Caderno De Poesias

Uma Semente nos Espinhos

Ah! Somos todos sementes

Sementes de girassol

De cravos

Ou até de rouxinol

Somos todos diferentes e ao mesmo tempo iguais

O que diferencia é a terra em que somos plantados

Terra seca, terra roxa, terra frutífera

O meu pior azar é ser a terra de espinhos

Que ouve, olha e sabe

Até age, mas não é forte

Pra fazer a diferença e colher

De ser usada pro bem e crescer

Ainda sou criança

E não sei o que fazer

Só sei chorar e nunca andar.

Queria ser mais

Só que meus espinhos me impedem

De seguir a voz a me chamar

Me distraio facilmente

Nada acontece assim de repente

Não sirvo pra isso,

Mas algo dentro de mim

Me diz que nasci para fazer

O que não consigo merecer

Queria sorrir mais

Mas os espinhos me sufocam

De maneira a me destruir

E quando consigo me arrastar

Eles crescem sem cessar

Trazendo angústia,

Frieza

E solidão

Me perdoe meu Deus

Só queria estar contigo,

porque sei que estás comigo.

Tanto fez por mim

E como te agradeço?

Traindo sua confiaça

Desistindo do que sou

E destruindo o que tu puseste em mim

Me perdoe Pai, me perdoe

Porque não aguento mais

Comigo é diferente

O mal age solitário, devagar e no silêncio

Naquele silêncio em que não penso

É quando o frio permanece

E começo a apagar.