E Se Existisse Redenção?

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"Eu me chamo Diana."

Aquela doce voz ecoaria pela cabeça de Jonathan por mais tempo do que ele conseguiria dizer, por um momento acabou até mesmo esquecendo a terrível visão que acabara de ter. Rapidamente olhou para trás na mesma direção e aquela pessoa — ele mesmo, especificamente — já tinha desaparecido. No mínimo era medonho, mas acabou voltando à atenção para Diana, e se esforçou para sorrir levemente.

— Meu nome é..
— Jonathan, né? — Ela interrompeu ele, com um sorriso travesso agora, e sentou-se em sua mesa virada para ele. — Você disse alto demais e todo mundo ouviu, cachorrinho medroso.
— E-Ei! — Ele corou um pouco, e ela apenas riu.
— Qual é! — Kevin interrompeu ela, um tanto quanto irritado.

Por um segundo ambos trocaram olhares um tanto quanto diferentes, e Diana levantou da mesa caminhando até a porta para sair. O professor ainda não tinha chegado, e apesar de toda a beleza e delicadeza visual, Diana não era uma menina "certinha" que se vê por aí. Pela primeira vez o coração de Jonathan disparou de forma incrível, enquanto ela resmungava algo sobre esta escola ser um inferno. Ela saiu da sala e ele se levantou, caminhando lentamente atrás dela, mesmo que Kevin tivesse tentado avisar para não o fazer.

— Ele sabe, Kevin? — Perguntou uma garota que se sentava logo atrás dele, tinha cabelos curtos que chegavam até o pescoço, eram negros. Olhos enegrecidos também e um óculos quadrado, esta era Emilly. Seu rosto era de alguém com tédio, e o som de sua voz estava abafado por estar com o rosto na mesa.
— Não. — Respondeu, simplório.
— Pois devia.
— ...

Apenas o silêncio reinava. Os passos ecoavam por todo o corredor que levava para fora da sala, Diana estava caminhando e logo do seu lado estava Jonathan, completamente quieto. Ela esperou que ambos chegassem no pátio, que por sua vez era vasto e cinzento com bancos e lugares como cantinas para comprar lanches, mas estavam fechadas.  No centro do pátio ela parou virada de costas para ele, e ele parou há dois metros.

— Ei, Jonathan.
— Huh?
— Você quer ir ver algo legal?
— Claro, mas onde? — Enquanto ele perguntava, ela se virava sorrindo.
— Nos fundos da escola, é o meu esconderi---

Antes mesmo que ela pudesse completar sua frase, Jonathan sentia uma mão grande e áspera segurar seu ombro na parte direita, e ao se virar deu de cara com Daniel que estava completamente irritado. Sua mão começou a apertar o ombro de Jonathan que reclamava um pouco de dor, tentando se afastar. Ela estava um pouco assustada e começou a recuar, enquanto Daniel (que parecia obcecado) disse em um tom raivoso:

— Então parece que a carne nova precisa ser temperada.
— Me solta! — Jonathan disse, mas foi recebido com um soco com a mão direita gigante de Daniel em seu rosto. O impacto e a força foram o suficiente para levar Jonathan ao chão, e o seu nariz sangrava quase que instantaneamente.

Jonathan caiu no chão com certa força resmungando baixinho de dor, levando as mãos perto do rosto. Diana parecia ter perdido todo aquele ar que atraiu Jonathan, seu rosto estava pálido e a expressão de assustada ainda reinava. Ela começava a cambalear enquanto tentava se desaproximar de Daniel que virou o olhar para ela, ele sussurrava coisas como "você não se esqueceu, esqueceu?", com certeza algo tivera acontecido. Jonathan estava com a visão turva, mas por pura proteção segurou com sua mão esquerda o pé direito de Daniel para que ele não continuasse andando. Por sua vez, Daniel virou-se com brutalidade e pisou com força no braço direito de Jonathan de forma com que o colocasse contra o chão, e um barulho de algo sendo quebrado poderia ser ouvido junto à um grito. Mesmo com toda aquela confusão, ninguém parecia vir ajudar, absolutamente ninguém.

"Jonathan..."

Alguém clamava pelo meu nome, me dizia para matar. Se eu não tivesse forças iria morrer, eu não sei o que está acontecendo.
Escuridão... Eu não consigo respirar.
Meu nome é...

— Parece que o fedelho não aprende. — Daniel iria pisar na cabeça de Jonathan com força, mas alguém ao fundo dava um grito.
— DANIEL! — Parecia ser o grito de uma mulher, e era realmente. A diretora estava na frente de um dos corredores que levava ao pátio, sorrindo. Daniel saiu correndo para outro lado, e ela caminhou lentamente até Jonathan. Ela se agachou — Oi docinho, hihi! Vamos ligar aos seus pais, por ora, descanse. E você garotinha... — Ela virou em direção à Diana — Já para a sala.

Ela apenas foi sem contestar, e a diretora voltava a olhar Jonathan sorrindo de orelha a orelha de uma forma horripilante. Suas feições eram sombrias demais para sequer serem notadas direito.

Você e sua família vão morrer aqui.

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