, na verdade nunca dava sobre nada ligado a assuntos políticos ou coisas relacionadas. Porém, fê-lo prometer que se mantivesse afastado do castelo pelo menos neste dia. O garoto não entendeu o porquê, mas logo o pai argumentou dizendo que o povo Moerus tinha alguma aversão a ómegas e ele poderia ser motivo de descontentamento por parte dos outros. Izuku achou aquilo ofensivo. Primeiramente eram eles que estavam de visita. O mínimo era aceitar as normas impostas pelo seu reino. No entanto nem tentou discutir sobre e aceitou tal pedido quando a sua irmã lhe propôs ir nadar.

Por sorte, a caminho para o sitio secreto passava pelo meio da cidade e perto de uma pastelaria. Izuku iria comprar os famosos Mil Folhas que a garota tanto amava para compensar o seu atraso.
Apressou o passo para não demorar mais que o necessário. Ao longo do caminho recebia alguns cumprimentos de cidadãos que eram respondidos da mesma forma com um sorriso simpático no esverdeado. Mal avistou a pequena lojinha se alegrou. Adentrou pelo local fazendo o pequeno sininho da porta ressoar pelo cómodo chamando a atenção do senhor pasteleiro que lhe lançou um sorriso sereno.

– Bom dia, príncipe Midoriya. – sorrio para o sardento. O local que vendia vários exemplos da doçaria popular estava ainda vazio. Era comum ter mais clientela para o final do dia por isso era um bom horário para visitar a loja e bater um papo.

– Bom dia Mahiru-san. – sorrio para o vendedor direcionando-se até ao balcão. – Eram seis do costume para levar.

O atendedor riu com a quantidade exagerada dos bolos indo pegar a caixinha de cartão para o pedido: – Vocês três nunca vão tomar jeito.

– Não tem como ignorar os seus bolos maravilhosos, Mahiru-san. Não nos culpe por isso. – fez um bico.

– Ahaha, vou levar isso como um elogio. – disse colocando a caixa de cartão na bancada de atendimento com os bolinhos dentro. – Como de costume, seis moedas de prata. – sorri.

– Mas é um elogio mesmo. – diz colocando o dinheiro na bancada e pegando a caixa.

O vendedor apoia o cotovelo na bancada e deposita o seu queixo na mão. Com a mão livre, começa a brincar com as moedinhas de prata enquanto tem a sua atenção retida ali. Como se estivesse apreensivo para dizer algo. Midoriya não sabia o quê, mas observou-o por uns segundos à espera de algo. Na realidade, o homem não tinha algo de muito importante ocupando-lhe a cabeça para lhe dizer no momento. No entanto, queria um pouco de companhia naquela lojinha tão comum e simples.

– Estou ansioso para ver a tua flor Midoriya. – disse puxando assunto com o esverdeado que ficou entusiasmado com o interesse do outro. – Com certeza ela será muito bonita. – disse esboçando um sorriso que transmitia serenidade enquanto observava a moeda de prata ser revirada por entre os seus dedos.

– Eu também estou ansioso por isso. – concorda com o outro.

– Quero que saibas que sempre te querei bem. – disse calmamente. – Parece que ainda foi ontem que a rainha te trouxe aqui pela primeira vez e tu derrubaste o potinho das balinhas. – riu a nasalado transmitindo uma sensação relaxante de nostalgia ao esverdeado. – Ainda consigo ver a tua carinha de choro quando viste todos os cacos partidos no chão. – disse também nostálgico. – Ficaste tão preocupado que eu tivesse ficado zangado que te ofereceste para me ajudar na loja nos dias seguintes. – fez uma pequena pausa sorrindo sem tirar os olhos das moedas. – Aqueles dias aqueceram o meu coração já velho e cansado durante muito tempo…. Por isso eu quero ver-te crescer e transformares-te num adulto e talvez, num futuro rei maravilhoso, junto com um parceiro que te faça muito feliz. – diz balançando as suas pupilas pela primeira vez na direção do esverdeado. – Para que um dia eu possa gabar-me de ter tido um rei tão incrível trabalhando na minha humilde loja.

Izuku não deixou de rir com aquele discurso. Fazia-o muito feliz saber que o beta já no fim da sua vida achava isso de si. Isso com certeza aquecia-lhe o coração.

