Capítulo I - Pétalas azuis

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"Meu nome é Blue Springer, sou uma mulher cheia de personalidade mas com pouca altura, igualmente na área da paciência. Meus olhos são de cor oceano e meus cabelos encaracolados são pretos e longos, com o corpo curvilíneo. Costumava chamar atenção na escola.

Na época em que minha vida mudou drasticamente eu era aluna do terceiro ano do ensino médio, mesmo que a minha capacidade não mostrasse isso às vezes. Tinha um belo namorado, por sua vez, lindo, charmoso, bronzeado, com longos cabelos pretos, olhos castanhos, alto e musculoso, espontâneo, um amor de pessoa.

Apesar de ninguém ter aceitado do mesmo modo — principalmente a escola — o meu relacionamento continuava firme e não pretendia lidar com uma separação tão cedo.

Meus dias na escola estavam se findando, porém não tinha uma ideia tão definida sobre o futuro, sobre o que eu desejava ser, minha profissão, etc. Eu apenas me imaginava junto do amor da minha vida, o Jean Almeron, vivendo intensamente cada dia ao lado dele. Futuro? Ainda era muito jovem, tinha apenas 16 anos, isso podia esperar um pouco.

Onde eu estudava é conhecido como Colégio Evans Nature, muito prestigiado pela sua misteriosa capacidade de formar pessoas excepcionais que realmente mudam o mundo. Uma das mais famosas formações é a de Emille Dudanwa, a grande pesquisadora, bioquímica e parasitóloga que criou o mais eficaz medicamento no tratamento de pessoas com filariose. Além de inteligente, ela tem um marido sob medida também formado em Evans.

A diretoria é como uma máfia. Nada polêmico ou arriscado manchou uma vez sequer a reputação escolar, e o pior é que ninguém sabe o processo adotado para que tudo seja tão perfeito na vida de seus formandos, nem mesmo os pais dos alunos. Ainda assim, a escola completara 275 anos e nada havia mudado, tudo continuava obscuro e estranhamente notável.

E vocês podem estar pensando que é uma escola de elite, realmente é, mas eu havia entrado pela bolsa de estudos que eles ofereciam por meio de uma prova — uma das mais difíceis que eu tive de fazer, tenho que admitir. E o caso do meu docinho, bom, a mãe dele era uma das professoras de lá, então foi mais acessível para ele. Inclusive eu amava a senhora Almeron, ela era minha professora de artes, praticamente uma mentora para mim, já que o meu hobby era desenhar e usar a criatividade.

Além do meu namorado, eu tinha três grandes amigas, a Geórgia — uma bela moça de cabelos loiros, lisos e longos até o joelho, com olhos cor de mel —, a Charlotte -—uma ruiva linda, encorpada e formosa com seus olhos verdes esmeralda — e a Sars — uma negra maravilhosa com cabelos estilo Black Power e sempre com roupas 100% originais. Elas me acompanhavam desde os meus sete anos. Logo após a morte do meu avô foram as três que me deram o maior apoio e força, eram únicas e especiais para mim.

Elas também achavam que meu relacionamento era um pouco sufocante e tóxico, mas não me forçavam a fazer nada que eu não me sentisse confortável a realizar, eram uns amores. No entanto, a Sars vivia me falando para conhecer um primo da família adotiva dela — eu sempre a lembrava que eu tinha namorado e que isso não seria possível — que inclusive estudava no Evans. Acho que nunca o encontrei antes, ela o chamava de DamDam, então eu não fazia ideia do nome dele.

Bom, tudo caminhava perfeitamente para o destino que eu realmente almejava. Faltando cinco meses para a formatura, eu me via ansiosa e extremamente animada, nem parava para pensar que algo podia acontecer neste meio tempo, só imaginava o que iria se suceder. O meu primeiro ano de namoro estava chegando e os planos só corriam na minha mente, seria o melhor baile de todos.

Apesar das grandes expectativas, as provas vinham primeiro, portanto o estudo era essencial para eu completar esta etapa tão passageira da minha vida, principalmente em um colégio como Evans Nature. Todos da sala estavam se preparando para os vestibulares, eu, no entanto, não estava muito preocupada com isso. Eram tantos cursos que eu poderia prestar que me deixava confusa, a indecisão nessas horas era minha melhor amiga. Então acabei direcionando a minha atenção "apenas" para Jean — eu acho que não chegava a ser tão bitolada do jeito que falavam.

Adam Nalughan, o aluno genial da minha classe, por outro lado, com sua formosa arrogância, não parava de provar para os professores que estava disposto a seguir seu objetivo e não pretendia deixar que nada e ninguém o atrapalhasse, muito menos uma relação amorosa. Bem oposto de mim, não? Deve ser por isso que eu tinha uma pequena insatisfação em relação ao seu rosto pálido como de um vampiro, dos seus olhos azuis como um lago congelado, da sua altura mediana, do seu corpo mediocremente delineado e do seu andar rico e orgulhoso. Um perfeito inglês, eu diria.

Bom, sem ressentimentos, desde que não se intrometesse no momento em que eu estava vivendo, para mim ele poderia ser o que quiser, não me afetaria. Um rapaz cheio de pretendentes pelo seu status e beleza ingleses e mesmo assim desconsiderava todas? Eu, às vezes, pensava vagamente que ele poderia ser gay. Seria uma das maneiras mais fáceis de explicar tal fenômeno, mas eu não sabia ao certo.

Apesar disso, o melhor modo de concluir o ensino médio era manter-me firme nesses últimos suspiros na sala de aula, mesmo com a desagradável presunção do Adam que ainda me enjoava. Entretanto, tinha que conviver com ele todos os dias. Sentada bem atrás dele, sabia até como desenhar aquela nuca com cabelos castanhos de olhos fechados, não deixando de lado a inesquecível pinta perto da parte de trás da orelha esquerda dele, deixava o desenho mais desafiador nos mínimos detalhes.

Ainda que nunca tenha me dito uma saudação, somente breves insultos, o Sr. Arrogância até que demonstrara preocupação no início do último semestre escolar, parecia que ele estava intrigado com algo relacionado a mim que o incluía. Mas que tipo de ligação eu teria com ele?

Bom, eu ainda tinha que descobrir. E isso me lembrava de uma coisa: tenho que escrever na minha parede hoje! Eu tinha mania de escrever no meu quarto minhas frases diárias desde pequena, eu parecia mais leve depois de orar e escrever. Só que as palavras são espontâneas, por isso dependia da situação em que eu estava vivendo para assim definir um frase, porém todas vêm com um desenho diferente ao lado. E as desse dia eram: "Pétalas azuis."

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