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Acordo de repente completamente suada, depois de mais um pesadelo. Esses pesadelos me perseguem desde que aquele homem tentou me estuprar em casa. Minha vida mudou depois daquele dia, vivo com medo de tudo e todos ao meu redor.

Depois do que aconteceu e com medo de que possa acontecer novamente, meus pais decidiram que se nós nos mudarmos de cidade, eu estaria mais segura e nada de mal me acontecia. Foi o que aconteceu, tudo melhorou, mas minha vida nunca voltou ser a mesma, não existia mais a alegria que sentia antes.

Terminei a escola e arrumei um emprego em um pequeno comércio, para ajudar meus pais com as despeça. Nunca namorei ou se quer beijei alguém na minha vida, não me senti confortável com isso. Tenho medo de que tudo volte acontecer. Não quero reviver tudo que lutei durante anos para tentar esquecer. Agora tento o máximo ser forte e seguir minha vida.

Quem me olha hoje, nunca imaginaria que algo tão horrível tenha acontecido em minha vida. Mesmo que o ato que aquele homem tinha tentado, não tenha se consumado, ainda me pergunto, por que eu? O que eu tinha de diferente das outras?. Ainda continuo vendo aquele olhar nojento sobre mim e sentindo o toque, que me faz sentir suja, todas as noites em meus sonhos.

Já cansei de contar, quantas manhãs eu já me levantei, depois de um pesadelo com aquele homem e esfregar minha pele com uma bucha centenas de vezes, tentando tirar qualquer vestígios se quer do seu toque em mim. Parece que todas as vezes que fecho meus olhos, o rosto dele aparece para me assombrar.

Sempre foi um pesadelo me aproximar das pessoas, não confio em mais ninguém, apenas em meus pais, que são tudo que eu tenho na vida.

                      *

Chego na pequena loja de doces em que eu trabalho como atendente. A abro e como era de manhã, o movimento era mais baixo. Então eu aproveitava para limpar as prateleiras e colocar os produtos novos que chegaram e organizando os demais em fileiras. Passo um pano embebido de álcool pelo balcão e ao levantar a cabeça, olho pelo vidro da frente da loja, um homem parado olhando em minha direção. Meu coração pula no peito, quando identifico a pessoa.

"não, não pode ser, ele ficou na outra cidade, não pode ter me achado aqui"

Um ônibus passa pela rua em frente ao homem que me causa pesadelos até hoje e em questão de segundos sumiu.

" Você deve estar imaginando coisas Anne, ele não pode ter te achado aqui"

Volto ao meu trabalho, terminando de limpar a bancada e todos os vidros da frente da loja. Tento limpar da minha mente a imagem daquele homem que me causa arrepios e tento me distrair com qualquer outra coisa.

Vejo uma mulher loira vestida com um casaco bege, amarrado em sua cintura e um Escarpam preto que combinava com os botões de suas vestes.

____Pois não senhora, em que posso ajudá-la? - Olho para ela e para a cliente.

____Eu gostaria de uma caixa de Cupcakes confeitados para levar - Abriu a bolsa e retirou a sua cadeira dela.

Pegou uma pequena caixa na prateleira e a levei até o balcão, abrindo a porta e colocando os 9 Cupcakes nela, a fechando com um lacre adesiva.

____Ficou 40 reais senhora - Digito na máquina e a nota fiscal saiu.

A moça me deu duas notas de 20 e eu coloco no caixa. Pego a compra da senhora e lhe entrego, ela sorriu para mim e saiu da loja.

Ao decorrer do dia foi tudo normal, atendi todos os clientes e repus as bandejas do balcão que já estava acabando. Eu era a única atendente, por ser uma loja pequena, mas na cozinha havia 5 confeiteiros.

Olho para o relógio na parede e percebo que já são 18:00, passou tão rápido o horário, então começo a trancar o caixa, os balcões, aciono o alarme e fecho a loja.

____Filha - Escuto a voz da minha mãe, me fazendo virar em sua direção.

Minha mãe e meu pai vinham me buscar todos os dias no trabalhos, desde o incidente, eles nunca mais me deixaram voltar para casa sozinha.

