POV Margarida
- Cuidado, não deixes cair o telemóvel. - dei um riso logo a seguir.
Da maneira como estava, um pequeno empurrão contra ele era fatal para deixar cair o telemóvel, então foi a maneira que encontrei para dizer algo
Ainda debruçado, sorriu e olhou para mim. A sua beleza continuava presente e derreti-me completamente com aquele sorriso.
- Obrigado pelo aviso. - disse-me ainda a sorrir.
- Sempre ás ordens! - disse enquanto me debruçava também ao seu lado recebendo um sorriso ainda maior de volta.
Estivemos algum tempo em silêncio.
Ele estava tão nervoso como eu, percebi isso pela forma como me respondeu.
Eu não sabia o que dizer, não sabia mesmo. Fui eu que sugeri este encontro, mas agora que estou aqui com ele vem-me tudo e mais alguma coisa à cabeça, quer de bom quer de mau. No entanto, neste momento, sinto-me bem. Já tinha saudades dele
Só pedia que ele dissesse algo rápido
Pareceu que me leu os pensamentos, pois nesse momento o Hugo começou a falar.
- Ouve, Margarida, eu...
- Tu trouxeste esses óculos por causa de mim? - saiu-me.
Eu sou tão estúpida! Sabia que ele ia dizer algo sério, mas foi algo que me saiu e que o fez sorrir mais uma vez
Aquele sorriso limpava-me de todos os problemas
- Também, mas está realmente muito calor. - levantou a cabeça como se quisesse olhar para o sol.
- Isso é porque estás nervoso por estares aqui comigo. - ri por ter dito aquilo e por ver a cara dele de espanto.
- E depois o convecido sou eu? - sentiu-se indignado mas disse aquilo de uma forma bastante descontraída.
- Vais dizer que é mentira? - ripostei.
- Opah... - sentiu-se envergonhado, o que me fez derreter pois aquele sorriso envergonhado era muito fofo, no entanto ainda perguntou - Mas queres tu os óculos?
- Não, ficam-te melhor a ti. - falei rápido e sério depois de me perceber do que tinha dito.
Esta frase fez-me lembrar o passado.
Quando nós estávamos juntos, ele também os usava e eu gostava dos óculos então estava sempre a brincar com eles e de vez em quando usava-os, no entanto, sempre que ele me perguntava se eu os queria, eu respondia sempre a mesma frase, frase essa que tinha acabado de pronunciar. Mas era verdade. Aqueles óculos ficavam-lhe muito melhor a ele do que a mim. Davam-lhe um ar sério e descontraído ao mesmo tempo, já para não falar que faziam dele ainda mais... mais sexy
Provavelmente ele também se lembrou disso, porque depois de ter ouvido a minha frase o sorriso foi desaparecendo e olhando para o rio que passava por baixo de nós, formou-se uma expressão de culpa e tristeza na sua cara, expressão essa que também me estava a deixar mal.
Eu sofri, mas acredito que ele também tenha sofrido. Ele gostava de mim, mas foi demasiado orgulhoso para o admitir e isso deve tê-lo destruído. Querer falar mas não poder. Estava agora, pela primeira vez, a meter-me no lugar dele, um lugar que também estava a sofrer
Passado uns segundos ele rompeu o silêncio.
- Desculpa por tudo. - disse triste - Pela aposta, por depois me ter afastado e até mesmo por isto das mensagens. Tu não merecias ter passado por estar merda toda, não merecias mes...
- Não te preocupes, não precisas de falar mais sobre isso. - Interrompi.
- Sim, mas tenho de fazê-lo, quero explicar tudo.
- Okay então... estás á vontade. - meti a mão no seu ombro e dei um sorriso simpático para o deixar descontraído e continuei a olhar para ele, ainda debruçada ao seu lado.
Ele respirou fundo e começou a falar:
- Em relação à aposta: eu comecei a sentir algo por ti, apenas não queria admitir isso pois sou um orgulhoso estúpido, mas faz parte da minha personalidade, e também foi por isso que me afastei. - fez uma pausa. Ele estava realmente muito nervoso. Estava a falar muito rápido, como se quisesse disparar tudo cá para fora antes que eu me fosse embora. Mal sabia ele que eu queria fazer tudo, menos ir-me embora - Tipo, eu pensei que ao afastar-me de ti o sentimento desaparecia. A distância entre nós e o estar com outras raparigas ia fazer-me esquecer o que sentia por ti e iria seguir em frente, mas foi completamente ao contário. Sim, eu estive com outras raparigas, mas o sentimento por ti esteve sempre presente, eu apenas o afastava dos meus pensamentos e na minha cabeça isso ajudar-me-ia a esquecer-te. Já pelas mensagens, eu não tive culpa direta, mas peço na mesma desculpa pois se não tivesse aceitado a maldita aposta nunca tinha havido esta coisa com as mensagens e tu não tinhas sofrido mais uma vez.
- E talvez nós não nos tínhamos conhecido. - acrescentei.
- Pois... - Ele desviou o olhar para a vista e de seguida baixou a cabeça.
- Sabes, Hugo, eu não digo que o que fizeste foi certo, porque não foi, magoaste-me muito mesmo, mas se vir-mos bem, e com isto friso mais uma vez que o que fizeste foi errado, se tu não tivesses aceitado aquela aposta, talvez não nos tivéssemos conhecido e seriamos apenas estranhos na vida um do outro.
- Estás a ver o lado bom das coisas. - disse de uma forma seca e fria.
Não estava a entender o porquê de ele ter dito aquilo, ainda por cima daquela forma.
- E não é bom? - perguntei com um tom óbvio à resposta da minha parte mas com dúvidas do que ele iria responder depois de ter falado daquele modo.
Naquele momento estava a conter o choro, tinha medo da resposta dele.
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A Segunda Impressão
Ficção AdolescenteUm simples engano pode gerar muita coisa... Mas será que foi um engano? "Eu Já não podes mudar a primeira impressão que tenho de ti, pois é isso mesmo, a primeira +zzz zzz zzz zzz Mudarei então a segunda"