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O relógio digital do meu telemóvel regista as três e meias da tarde, volto a coloca-lo no bolso da bata branca enquanto caminho pelo grande corredor. Entro na sala 4, visito cada berço hospitalar e observo cada bebé que dorme com muito sossego. As imagens dos recém-nascidos que são captadas pela minha mente dão uma grande vontade de ter um nos meus braços. Um choro desperta os meus pensamentos e caminho apressadamente até ao berço pedindo para a sua progenitora manter-se deitada. Pego no bebé e embalo levando-o até à sua mãe e coloco-o nos braços dela. A rapariga de pele escura prepara-se para a sucção do seu filho o que faz o seu choro acalmar e acabo por deixar escapar um sorriso.

XXX: Desculpe!-fala com uma voz medonha fazendo-me estabilizar.

Inês: Sim?!-viro-me para a rapariga mostrando um sorriso.

XXX: Você acha que vou ser uma boa mãe?-questiona com medo deixando-me um pouco surpreendida.

Inês: Todas as mulheres podem tornar-se ótimas mães se amam o seu filho e têm orgulho em tê-lo. E na minha opinião eu tenho a certeza que será uma ótima mãe.-falo caminhando até parar à sua frente.

XXX: Eu não sei se sou capaz de cuida-la sozinha.-algumas lágrimas escorrem pelo seu rosto escuro.

Inês: Não pode desistir à primeira queda. Sempre vai encontrar pedras no seu caminho e vai ter que conseguir ultrapassa-las.-sorri puxando a cadeira e sento-me.

XXX: Muito obrigada senhora enfermeira! Ela chama-se Yasmine como o pai sempre desejou.-acaricia levemente a pequena cabeça da sua filha e sorriu com orgulho.-Chamo-me Yara.-esboça um grande sorriso entre as lágrimas.

Inês: Pode tratar-me por Inês. Não importe-se de perguntar pelo seu namorado?-interrogo para aliviar um pouco o clima.

Yara: Ele está num sítio muito melhor do que este. E tenho muito orgulho pelo que fez ao país.-as suas lágrimas aumentam deixando-me um pouco triste pois não quero que ela chore ainda mais.

Inês: Lamento!-coloco a minha mão sobre a sua acariciando.-Eu posso deixar consigo o meu número de telemóvel e pode ligar sempre que quiser e precisar de ajuda.-falo delicadamente.

Yara: Gostaria muito e também se não der trabalho.-sorriu.

Trocamos os contactos telefónicos e prometo que visitá-la-ei no dia seguinte pois o seu parto foi cesariana, o que obriga-a a ficar mais dias do que o habitual. Nunca ocorreu nada deste género enquanto exerço a minha profissão e estou tão emocionada e tocada com a sua história que quero ajuda-la. Eu bem vi a sua cara de desesperada por ter que cuidar da bebé sozinha e ainda a sua tristeza do pai da criança não estar presente e foi por isso que dei-lhe o meu contacto, é verdade que não conheço-a mas não custa nada. Por vezes, ser enfermeira obstetra implica sermos um pouco de psicólogas para percebermos as suas dificuldades e dar conselhos necessários para as mães continuarem a lutar pelos seus filhos. Estabilizo a minha viatura no estacionamento do apartamento, retiro a cave da ignição e pego na minha mala acabando por desligar a viatura. Avisto o carro do loiro e a sua estatura encostada ao veículo preto, não êxito e corro até sentir os seus braços presos ao meu corpo.

Inês: Obrigada por vires.-agradeço e começo um beijo saliente.

Rui: Eu não posso ver o jogo mas tirei um tempo para levar-te até ao Estádio.-fala após desfazermos o beijo por falta de ar.-A Joana está quase a chegar?!-questiona prendendo o meu corpo.

Inês: Ela está mesmo ali.-ri-me da sua expressão facial de morta.-Pensava que tinhas morrido pelo caminho.

Joana: Vai ver se estou na esquina.-mostra o dedo do meio ao tentar ganhar fôlego.

Amor InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora