Sai sem rumo, não sabendo exatamente o que procurar, muito menos para onde ir. Não enxergava nada ao meu redor, cego de raiva, só queria algo para bater, esmurrar. Algo como o rosto da Caren.
As árvores do bosque não dificultavam meu caminho, cansei de correr por cada pedacinho desse lugar, desde que era apenas um garoto. Subia nas árvores mais altas, descobria cada centímetro de terra que cobre esse chão, e sempre voltava com um machucado diferente para Átila curar. Ele sempre cuidava de tudo... Mas agora é diferente, os tempos mudaram, as coisas pioraram e minha inocência ficou para trás, com aquele menino franzino que um dia eu fui. A única coisa que tenho dele são os cachos e olhos castanhos escuros. Pois tudo mudou. Agora sou um homem adulto, com responsabilidades estranhas em comparação com outras pessoas. Minhas cicatrizes dizem isso. Mas me orgulho delas, cada uma conta uma história diferente, mas que se unem. A minha.
A única coisa que posso afirmar com certeza, é que não sou o mesmo de antes. Na verdade, não sou o mesmo de meia hora atras.
Andei até sair do bosque e finalmente consigo enxergar o céu. E ele está cinzento, o tempo está frio, estranho e não tem pessoas na rua. A essa hora da manhã?
Continuo andando, em alerta, alguma coisa está errada. Ouço ruídos, e eles vem de todos os lugares... Só trouxe o punhal, e se for o que estou pensando, não ajudará em muita coisa.
Mas é claro... Chama eterna. Preciso da espada de chama eterna. Faz tempo que não vejo um deles e o pior é que não tenho como arrumar uma dessas agora,
tento pensar em algo, mas não há nada que mate o desgraçado.
E então tudo fica escuro. Gelado. Mas não silencioso... Os sons continuam, cada vez mais e mais alto, e não posso identificar de onde vem, Talvez de dentro da minha cabeça? Esse som maldito precisa parar. Precisa cessar. Não tenho o controle das minhas vontades, mas tenho o punhal, eu posso fazer parar. Posso acabar com isso de uma vez.Estava paralisado, olhando fixamente para o que me tiraria daquela angustia, eu não consigo mais me conter. Os sons... os sons são insuportáveis, e parecem vir diretamente do meu crânio. Não aguento mais, vou abrir minha cabeça e arrancar aqueles malditos sons de dentro dela. Impulsionado por uma força além de mim, quase acabo com a minha própria vida, mas parei no meio do caminho, quando finalmente o silêncio chegou e uma luz laranja brilhou bem na minha frente. Ardia como fogo... Como... Como chamas eternas!