____Sabemos que você já tem 20 anos querida, mas não consigo parar de ter esse cuidado com você - Minha mãe me abraçou, com lágrimas nos olhos.

____Está tudo bem mãe, eu adoro que você e o pai venham me buscar.

Caminhamos em direção da nossa casa, pelas calçadas. A cidade não estava muito movimentada, mais era ótimo sentir a brisa da tarde em meu cabelo, enquanto ando abraçada com os meus pais pelas ruas.

Um carro preto para perto de nós na calçada, continuamos caminhando, mas achei estranho o veículo não ter uma placa, talvez tinha acabado de ser comprado. Uma sensação ruim apertou meu peito, como se alguma coisa fosse acontecer, mais sabe quando nada passa em sua cabeça e você não liga?

Sinto alguém me agarrando de surpresa me fazendo me soltar dos meus pais, me fazendo espernear. Olho para trás e vejo dois homens enormes, brancos, vestidos de preto, cabelo raspado estilo militar, um era loiro e o outro moreno. O moreno tinha uma cicatriz no rosto de faca.

____Me solta, mãe, pai - Me debato nos braços do homem e vejo meus pais sendo agarrados também.

_____Socorro - Grito, mas a rua estava deserta e não tinha nenhuma alma para nos salvarmos.

Fomos colocados dentro do carro negro, meus pais me abraçam, enquanto eu e minha mãe nos debulhávamos em lágrimas.

____Por favor, nos levem, mas deixe a minha filha - Minha mãe olhava para os dois homens que agora percebo que os dois estão encapuzados.

____É a sua filha que queremos, vocês dois são apenas um brinde - O homem ri.

Um dos homens veio até nós e colocou um capuz em nossas cabeças. Eu estava com medo e não conseguia ver nada ao meu redor, apenas o pano negro. Escuto o som do choro da minhas mãe que está abraçado a mim e ao meu pai.

Parecia que havia passado horas dentro do carro, não sabia para aonde estávamos indo, apenas sentia as curvas, a ponte e ouvia os pedregulhos batendo contra a lataria quando passávamos por uma estrada de terra. Consigo escutar os barulhos dos pássaros do fora e o choro da minha mãe.

____Cala boca mulher - O homem diz e escuto a minha mãe ofegar.

____Tenho certeza que o nosso chefe vai adorar a garota, ela é tão gostosa. - Escutar o que ele me diz, me faz até ter arrepios.

Não demorou muito para que o carro parasse, mostrando que tínhamos chegado ao nosso destino. Meu corpo inteiro treme de medo do que poderia acontecer comigo e com a minha família. A porta abre e sou puxada para fora, tento lutar, chutar o homem que me agarra pelos braços e me arrasta pelo chão.

____Me solta, me solta seu brutamonte - Me debato o máximo que eu posso em seus braços, mas ele continuava me arrastando.

Vejo o outro homem, arrastando meus pais para o lado contrário do meu. Comecei a entrar em pânico, minha mãe começou a chorar e a gritar, se debatendo e querendo se soltar correr atrás mim.

____Mamãe, papai, me solte seu desgraçado, para aonde estão os levando? - Me debato e piso com força no pé do homem o fazendo me soltar.

Saio correndo em direção aos meus pais, tentando os abraçar, mas sinto um puxão em meu cabelo e vou para o chão, gritando de dor.

____Pode ir se despedindo do seus pais gostosura, você não irá mais vê-los, nunca mais - Me puxa para ele e sussurra em meu ouvido.

____Por favor, não faça nada com eles - Peço, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.

____Filha, amamos você, iremos te amar por toda a vida - Escuto minha mãe gritar.

____Eu também amo vocês - Respondo, chorando desesperada os vê-los se afastarem de mim.

Sou arrastada pelo homem pelo local me debulhando em lágrimas, mas consegui reparar no local onde eu estava.

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Oi meus amores, espero que tenham gostado desse capítulo. Não se esqueçam de commentar e deixar uma estrelinha.

A Escrava Anne (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora