Capítulo I

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Capítulo 1: Minha porcaria de vida.

Annabella na mídia

Annabella Frost! — o homem que estava com uma folha na mão, me chama para entrar no ônibus. Odeio esse nome.

— Aqui! — levanto a mão e entro no ônibus, me sentando no último banco.

Meu nome é Annabella Frost, mas prefiro Bella. Sou uma meio-sangue, ou seja, minha mãe ou meu pai, nunca descubri até hoje, é um deus ou uma deusa.

Nasci já órfã, nunca vi meus pais, mas nunca precisei deles, meus avós cuidaram bem em me educar. Eram como pais pra mim.

Quando era criança, nós descubrimos que eu tinha uma doença chamada Transtorno do déficit de atenção e também a dislexia, o que quer dizer que eu não conseguia ler uma mísera frase e ainda era uma criança lerda.

Aos meus 5 anos, eles começaram a me perseguir. Monstros de todos os jeitos, tipos ou tamanhos decidiram me matar, só por que um dos meus pais era um deus. Notou a injustiça?

Um anos depois do meu primeiro ataque, aos 6 anos de idade, fui levada ao Acampamento Meio-Sangue, onde havia pessoas como eu, de sangue divino, que também estudavam e treinavam para combater os monstros se vierem nos atacar.

Quando fiz 8 anos, uma dracanae, como todos os outros, quiz me matar, mas quando chegou em minha casa, não me encontrou, pois eu havia saído e apenas meus avós estavam. Acho que para não ter a viagem perdida, matou meus avós e ficou esperando eu chegar. Quando cheguei em casa, tentou me matar também, mas a matei com minhas próprias mãos e espero que agora ela esteja no Tártaro.

Depois desse dia, como não tinha lugar pra morar, fui tentar ir sozinha ao acampamento, o que não deu muito certo e acabei me perdendo na floresta. Passei dias sem comer nem beber nada, o que num dia resultou na minha quase-morte.

Ao estar a beira da morte, a deusa Luna me salvou, solicitando que uma loba branca da região viesse me socorrer. Moon, como apelidei a loba, com seu instinto materno, ao me ver com fome, me deu um pouco de sua caça, e até hoje me comunico com ela. Moon ainda sente que é obrigada a me proteger, pra ela eu sou seu filhote, o que não me incomoda, pois pra mim ela é uma mãe de um jeito diferente.

Como passei meses na guarda da loba, aprendi a me comunicar com os da espécie. Pouco tempo depois de Moon me "adotar", soube que era a alfa da alcatéia, pelo jeito que os outros a tratavam com respeito. Ela deixava claro que mandava em tudo, então também me ensinou a mandar.

A ajuda da deusa Luna foi mais que uma ajuda, e sim uma benção. Descobri, de um jeito um tanto doloroso, que podia, e ainda posso, me transformar em uma grande loba, como minha melhor amiga-mãe, Moon, o que consiste de eu poder falar com ela usando o inglês, e não a língua lupina.

Moon me guiou até o acampamento, o que pra ela foi difícil se separar de seu filhote, pois se apegou muito a mim, mas ainda assim me deixou na beira da floresta, e eu fui ao encontro de Quiron, o responsável pelo acampamento em busca de abrigo. Mas sempre dava um jeito de ver Moon durante a noite, na beira da floresta.

Quiron é um centauro imortal e muito simpático, aquele mesmo, que treinou Hércules e Aquiles, e que pelo jeito ainda vai treinar muitos heróis da atualidade. Um centauro é a mistura entre um ser humano e um quadrúpede.

Depositava as mágoas na luta e nos golpes, me fazendo ser muito boa em esgrima, quase uma completa mercenária, que significou um pouco ao acampamento.

Dois anos depois, presenciei a morte de Thalia, filha de Zeus. Estava na forma lupina aquele dia, causa que ninguém me viu por entre as folhagens da floresta. Depois dos monstros irem embora, a abençoei, pingando uma gota de minha saliva em sua testa, a permitindo morrer em paz ir ao Elísio, lugar onde vão os heróis ao morrerem. Saí logo em seguida, não queria ser descoberta, pois só Quiron sabia do meu segredo.

Sempre fui muito pálida e raquítica. Meus cabelos são negros, tanto que chegam a ser azulados. Tenho olhos azuis claros e cílios grandes.inha boca já é rosada de natureza, então nunca fui muito com maquiagem.

No acampamento, não era muito sociável, nem ficava perto da fogueira. Se ficasse, pouco tempo depois me sentia fraca, nunca gostei de calor.

— Senhorita? — uma voz grave e masculina parece me chamar.

— Sim? — ao olhar para o dono da voz, me surpreendo ao ver um lindo, bota lindo nisso, rapaz de aparência da minha idade.

Ele também tem uma pele pálida, mas a minha consegue ser ainda mais clara, sou muito observadora em casos de estranhos. Me prendo em seu olhar negro e intenso em mim, ficamos alguns segundos se encarando, até ele pigarrear e cortar a troca de olhares, dizendo em seguida:

— Posso me sentar?

— Claro.

Voltando a explicação da minha complexa vida, um ano depois, aos 11 anos, voltei à cidade, onde fui adotada por um casal gay, onde fiquei dois anos e me apeguei a eles. Como eram de idade, vieram a falecer, primeiro um, e três anos depois, meu outro pai.

Desde então vivo nas ruas, tentando sobreviver com o que posso. Já me passou a cabeça de voltar ao acampamento, mas não tenho dinheiro da passagem para Longe Island, estou uma pouco longe de Nova York.

Nesses anos que passei nas ruas, aprendi a furtar, ano passado, quando fiz 18 anos, roubei uma carteira e comprei um wisky, e fiquei um pouco alterada (pra não dizer bêbada), causando minha primeira ressaca no dia seguinte.

Agora tenho 19 anos e minha vida é uma completa porcaria.

— Annabella, certo? Sou Nico, prazer. — disse o rapaz bonito ao meu lado.

— Só Bella, odeio esse nome. — disse com tédio.

— Ah sim, desculpe. — e não é que ele ficou sem graça?

Como vi que a conversa não ia dar certo, pus meus fones e coloquei a música no volume máximo e cai num sono pesado.

— Espero que gostem.
— Deixe sua estrelinha.
— Desculpem os erros.

1yal#

A Herdeira do GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora