Ne me quitte pas

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•Hey! Queria deixar avisado desde já que o capítulo vai ser dividido em duas partes, então não se preocupe! A continuação fica no próximo capítulo!

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     Era tarde da noite, mas a boa e velha Paris continuava acesa. Suas casas tinham luzes ligadas, nos telhados iluminados pela luz alheia estavam gatos miando para a lua, como uma doce serenata, que era um tanto quanto amarga para quem tentava dormir. Da varanda do apartamento de Louis, a silhueta dourada da Dama de Ferro, ou melhor dizendo, Torre Eiffel, era perfeitamente vista por ele. A cada hora, ele parava seus afazeres para assistir o show de luzes que acontece toda vez em que o ponteiro marca uma hora a menos para a madrugada francesa. É lindo. Luzes douradas piscam por toda a torre, e muitos dos que gostariam de dormir acabam ficando mais um pouco para apreciar aquilo. Porém, nem só de beleza se resume a madrugada de Louis. De início, ele ficou apenas observando a torre e bebericando seu chá, mas como de costume nos últimos dias, não demorou para que certos cachos tomassem conta de tudo em que ele pudesse pensar. Toda vez que os olhos azuis do menor, agora refletindo as luzes douradas de Paris, alcançavam a linda torre Eiffel, ele pensava que do outro lado dela estava o garoto por quem infelizmente estava começando a criar sentimentos. Harry iria embora no fim de semana, e mais uma vez, Louis voltaria a ser apenas mais um pintor em meio a tantas luzes, não se sentiria parte das pessoas que iluminam Paris, porquê na verdade quem o faz se sentir confiante irá partir, e todo o plano de Louis não se apegar estava indo por água abaixo. Foram três dias passados ao lado de Harry, mas eles valeram por todo esse tempo em que Louis vive em Paris, sendo humilhado e rejeitado por críticos e clientes. Como ele vai fazer agora? A única pessoa que lhe deu valor está prestes a partir, isso é tão cruel para ele, principalmente pelo sentimento de solidão que o assola desde que decidiu tentar viver da sua arte na cidade luz, que agora mais do que nunca parecia fazer jus ao título de cidade do amor. Doía, não por paixão, mas pela consciência de que daqui dois dias, ou um, se for levar em consideração que é madrugada, ele deixará de se sentir querido por alguém que esteja ali. Ele poderia voltar para a Doncaster e viver com Mark e sua empresa de calotas para carros, mas quem ele seria se o fizesse? Um pintor fracassado? Não, isso ele não quer, e vai continuar ali, com ou sem Harry, é seu sonho que está em jogo.
    Na fúnebre madrugada de Paris, Louis se encontrava sentado no chão da sala de seu apartamento. Na mão estava uma paleta, na outra um pincel, e à sua volta, vários potes de tinta. Na folha que sacrificou para testes, o moreno fazia misturas de cores incansavelmente até encontrar o tom único dos olhos de Harry. O que tem naqueles olhos que o atrai tanto? Por quê jamais consegue atingir sua cor? É um desafio tão grande, tão importante. Retratar perfeitamente os mais lindos olhos que já viu. Isso é pedir demais? Com as folhas enrugadas pelo excesso de tinta, Louis bufou depois de todas as suas tentativas terem falhado, e enraivecido ele jogou as folhas para longe de si, pouco se importando se iria sujar seu chão. Era tarde, próximo das quatro da manhã, as olheiras negras abaixo dos olhos claros de Louis estavam cada vez mais visíveis, além do seu cansaço. Quando o sol nascer, vai ter alguém o esperando do outro lado da torre Eiffel, alguém que precisa que essa viagem valha a pena, e esse desafio é tão grande quanto encontrar o verde dos olhos da paixonite do quase-francês. Decidido a fazer o penúltimo dia de Harry em Paris o melhor de todos, Louis fora se deitar, e tão rápido quanto traça seus desenhos, acabou se entregando ao sono, e só acordou quando ouviu os pássaros cantando em sua janela.
    O assobio doce dos pássaros batiam à janela de Louis, que abriu aos poucos os olhos, tentando se acostumar com a claridade, levando suas mãozinhas até seus olhos e os coçando, até que a luz no quarto não o incomodasse mais. Ele tateou o criado mudo ao lado da cama, tentando encontrar o celular, e quando conseguiu, desbloqueou rapidamente, mas viu as inúmeras chamadas perdidas de Harry. Como um ato de impaciência, Tomlinson bufou e foi logo ouvir as mensagens deixadas pelo cacheado. "Hey, Tommo, é o Harry. Nosso passeio ainda está de pé?", era só uma das muitas mensagens deixadas por Harry, todas com o mesmo tema: o passeio que fariam mais tarde. Rapidamente, Louis começou a teclar uma mensagem explicando que havia ido dormir tarde, e por isso perdeu a hora. Sim, já havia passado do meio dia, e os projetos de Tomlinson foram para o espaço. Styles por sua vez não demorou a responder, e entusiasmado, combinou com Louis de se encontrarem na torre Eiffel em uma hora. Com tudo combinado, ambos partiram para se arrumar, e Louis tentou usar sua melhor roupa. É seu penúltimo encontro com Harry, isso tem que ser perfeito. Mesmo com essa ideia em mente, as roupas do moreno não são das mais luxuosas. Calças surradas, jaquetas velhas, nada muito chique, mas ele procurou usar a melhor de todas. Um conjunto que comprou numa das lojas de Paris, o dinheiro com que pagou foi o da sua primeira tela vendida, foi um valor bom, mas a vida simples do pintor ilustra perfeitamente a falta de clientes, e que esse caso foi bem atípico, já que pedidos não são feitos com frequência. Voltando ao conjunto, não era muito elaborado, mas era a melhor roupa que tinha. Uma calça social, junto de um sapato igualmente elegante e um blazer negro, que entrava em contraste com a camisa branca por baixo. Não era exagerado, não para Louis, a situação pede por isso, e por nunca ter usado aquela roupa, ele sequer sabia se estava exagerando. De qualquer forma, o lugar onde iriam precisava daquilo. Passariam no museu do Louvre, e se desse tempo, talvez fariam um cruzeiro rápido pelo Rio Sena, seria a despedida em grande estilo que Louis planejou fazer com calma, e conseguiria se não tivesse dormido até tarde. Já vestido, ele saiu do apartamento do prédio suburbano francês, onde morava desde que chegou. Os alugueis estavam atrasados, o despejo se aproximava, mas com o dinheiro que Harry lhe deu, talvez ele possa pagar um aluguel, e isso já o deixa um pouco mais aliviado.

Draw me like one of your french girlsOnde histórias criam vida. Descubra agora