little by little, you will grow

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(pouco a pouco, você irá crescer)


Daisy.

– Honey Boy? De novo, Jin?

O garoto assentiu, balançando a cabeça com tal força que fazia seus fios castanhos deslizarem sobre os olhos.

A mãe de Jin sorriu. Ela não precisava perguntar, afinal a resposta sempre seria a mesma:

– Sim!

Seu sorriso espalhou-se pelos lábios, era acolhedor, porém preocupado.

Aos seus cinco anos, Jin ainda não havia se cansado de escutar a origem e as histórias sobre Honey Boy, o maldito garoto de mel que conversava com as flores. Nada sobre Honey Boy fazia sentido. Nada sobre essas pequenas histórias faria algum sentido futuramente, mas Jin parecia encontrar algo perdido entre as palavras que apenas ele entendia ou entenderia. Esse fato em particular fazia os olhos do garotinho brilharem como as estrelas latejantes no céu acima deles.

– Mamãe, por favor. – Seus olhos tilintavam. Ele estava ansioso. Ansioso por uma história que já sabia de trás para frente e de ponta a ponta, mas sempre algo novo que apenas ele conseguia encontrar.

A jovem mãe suspirou profundo e paciente, fechando os próprios olhos e abrindo-os para encontrar seu pequeno, destemido e tão frágil filho sorrindo gentilmente. Seokjin era algo. Algo inexplicável. Algo incrível. Algo imensamente cheio de amor e dons, que poderia transformar até uma esquecida, repugnante e mal vista história como Honey Boy em uma boa melodia para os ouvidos.

Mãe e filho compartilhavam um abraço, deitados sobre um colchão verde macio. A grama na fazenda de morangos onde Jin nascera era a sua favorita. A paisagem, o horizonte, os morros, as plantas, os morangos, a casa (e entre outros, muitos outros) deveriam ser vistos com cuidado. Eram como telas inacabadas. Sempre com cores novas. Sempre com uma nova pincelada; uma aquarela alaranjada ou rosada em um tom único sobre o horizonte sem fim.

Jin sonhava com o dia em que caminharia por esses lugares. Como o morro florido no fim do horizonte, por exemplo. Mas, por agora, ele queria parar o tempo novamente. Fechar os olhos, sentir os dedos de sua mãe em seus fios de cabelo e escutar a melodia de Honey Boy.

– Sobre o mais alto morro, revestido pela mais bela da flora existente neste pequeno mundo em que crescemos e sobrevivemos a cada nascer de sol, vivia...

Honey Boy. Isolado. Irrelevante. Irritante.

Honey Boy era um garoto cuja vida havia sido uma miséria por não ter uma família, alguns amigos ou ao menos alguém que o amara. O garoto então se limitou a ficar apenas sentindo suas lágrimas (salgadas como a água do oceano que nunca pode conhecer) caminharem por seu rosto em um canto qualquer.

De fato, Honey Boy comparava suas lágrimas com um oceano. Sozinho, ele chorava o quanto podia.

Era irrelevante para os outros (que fingiam não vê-lo) carregar a solidão em suas costas, mas ele se sentia orgulhoso por nunca ter pedido ajuda. E era irritante para aqueles que não suportavam os pequenos gemidos de dor que seus pulmões gritavam. Cada parte de seu corpo doía pela solidão.

Honey Boy então, após onze anos (sem ajuda, sem contato, sem amor, apenas só), decidiu conversar com as flores.

Uma rosa o contava segredos sobre alguém que, talvez não hoje ou amanhã, mas que algum dia viria para buscá-lo. Este alguém iria amá-lo como ninguém nunca o amou ou amaria. E, Honey Boy, por mais vazio que seu peito fosse e por mais frias que as pontas de seus dedos fossem, iria amá-lo de volta até a última chama que seu pequeno corpo pudesse ainda produzir.

Honey Boy [yoonjin]Onde histórias criam vida. Descubra agora