– Pode deixar Mahiru-san. Irei dar o meu melhor para todos. – sorriu para o senhor que tinha o cansaço impregnado nas suas olheiras e um sorriso estampado nas rugas.

– Espero bem. – diz concordando. – Manda cumprimentos meus para as suas irmãs.

O esverdeado assente abrindo a porta da loja fazendo o sininho tocar de novo.

– Eu mando. – diz por fim colocando um pé para fora da loja, mas algo impede de colocar o outro. O tempo pareceu parar por alguns segundos e aquele sentimento relaxante de à pouco desfez-se em fumaça, como se nunca tivesse existido. Um sentimento estranho ocupou o seu lugar de uma forma intensa. Algo que ele nunca tinha sentido naquela escala tão exuberante. Era medo?! Não, claro que não podia ser. Ter receio do quê afinal? Intimidação?! Mas porque razão?! Submissão?! Isso era uma palavra que passou pela sua cabeça, mas que achou completamente estúpida e sem lógica.

Era algo inexplicável que o impedia de continuar. Sua boca ficou seca em questão de segundos e suas pernas começaram a tremer. A única coisa que queria era encolher-se num canto e ficar sozinho até que aquele mal estar estranho passasse. Contudo, ele não dava indícios de passar, era como se piorasse a cada milésimo de segundo que passava. Abriu mais os olhos e trincou com força o seu lábio inferior tentando controlar os seus tremores que só pioravam.

O vendedor nutou a hesitação do rapaz e achou aquilo muito estranho.

– Oie menino Midoriya. – chamou, mas não obteve resposta. Levantou uma das sobrancelhas intrigado. Guardou as moedas de prata de baixo do balcão e direcionou-se ao garoto. – Tudo bem? – perguntou antes de colocar a mão no ombro alheio e reparar no pequeno corpo tremendo. Arregalou os olhos com aquilo. Estaria a criança entrando no seu primeiro cio naquele momento?! – Midoriya! – chamou-o alto e balançou-o fazendo a caixa dos bolos cair no chão. – Responde, por favor. O que é que está a acontecer?! – diz alto e preocupado.

Izuku simplesmente não conseguia falar nem se mexer muito bem. Apenas conseguiu abanar a cabeça em forma de negação. Algo demasiado breve e lento para se considerar “normal”. O vendedor ficou desesperado sem saber o que fazer. O corpo do menor apenas tremia e a sua face transmitia um medo que poderia ser apalpado com as suas próprias mãos já enrugadas pela velhice.

Foi então que sons de cascos de cinco cavalos atravessando a rua lhe chamaram a atenção. A presença avassaladora e poderosa vinda do mesmo grupo não passou despercebida nem aos singelos sentidos de um simples beta já velho. Certamente, essa presença apenas poderia pertencer a um dos três subgéneros. Um alfa. Que pelo que observava e sentia com certeza deveria ser muito poderoso. Nem queria imaginar como se devia sentir o pobre ómega que tremia à sua frente enquanto encarava os cinco homens adultos montados nos cavalos.

Quem seria o bastardo louco que tinha ativado a sua presença daquela forma?! Não teria consideração por aqueles que o rodeavam?!

Junto com aquela presença, começaram a aparecer outras igualmente agressivas vindo de alguns dos cidadãos que se sentiam ameaçados pela presença do alfa.

– Me…Medo… – ouviu o jovem ómega sussurrar do seu lado enquanto tremia e apertava o seu corpo nos seus braços. – E..eu que…ro sair da…daqui. – sussurrava com a voz tremula. O pobre beta não sabia o que fazer. Não poderia simplesmente gritar para o alfa que parasse certo?!

Aos poucos os cavalos aproximavam-se da loja e o beta pode finalmente perceber de quem vinha aquela aura aterradora. De um loiro de cabelos espetados que ainda parecia ser jovem. Com ele vinham mais quatro homens que pareciam pertencer a alguma guarda real. O rapaz sobressaia não só pela sua presença – que nem sequer parecia se esforçar para controlar – e as suas vestes que pareciam mais luxuosas e chamativas possuindo uma enorme capa vermelha. O pasteleiro tinha ouvido o boato da visita de um rei estrangeiro à capital, mas não achava que a chegada deste fosse algo assim. Parecia que se queria instalar na cidade como um inimigo com aquela aura agressiva.

