Capítulo 175

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POV Hugo
- E não é bom? - perguntou ela num tom óbvio.
Ela não estava a entender o meu ponto de vista.
Óbvio que era bom!
Ter conhecido a Margarida foi só o melhor que me aconteceu
Ela mudou-me, tornou-me uma pessoa melhor e ensinou-me a amar. Ela que não duvidasse disso
No entanto não me estava a conseguir expressar e estava a levá-la a pensar noutro sentido
Ela continuava igual. Não tinha mudado nada desde a última vez que tivemos juntos
A sua voz continuava suave. Era uma voz que conseguia e queria ouvir para a toda minha vida
Estava de olhos semicerrados pois o sol contra os seus olhos fazia confusão.
Os seus lábios continuavam desejáveis e quem me dera poder tocar neles.
A sua atitude continuava firme.
A rapariga por quem eu estava apaixonado estava agora ao meu lado à espera de uma resposta minha e apesar de não querer dizer nada que estrague este momento, queria dizer tudo o que sentia para deixar tudo em pratos limpos
Abanei a cabeça e falei:
- Tu não entendes...
- Então explica-me, porque eu não estou realmente a entender! - disse friamente e com um tom de desistir enquanto se endireitava.
- Conhecer-te foi o melhor que a vida me deu, não duvides disso, Margarida, nunca! - coloquei-me de frente para ela - O problema é que foi por nos conhecermos que tu sofreste, e essa é a dor que gostava de te ter evitado! - fiz uma pausa, olhei rápido para o lado e de seguida olhei para ela - Eu não consigo sequer imaginar fazer-te sofrer outra vez.
A rapariga dos olhos castanhos olhava-me de uma maneira que não conseguia entender. Nada de novo, portanto.
Ela sempre foi assim, raramente dá para perceber o que ela pensa. Não podemos olhar para ela e dizer no que está a pensar ou até mesmo sentir, pois ela consegue-o esconder muito bem, e este lado misterioso é uma das coisas que sempre me cativou nela.
- Sim, é verdade, tu fizeste-me sofrer muito, mas e os momentos que estivemos felizes? As saídas que tínhamos e nos riamos tanto ao ponto de nos doer a barriga? E aquela última noite que tivemos juntos? Esses momentos não contam? Ah espera, e as mensagens que passámos meses a trocar? Nada disto conta?
- Claro que conta! Mas e o resto? Eu fiz-te sofrer! Como é que podes esquecer isso?
- Eu não me esqueço! Mas o que eu sinto por ti é muito mais forte do que tudo o que fizeste! - Ela olhou para o lado, mordeu o lábio inferior (aquele vício que ela tinha e que fazia sem intenção mas que me ponha maluco) e depois disse a olhar para mim - Sabes qual é o problema, Hugo? É que eu já te perdooei, mas tu não te perdoaste a ti, esse é que é o problema. A culpa interior demora muito mais tempo a ser perdoada.
É verdade. Ela tinha razão.
Eu tinha o perdão dela, mas eu próprio não conseguia esquecer o que lhe tinha feito
A dor de imaginá-la a chorar por minha culpa era tanta que acabava por não me desculpar a mim mesmo
Eu queria que tuda ficasse bem, era tudo o que eu mais queria, mas não sei como ultrapassar esta culpa
Sem saber o que dizer, debrucei-me novamente sobre a ponte e uma lágrima, seguida de outra e outra começou a escorrer pela minha cara terminando no pescoço.
Senti as mãos da Margarida na minha cara enquanto me metia de frente para ela e limpava o meu choro com a sua mão, o que fez o meu corpo começar a expulsar um monte de lágrimas e logo a seguir abracei-a.
Naquele abraço apertado não houve palavras, apenas muito sentimento à mistura.
Não queria que aquele momento acabasse
As pessoas passavam em nossa volta mas naquele momento estávamos só nós, no nosso mundo, abraçados e a expulsar o que já deviamos ter expulsado à muito, desde palavras a lágrimas
Sim, a Margarida também já chorava, sentia as suas lágrimas na minha camisola que por conseguinte tocavam no meu corpo.
Precisávamos deste momento desde de que nos chateámos
Este era aquele momento base que nós precisávamos para começar a resolver as coisas
Ao fim de algum tempo envolvidos nos braços um do outro, coloquei as minhas mãos na sua cara e de seguida ela colocou as suas nos meus pulsos.
Acariciando as suas faces com o meu polegar e limpando os restos que as suas lágrimas deixaram, fiquei assim, a olhar para cada pormenor da sua cara.
Sabem quando o sol bate nos olhos castanhos e os torna especiais ao ponto de não conseguirmos desviar a nossa atenção deles? Os da Margarida estavam assim.
