Le Début

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•Hey! Antes de começar essa leitura, queria deixar avisado de que é a minha primeira fic. Espero que vocês gostem, e que saibam que ela foi pensada com muito carinho e escrita também. Obrigado, e boa leitura.

                   Outono, Paris

   Paris, uma cidade extremamente encantadora, ou como os amantes da cultura parisiense gostam de chamar: a cidade luz. É outono, e como sempre acontece nessa época, o movimento de turistas cai, tornando assim uma cidade basicamente exclusiva para os residentes dela, como é o caso de Louis. Louis é um rapaz de 25 anos, e se tem uma palavra que define ele, é "arte". Desde pequeno, o moreno adorava tudo que envolvia a arte, seja música ou teatro, dança ou desenhos, tudo o fascinava, mas sua maior paixão era o último item da lista. Com essa idade, Louis já tem muitas tatuagens espalhadas pelo corpo, e tudo isso pelo amor ao desenho. Sua mais marcante tatuagem -e talvez a favorita- era um alce em seu braço direito, provavelmente em homenagem ao seu aniversário, que é um dia antes do Natal, sua data comemorativa predileta. Louis é um pintor de rua, está sempre pintando todos que por ali passam, e não precisa de permissão para isso, afinal, uma das características da sua pintura é jamais desenhar o rosto dos seus modelos, sejam eles conhecidos ou não, e é uma das coisas que mais fascinam seus clientes, que infelizmente, são poucos. Segundo eles, dá um ar de mistério e elegância às suas pinturas. Suas obras são muito específicas, e é uma mistura de tudo que já foi visto ou feito pelos grandes pintores da história. Normalmente, suas pinturas tem corpos longos, em especial o pescoço, uma cabeça fina e oval, mas a pintura é impecável, tão realista que se pode cair numa peça e tentar tocá-la como se toca seu verdadeiro modelo. Desde que se mudou para Paris, Louis tem estado dia e noite no Champ de Mars, ou como é conhecido, Campo de Marte, o vasto parque onde fica não só a Torre Eiffel, mas muitos outros pontos turísticos da tão amada Cidade Luz.
   Inicialmente britânico, Louis se mudou para Paris ainda jovem, aos 19 anos, para seguir sua carreira artística, e a convivência com a cultura francesa lhe deu uma ótima fluência na língua, pela qual é apaixonado desde pequeno. Não tem sido nada fácil desde a sua mudança. Louis é tão talentoso, e ouve isso de todos que decidem comprar suas telas, menos dos críticos que já passaram pelo seu caminho. Desde que se mudou, o rapaz tem ido em museus, exposições, até mesmo lojas de conveniência, tudo para tentar vender seus quadros únicos, com uma visão inovadora de tudo o que já parece monótono aos franceses, como a Torre Eiffel, pintada ao fundo em grande parte dos seus retratos, ou até a mistura entre branco e cinza que banha Paris, já que o clima não costuma ser dos mais quentes por lá. A questão é que, não importa para quantas pessoas ou para quem Louis tentasse vender sua arte, a resposta era sempre não, e isso estava o botando em maus bocados. A situação nunca foi pior para ele. As contas estão se acumulando tanto, e Louis só sabe se afundar cada vez mais nelas, e se sua arte não é o suficiente para lhe manter bem, o que seria? Em Doncaster, cidade natal do moreno, seu padrasto Mark tem uma empresa de pequeno porte, focada mais na área de automóveis, onde ele faz peças para carros, como calotas, volantes, coisas pequenas, e não é nada de se encher os olhos, mas é o suficiente para sustentar sua vida. Um dos motivos pelos quais Louis se mudou de Doncaster, foi a morte de sua mãe. Ele ficou desolado, e o ambiente com o padrasto ficou insuportável, já que ele começou a se embriagar constantemente para lidar com a dor da perda da sua tão amada esposa, agora falecida. Foi um problema passageiro, e Mark retomou o controle com os conselhos de Louis, que lhe pediu para procurar uma clínica, alegando que seria o que Johannah, sua mãe, iria querer. Mesmo com a distância, e os problemas que surgiram depois da perda dos dois, Louis e Mark sempre se deram bem, tanto que o garoto adotou o nome do padrasto para si, e Mark não é só um padrasto para ele, é o pai que ele jamais teve.

   Louis estava mais uma vez pintando as paisagens francesas, sentado em seu banco de madeira, com seu cavalete em sua frente e sua paleta em mãos, lhe cedendo as cores monocromáticas do outono francês. Essa é com certeza a sua estação favorita. A forma com que as folhas laranjas das árvores combinam com o cinza da cidade, dando um contraste único à aparência fria de Paris, ou até mesmo a elegância das pessoas ali, tudo faz aquela ser a melhor época para Louis, que pinta tudo com muita cautela e delicadeza, antes que as folhas caiam e deixem as árvores nuas, como sempre acontece a essa época do ano. As pessoas passavam por ali, e até mesmo o gramado verde onde Louis estava sentado, pintando a Torre Eiffel pela milésima vez, parecia cinza, e a cara amarrada das pessoas fez Louis ter uma nova ideia. Os vultos em suas pinturas começaram a ganhar sombras no que seria a testa, mostrando o mau humor de todos que passavam por ali. Contas para pagar, trabalho, filhos, problemas, é natural que as pessoas se tornem amargas, e Louis está sentindo isso na pele desde que pisou os pés nesse lugar, e precisou se sustentar com o dinheiro enviado por Mark durante todo esse tempo, mas ainda assim, por que ele iria perder a única coisa que realmente lhe pertence? Seu sorriso. Talvez pelos dotes na arte, Louis sempre acredita que o cinza pode se tornar colorido se você souber adicionar cores, e por isso ele vê o lado bom até das piores situações, para dar cor à sua vida acinzentada.
   As mãos pequenas de Louis traçavam cada detalhe minuciosamente, tentando transmitir cada pedacinho daquele lugar maravilhoso em sua tela, e algumas pessoas até paravam para lhe ver pintar, mas ficavam por pouco tempo, e nem uma gorjeta eram capazes de dar ao jovem e talentoso pintor. Louis estava tão focado em sua pintura, que não ouviu um dos seus espectadores se dirigir a ele. O homem precisou forçar uma tosse para conseguir a atenção de Louis, que parou no mesmo momento, pronto para reclamar com o homem que estava lhe atrapalhando. Os olhos azuis do moreno percorreram a grama acinzentada do campo, até chegar nas botas do dono daquela tosse insuportável. Seu olhar subiu lentamente, passando das botas para a calça escura e agarrada do rapaz, subindo cada vez mais, até chegar no seu rosto, que era com certeza a melhor imagem que Louis já havia visto. Não era triste, não era brava, estava longe de parecer a típica feição emburrada dos franceses, e parecia levar alegria por onde passava. Seus lábios rosados eram donos de um sorriso doce, com covinhas amáveis em suas bochechas e olhos tão verdes que era impossível de lhes descrever numa tonalidade só. Por um momento, Louis se esqueceu da sua raiva, não estava mais bravo, apenas hipnotizado pelo dono do melhor sorriso que já lhe deram nesse tempo todo em que ele ficou em Paris. Aquele garoto não podia ser parisiense, é impossível, por muitos motivos. Ele é bronzeado demais se comparado às peles pálidas que ele vê diariamente, além de ser simpático o suficiente para ser classificado mentalmente por Louis como o dono do melhor sorriso já dado em Paris, além das outras inúmeras características que lhe faziam ser reconhecido como qualquer coisa, menos um francês.

Draw me like one of your french girlsOnde histórias criam vida. Descubra agora