_ Está tudo certo?_ a voz rouca de Johann era transmitida pela linha telefônica.
_ Exatamente como pediu._ o advogado respondia pelo outro lado da linha.
_ E agora? _ sua voz saiu arrastada. Por que diabos seu advogado havia o ligado às três da madrugada!?
_ Só precisa de sua assinatura por hora, depois disso a guarda é sua.
Internamente Johann ria, por que diabos Bougie - o advogado - usava palavras tão formais para a adoção de um animal?
Tudo isso acontecia porque há alguns dias, Johann acordou em sua casa com o grito de algumas crianças da rua, e todas estavam lá, no seu quintal, olhando algo pregado em uma árvore, e, logo após expulsar as "pobres criaturinhas", percebeu o que elas tanto olhavam.
Um pequeno "panfleto" escrito a mão com os seguintes dizeres:
"Adotasse pequeno ser de dezessete anos : Lunia. Não suja muito e come pouco. Pelos castanhos e olhos verdes.
Caso o interesse contate o número abaixo
XXXXX-XXXX "_ Mas que porra...? _ foi tudo que se perguntou naquele momento, o indi- víduo que pregara aquilo definitiva- mente não era da área. Qualquer um da rua sabia que o ranzinza Johann odiava animais. E quando estava prestes a rasgar o "bilhete" em mãos, uma ideia surgiu em sua mente.
"Com dezessete anos ele não deve viver mais que alguns meses, talvez o dono só não tenha coragem de ver seu 'bicho' morrer." pensava.
Enfim o plano perfeito, sem nenhuma falha.
Acontece que, sua mãe vinha-o precionando para que saisse mais de casa, e segundo ela ele estava muito sozinho, e como não era bobo nem nada, sabia que tudo aquilo era só uma desculpa para que arranjasse uma namorada.
" Quem sabe agora ela pare com aquela desculpinha imbecil e me confronte cara-a-cara " concluiu por fim.
Fazia três semanas que tinha achado o "anúncio", e como sempre, deixara tudo nas mãos competentes de seu fiel advogado.
_ E quando posso levar pra casa? - sem rodeios perguntou.
_ Pelo que me lembro, amanhã mesmo, quando assinar os documentos.
_ Finalmente acabou tudo isso... - disse desligando o aparelho e novamente se deitando.
°°°°°
_ Não acredito que você fez isso! - a jovem exclamava com a amiga no escuro.
_ Foi a única coisa que eu consegui pensar Koue, mas eu nunca pensei que fosse acontecer tão rápido...- dizia Lunia animada, porque, enfim seria adotada.
_ 'Cê sabe que isso é meio que... crime!- e de supetão Koue percebeu o que a amiga tinha feito. - CARALHO!
_ Shiiii - Uma garota qualquer no quarto disse, ambas - Lunia e Koue - estavam quebrando o "toque de recolher" do orfanato, no enorme salão -que chamavam de quarto- onde se encontravam haviam muitas camas e...só.
_ Que isso! Não exagera mulé!- disse dando um tapinha no braço da amiga.
_ Mas isso é tipo...Golpe! Você pode ser presa Nia!
_ Você 'tá é viajando! A pessoa que me adotou sabe da verdade, a velhota deve ter dito quando ele contatou o número.
_ Mas é se for tipo... Um tarado?
_ Foda-se! Eu já não te disse meu plano pra você umas mil vezes?!
_ Já... é só que... toma cuidado lá, ok? - se dirigiu a ela pegando em suas mãos.
_ Tudo bem... - respondeu revirando os olhos.
_ Te amo.
_ TambémE ambas foram dormir.
°°°°°°
As horas se passavam e o tal " bicho" não aparecia, Johann que já acordara atrasado ficava cada vez mais.
Estava quase desistindo e indo embora, quando em um determinado momento uma jovem saia do local onde pegaria seu animal.
Já impaciente ele andou até a garota que olhava para todos os lados.
_ Bom dia! - disse surpreendendo a garota que pulou de supetão.
_ É-é-é v-você? - Johann nada disse, só pegou o panfleto e mostrou a ela, e na cabeça dele, ela era a dona do ani- mal.
_ Acho que sim... - disse indiferente, mas internamente estava um pouco abalado, a garota - que aparentava ter uns dezenove anos - era realmente linda, mas nada tão explendido, o pequeno alarde que teve, foi devido a semelhança da jovem com Karina - sua falecida esposa -
E antes da menina dizer algo, foi interrompida por uma mulher de meia idade, que aparentemente era a verdadeira dona do animal.
°°°°°
_ Eu adotei o que!?- Gritou na cara diretora.
_ O senhor não sabia? - Ofegou - sinceramente eu não estou para argumentar hoje, mas senhor, você já assinou o certificado, agora ela é sua responsabilidade.
_ Mas...
_ Senhor vou ser franca com você - pausou - aquela menina é esperta, e não sei se sabe, mas ela precisava ser adotada por alguém antes de fazer dezoito e-
_ Por que? - a interrompeu.
_ Parece que ela tinha um parente vivo, e o testamento dos pais era antigo, antes dela nascer, por isso ela não está inclusa e-
_ Por favor vá direto ao ponto. - voltou a interrompe-la.
_ Basicamente, nós fizemos um acordo com o tio dela que era o único parente vivo, e concordamos que a herança só viria para ela caso fosse colocada sobre a guarda de alguém.
_ E então a pirralha desesperada pregou um anúncio enganativo. - riu sem humor. - e agora? O que faço?
_ Bom, o mais sensato seria esperar ela completar dezoito anos, tenho certeza de que ela mesma irá se mudar depois disso.
_ Mas e ai? Eu vivo com ela até isso? .
_ É o mais sensato.
E de supetão o homem se pôs a rir, de uma maneira tão inconveniente que chegava a ser cômico.
_ Poxa Deus, como você é injusto. - Sussurou de modo que era o único a ouvir naquele recinto
Srta.
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( Próximo capítulo: 02/07 )
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O Homem Que Não Sabia Mentir
RomanceTudo que Lunia mais queria era ver seus pais mais uma vez, afinal ela tinha apenas 14 anos, quando eles vieram a falecer, e, sem nenhum parente no mundo, o único lugar para qual poderia ir era um orfanato. Tudo que Johann Astor mais queria e...