Quando passou pela loja de doçarias puxo as rédeas do cavalo branco e fê-lo parar. Os seus olhos escarlate foram de encontro às esmeraldas que se encontravam aterrorizadas e húmidas. Seu olhar penetrante intensificou-se junto com as suas hormonas de alfa dominante. Algo que passou despercebido aos sentidos do homem já idoso mas não aos de Izuku que ficou ainda mais nervoso. O loiro percebera então o subgénero da “criança” diante de si, um ómega. Não conseguiu conter a formação de um pequeno sorriso vitorioso e arrogante. Como uma criança andava assim tão facilmente na rua sem nem sequer possuir uma coleira?! Ou uma marca?! Ou até mesmo um alfa, em vez de um beta já “caquético”. Como seria um alvo tão fácil para si ou qualquer outro alfa…

O pasteleiro não entendeu o porquê do sorriso. No seu interior ele só queria que o homem se fosse embora o mais rápido possível para deixar o seu amigo em paz. Ia para abrir a boca para pedir pacificamente que suprimisse um pouco a sua presença, porém, é surpreendido por um estrondo do seu lado. Quando olhou para o lugar de onde veio o som, apenas conseguiu ver um garoto de cabelos verdes caído de joelhos no chão tremendo enquanto escondia a cabeça e a nuca entre suas mãos.

A única coisa que conseguiu fazer foi ir de encontro ao amigo preocupado para tentar ajuda-lo. Não que o ajudasse verdadeiramente, mas pelo menos estava ali e não iria deixar nada acontecer com o príncipe do seu reino. Nem ele, nem o povo que estava pela praça sentindo-se ameaçado pelo alfa. 
O loiro não se incomodou com os olhares de escárnio que recebia mais intensificados depois do que acontecera. Deu um breve riso anasalado e deu uma pequena batida com a bota no cavalo para ele começar a andar seguindo caminho pela estrada que dava ao palácio real.

À medida que eles se afastavam, os alfas por ali à volta acalmavam também as suas presenças e hormonas territoriais. Isso era incomum de acontecer por ali e o velhote ficou muito preocupado com toda aquela tensão criada. Algumas pessoas olhavam de longe; algumas curiosas e outras preocupadas com o bem estar do príncipe.

O garoto tinha a respiração descompensada e apertava fortemente a camisa no seu peito. Sentia os seus olhos húmidos, mas por incrível que parecesse as lágrimas não saiam. Seu corpo ainda tremia um pouco, contudo, agora já sentia uma pequena calma a instalar-se. Aquela era uma sensação tão aflitiva que nunca mais queria passar por aquilo de novo. Era como se lhe estivessem a apertar o peito e o ar lhe faltasse nos pulmões.
Não conseguiu controlar o pensamento de que os seus antepassados poderiam ter passado por tudo aquilo milhares vezes quando ainda eram inferiorizados e humilhados por alfas egoístas. Encolheu-se ainda mais com tal pensamento. Nunca tinha pensado na dadiva que seu povo lhe dava por ser respeitado como era. Afinal… Eram todos humanos, feitos de carne e osso, porque alfas teriam que ser os escolhidos para o cargo de “superiores”?! Isso era o pensamento de alguém a que fora ensinado os conceitos de “igualdade” e “respeito”. Contudo, vendo agora a temível diferença de dominância, Izuku poderia ver um pouco as suas fragilidades bem mais acentuadas. Nunca tinha dado a verdadeira importância ao respeito que apenas o seu povo proporcionava. Por momentos sentiu-se sortudo por ser um Shiawa. Porém, viu-se perguntando se aquele alfa estava habituada a tratar outros ómegas assim… com aquela agressividade e arrogância. Seria assim tão comum esse tipo de tratamento nos outros reinos?!

As perguntas encheram-lhe a cabeça junto com preocupação e pena pelos ómegas estrangeiros.
E então algo lhe assombrou os pensamentos e o corpo. Aquele medo de novo, mas agora mais brando. O medo de tudo não passar de uma pequena ilusão e todo o seu reino regressar ao seu ponto de partida.

O sentimento de alguém que presenciara momentos que pensara apenas existirem na memória do tempo para o seu povo.

Aquele sentimento de nunca ter evoluído realmente…

Entre Reinos [KatsuDeku]Onde histórias criam vida. Descubra agora