Não demorou muito para Luna aparecer, diferente do esperado de quem sai para se acalmar, ela parecia mais nervosa do que antes, entrou em seu quarto arreganhando a porta e se pôs a procurar algo nos armários, revirava as gavetas sem a mínima delicadeza, tão focada em seu objetivo que nem percebeu a presença de sua acompanhante, até que esta lhe chamou a atenção com um poderoso brado.
-Posso saber onde a senhorita estava? -Aquilo soou mais maternal do que ambas gostariam.
-Elizabeth! Eu...Não tinha te visto aí.
-Irei perguntar novamente; onde estava?
Para a nobre, aquilo foi o estopim, sua última gota de paciência se extinguira junto com o senso de sua criada.
-Não lhe devo satisfações, você é minha subordinada, aja como tal.
Aquilo atingiu Liza como uma facada, não era uma moça fácil de magoar-se, mas quando amamos alguém nos tornamos suscetíveis aos seus ataques.
-E para o seu bem...
A princesa disse enquanto agarrava com as duas mãos uma caixa de madeira, os olhos brilhantes encarando-o, levantou-se como se segurasse um explosivo.
-Você, por enquanto, vai fingir que não me viu aqui, entendido?
-Entendido.
-Agora saia, por favor...
Liza já distanciava-se com a caminhada pesada, seu nariz mirava o piso quando ouviu Luna voltar a falar.
-Espera, alguém tem acesso ao seu quarto além de você?
-A faxineira limpa-o de manhã, por que?
-Ouça com atenção, você é a única em quem confio no momento, eu preciso que guarde com sua vida este porta-joias, não deixe ninguém vê-lo, dispense todos que se aproximarem, está me entendendo?
-Claro, claro!
Estava confusa, mas servia cegamente aos irmãos Giovanni, faria qualquer coisa que eles pedissem.
Algo se contorcia em seu âmago, Luna corria algum tipo de perigo? Não sabia, mas tinha certeza de que o assunto era sério, temia que a garota de sangue azul não tivesse exagerado ao mandá-la guardar aquele estranho objeto com sua própria vida. Queria interrogar a amiga, mas do modo que a conhecia, previa que nada escaparia de seus lábios.
-Quer saber o que está ocorrendo, não é? -Luna adivinhou com precisão os pensamentos de sua dama de companhia.
-Por favor, só um pedaço...
-Bem, talvez envolva um nobre de certo reino vizinho...
O rosto de Liza deixou nítido seus pensamentos, até o menos empático dos homens poderia saber o que ela estava sentindo, em sua testa estava escrito: Sério, tanto preocupação para isso? Um romancezinho?
-Digamos que ele tenha me mandado algumas cartas e...
-Você quer que eu guarde-as? – Um tom debochado acompanhava a frase
-Exato, ninguém pode ver, ele é um nobre de toga.
-Um burguês!?
-Sim, eu sei, a nobreza de toga é muito mal vista mas...
-Mal vista? Eles são odiados! São pessoas comuns, como eu, sem nenhum laço de sangue com famílias nobres, eles apenas são ricos o bastante para comprar um título.
-Ele me trata tão bem, sempre tão doce...
-Você ouviu o que eu falei?
-Ele vai no Danza della Pace!
Eliza estava sendo, definitivamente, ignorada com força total, resolveu desistir de dar lições de moral, logo notou que “a princesa rebelde” era, não atoa, uma alcunha usada por Pietro constantemente.
-Deus, você deve estar linda para ir lá! Vamos passar imediatamente no bendito ateliê.
Liza também tinha sua alcunha, especialmente dada pelo amigo, “a lábia de serpente” sabia como unir o útil ou agradável, agora que conhecia o ponto fraco da princesa, iria abusar dele para conseguir segurar a mesma em seu campo de visão, além disso, poderia falar com o costureiro sem maiores preocupações.
Depois de tanto suspense, notou que a Giovanni não corria perigo nenhum.
Ao menos era o que ela pensava.
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Quem será esse nobre? Talvez ele apareça nos próximos capítulos, talvez não...Bem, vão ter que descobrir hehe sz
E essas cartas? O que acontece se elas forem expostas ao reino? A nobreza de toga era composta por burgueses ricos que compravam títulos, eles não tinham sangue azul, por isso eram os mais odiados pelo resto da nobreza.
A história está começando a ficar apimentada, continuem lendo para descobrir mais, amo vocês, até a próxima.
* Capítulo postado dia: 23/06/2018 às 17:16 (horário de Brasília)
* Plágio é crime
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Atenciosamente, Elizabeth: O trono de nenúfar (Livro Pausado)
Ficción históricaElizabeth Sartori, uma jovem de origem humilde, foi enviada ao castelo da família Giovani após a morte de seu pai, um dos maiores guerreiros da corte.Ela acaba assumindo o cargo de dama de companhia real, se tornando o braço direito da princesa, e...