[s/n] pediu para que Brad desacelerasse um pouco o carro no caminho. O ar frio da manhã não a impediu de abrir um pouco o vidro de janela e observar mais de perto a cidade. A mesma sensação de que já havia estado ali antes permanecia. E foi assim, como um cachorrinho pendurado no parapeito, que eles atravessaram alguns bairros até o seu destino. Um bonito e simples sobrado de outra rua residencial com nome de um dos estados americanos.
- Essa é a Connecticut. Aparentemente, os californianos não tem muita criatividade para nomes. - comentou Brad, enquanto saia do carro para dar a volta e abrir a porta do carona para [s/ss].
- E o que exatamente estamos fazendo aqui? - a garota aceitou a mão que Simpson a estendia para ajudá-la a saltar do veículo e sorriu. Já fora, espanou o casaquinho e estendeu um pouco as mangas até o meio das palmas com o vento frio que os atravessou.
- Vamos ver a minha mãe.
Imediatamente, a moça de cabelos amendoados e olhos claros, como os de Brad, da fotografia da noite passada, veio a sua mente. [s/n] imaginou quais teriam sido as marcas da idade em um rosto tão bonito, se seria reconhecida pela Senhora Simpson, se teria suas maiores dúvidas esclarecidas, principalmente, sobre o que havia acontecido antes de perder a memória. Onde estavam seus pais? Por que suas lembranças mais antigas só começam em Jacksonville? O que São Francisco tinha a ver com ela?
Brad subiu as escadas da frente, seguido da garota. Tocou a campainha uma vez, apenas para anunciar sua chegada, e puxou algumas chaves do bolso para abrir o portão.
- Aqui a gente costuma tirar os sapatos na entrada. Minha mãe tem essa mania desde que eu era menor.
- Como ela é, Brad? Será que ela vai saber quem eu sou? - perguntou, um tanto inquieta.
O rapaz revirou os olhos e pôs uma mão de cada lado do rosto da menina, espremendo-o de leve até que ela fizesse um biquinho.
- Acho que me enganei sobre você não ser mais uma garotinha irritante. - murmurou, beijando-a logo depois - Fica tranquila. Ela é um amor.
[s/app] afagou as bochechas quando ele a soltou e resmungou algo sobre como garotos eram impacientes. Ambos tiraram os sapatos e deixaram bem na entrada, puseram os pés descalços no chão frio e andaram até uma grande sala, onde uma moça passava com uma forma de biscoitos na mão, em direção à cozinha.
- Oi, filho, venho em um minuto. - disse apressada, correndo para dentro sem realmente olhar para eles.
- Perdão, ela está sempre cozinhando - ele sussurrou e [s/n] deu de ombros sem se importar. Lembrava como havia pessoas assim em Nashville, mais preocupadas com a comida no forno do que com o marido ou os filhos.
Não levou mais do que alguns segundos para a senhora aparecer outra vez, rugas leves no rosto claro, cabelos lisos e curtos, mas pretos e não amendoados, olhos tão claros que chegavam a ser quase cinza. Como alguém que já fora miss em 1980 e continuava tão glamorosa quanto antes.
Só que aquela mulher, não era a da foto. Disso [s/n] tinha completa certeza.
- Mãe, essa é [s/n] [s/ss]. A filha dos [s/ss]. Você lembra-se dela?
Aqueles olhos acinzentados se acenderam como se vislumbrassem uma mina de ouro particular, sua boca se escancarou e ela a tapou com as mãos outra vez. Estava chorando, de verdade, mas nada a impediu de atravessar o cômodo e abraçar a garota com força, apoiando a cabeça dela em seu peito, como se ninasse uma criancinha.
- Meu amor, eu não posso acreditar que é você. - havia tanta emoção naquela voz, que [s/n] quase quis chorar também. Seu coração batia forte, mas ela se controlava com a descarga de informações. Ela sabia que isso era o mínimo para tudo que passaria naquele dia - Faz tanto tempo que nós te perdemos... Depois que você saiu do hospital, eu até tentei acompanhar as suas transferências, mas alguns orfanatos se negavam a dar informações e aos poucos, não consegui mais te encontrar. Você lembra-se de mim? Bárbara?