Sabem quando alguém molha os lábios e logo a seguir os morde? A Margarida estava assim.
Sabem quando vocês olham para alguém tendo atenção a todos os pormenores dessa pessoa e pensam que querem ter essa pessoa ao vosso lado o resto da vossa vida? Eu estava assim.
- Eu não posso mesmo perder-te. - pronunciei enquanto a olhava nos olhos.
- E não vais perder-me. - sorriu humildemente.
E beijei-a.
Não consegui resistir mais.
Os nossos lábios entraram em contacto num beijo suave que se seguiu de trocas de posições e que se tornava cada vez mais apaixonado e sentimental, mantendo-se sempre assim.
Comunicávamos através daquele beijo, mas sem palavras.
As minhas mãos continuavam no rosto dela, mas as dela estavam agora na minha cintura.
Quando parámos, ainda de rostos pegados sorrimos um para o outro e depois de ver a felicidade que ela transmitia não fui capaz de evitar beijá-la outra vez, mas desta vez as nossas línguas decidiram-se cumprimentar.
Pena que o nosso corpo não permitiu que continuassemos muito mais tempo assim pois necessitava de ar.
Quando os nossos lábios se voltaram a separar, sorrimos um para o outro e logo a seguir ela encostou a sua cabeça ao meu peito, vindo eu envolvê-la com os meus braços.
- Eu já te perdooei. Agora tens de te perdoar a ti próprio. - disse ela quando se afastou do meu peito.
Respondi-lhe com um beijo na testa enquanto a puxava novamente contra mim.
Não conseguia evitar a felicidade enquanto me dava conta no que estava a acontecer.
Estava ali, no meio da ponte D. Luís I, com vista espetacular sobre a cidade do Porto, mas a vista que captava a minha atenção era a da Margarida agarrada a mim, e essa vista não podia propriamente vê-la mas sim senti-la, e essa era a melhor vista que podia ter
- Margarida, vamos dar uma nova oportunidade ao nosso amor. - as minhas palavras fizeram-na olhar para mim mantendo os seus braços nas minhas costas - Agora sem joguinhos, sem nada a impedir-nos a tal... vamos com o tempo.
Ela sorriu e disse com toda a certeza:
- É tudo o que eu mais quero!
E logo a seguir beijou-me com toda a paixão que tinha por mim, colocando as suas mãos em volta do meu pescoço.
Quando, mais uma vez, o nosso corpo pediu licença para respirar, lembrei-me de algo.
- Então parece que esta segunda impressão não desiludiu... - disse enquanto mostrava um olhar vencedor.
- Eh... - fez uma pausa que me assustou - Nem um pouquinho! - disse mostrando um sorriso maroto fazendo-me respirar de alívio e soltar um riso levando-a a dar-me um beijinho.
- Vamos dar uma volta por aí? - sugeri.
- Sem rumo... - concluiu ela por mim.
Dito isto, começámos a caminhar lado a lado.
Uns passos depois, olhando para ela, estendi a minha mão aberta e ela repondeu com um sorriso (que me fez sorrir também) vindo os seus dedos a encaixarem nos meus e a seguir fazermos força com as nossas mãos para não nos largarmos.
Estava agora de mãos dadas com a pessoa por quem estava apaixonado e ainda à pouco tínhamos combinado dar uma nova oportunidade ao nosso amor
Estávamos felizes
Digam-me algo melhor do que estar assim com a pessoa que amamos, digam-me
Ainda em cima da ponte, lembrei-me da mensagem que tinha enviado antes dela chegar.
- Espera, Margarida, vê a mensagem, que te enviei. - pedi enquanto parava.
- Han? - perguntou confusa.
- Antes de chegares, eu enviei-te uma mensagem, por favor, vê-a agora.
Ela não disse mais nada.
Tirou o telemóvel da mal, desbloqueou-o e abriu a mensagem.
Ficou especada a olhar para o ecrã do telemóvel e eu sorria esperando uma reação da sua parte, mas nada.
Ela não dizia nem mostrava nenhuma reação.
Isto estava a deixar-me nervoso.
- Tinhas medo de não mo conseguires dizer no encontro por eu não aparecer ou me vir embora antes de teres oportunidade para tal? - sorriu curiosa.
- Sinceramente, não sei. Quando dei por mim estava a escrevê-la e a enviá-la para ti. - respondi sorrindo com nervosismo.
Ela sorriu, molhou o lábio inferior, mordeu-o logo a seguir, começou a digitar e carregou no que pareceu ser o dígito para enviar.
- É a tua vez de ler a mensagem. - disse-me ainda sorrir.
Não estava à espera de ser esta a resposta dela. Pensava que ia dizer algo e não enviar uma mensagem de volta.
Abri o telemóvel nas mensagens e...

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