Visto pelos teus olhos

Rosas

[ pov's Nath]

   Acordo ao sentir o sol a bater-me na cara. Não me lembro de ter adormecido coberto mas isso não importa muito. Levanto-me e vou vestir umas calças de ganga e uma camisa branca com uns bordados em preto. Vou até á casa de banho fazer todo o tipo de higiene necessário para começar o dia. Ato os meus cabelos para traz e vou para a cozinha onde encontro-me a sós com o meu pai. Sento-me á sua frente e reparo que ele está a segurar uma foto da minha mãe.
   -Se ela ainda estivesse aqui as coisas seriam diferentes...- ele fala acariciando a bochecha dela na foto. É como se por um segundo conseguisse ver o meu pai.
   -Ela faz muita falta aqui, é verdade,mas ela...-
   -MAS NADA NATHANIEL!- ele começa a chorar- ELA NÃO VAI VOLTAR, FILHO, NUNCA MAIS!...Ela foi-se, foi-se para sempre...
   Aproximo-me do meu pai e abraço-o. Podia ser um erro, mas eu sei que lá no fundo  o meu pai, o pai que me fazir sorrir e me fazia feliz está lá escondido.
   -Nathaniel... pareces-te tanto com ela...- ele acaricia a minha bochecha e encosta e sua testa contra a minha, fechando os olhos. -Desculpa-me meu filho... Já não me consigo controlar... Por favor perdoa-me... Perdoa-me...Não te quero fazer mal...
   -Pai..!- sinto-o a agarrar-se com força ás minhas mãos e olho para o seu rosto mergulhado em lágrimas.
   -Ficarás melhor sem mim...- ele abraça-me com força. -Quando voltares da tua viagem, deixarei as tuas malas á porta de casa e dentro estará um envelope com todo o dinheiro que consegui guardar até agora. Foge. Só isso e lembra-te sempre disto...- ele coloca a minha mão no seu peito - eu e a tua mãe estaremos sempre contigo.
   Ele dá-me um meio sorriso e beija a minha testa. Sinto as lágrimas a descerem pelas minhas bochechas abaixo enquanto que o meu pai abraçava-me acariciando as minhas costas.
   -Desculpa-me por não ter sido o pai que tu precisavas...

   Neste dia, não tinha percebido mas o meu pai estava a pedir-me ajuda. Ele, mais do que nunca, precisava que alguém o ajudasse. Percebi isso demasiado tarde. Tinha sido a ultima vez que o vi.

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   Chego á escola a correr e reparo que já estavam todos prontos para entrar no autocarro que nos levará para o aeroporto. Hoje vai ser um dia especial, pois, iremos viajar para os EUA! Todas as turmas do ultimo ano do liceu vão. Sento-me na beira da estrada á espera que a chamada comece. Vejo a Marinette chegar apressada e a esbarrar-se contra o Adrien, que  segura-a, fazendo com que ela não caia. Tenho que admitir que eles foram feitos um para o outro! Sorrio ao ver que ela estava feliz ao lado dele. Os meus olhos são tapados do nada. Passo as minhas mãos pelas mãos que estavam a tapar-me a visão e essa pessoa retira-as de imediato.
   -Boo! - Luka senta-se ao meu lado sorrindo .- Olá Nathaniel!
   -Ah! Bom dia! - sorrio de volta. - Então, tu também vens?
   - Sim! Não podia perder esta oportunidade!- ele fala animado como uma criança de 5 anos á espera das prendas no dia de Natal. Rio da sua reação.
   Ouço o meu nome a ser chamado. Vou na direção do professor para confirmar a minha presença e vou para dentro do autocarro. Sento-me num lugar livre e a Marinette vem sentar-se ao meu lado.
   -Bom dia Nathaniel!- ela fala sorrindo para mim e estendendo-me uma caixinha rosa pastel.
   - Bom dia Marinette. Posso perguntar-te uma coisinha?
   -Sim, claro! Mas antes, prova um dos meus bolinhos!- pego num e como.
   -Hum! São uma delícia, como sempre!!- falo com a boca um pouco cheia.
   -Ok, então acho que os  vou oferecer ao Adrien, obrigada! Agora força, faz aí a pergunta.
   -Bem Marinette, então a pergunta é... bem, achas que o Luka já tem par para colega de quarto? É que não estou á vontade com os outros rapazes...- falo cabisbaixo.
- Owh... Nath, não sei mas acho que vais poder perguntar-lhe diretamente! - ela fala apontando com a cabeça para a porta por onde ele acabava de entrar. Ela acaricia os meus cabelos para se despedir, e vai embora para a beira da Alya.
   O Luka vem sentar-se ao meu lado e fico paralisado, começando a ficar vermelho que nem um tomate.
   - Nem me dissestes até já!- ele faz uma cara de zangado.
   - E era preciso?- respondo, rindo.
   -Sim!- ele fala como se fosse uma criança.
   O resto dos 10 minutos de viagem até ao aeroporto estivemos a discutir só com a palavra sim ou não até que a Chloé decidiu juntar-se á conversa.
   -Então Nathaniel, não sabia que ias por esses lados!- ela fala num tom de gozo.
   - E se fosse esse o caso, não tinhas nada a ver com isso! Afinal a vida é minha- Ela interrompe-me. Tento manter a calma.
   - Acho que esse aí ao teu lado merecia uma companhia melhor, não achas xuxuzinho?- ela fala sentando-se ao lado do Luka, empurrando-me para fora do meu lugar, enquanto fazia-lhe olhinhos.
   - Bem, eu acho que o MEU namorado é uma "melhor companhia " que tu, xuxuzinha.- Luka responde-lhe num tom irónico e calmo ao mesmo tempo. Ela vai-se embora com cara de nojo.
   Agora que penso... Ele disse namorado?! Namorado?? De onde ele foi tirar essa?!
   -Nathaniel, desculpa... espero que não te tenha incomodado com aquilo que disse ainda agora.- ele sorri.- Pode não ser verdade, mas fez com que ela saísse da nossa beira e que não nos chateasse mais por enquanto.
   Fico um pouco desapontado. O sinal de chegada toca e saímos todos a pares, incluindo eu com o Luka. Não lhe tinha pedido nada mas penso que ele ja tinha percebido que ainda não tinha ninguém... e ele também não.
   Fico paralisado ao chegarmos perto do avião, lembrando-me que tenho medo de alturas. Merda! Ele nota o meu nervosismo e agarra a minha mão com força, dando-me um olhar de segurança. Fico um pouco aliviado e respiro fundo.
   - As pessoas sempre foram tão más contigo?- ele fala para reduzir a tensão.
   -Bem, a Marinette e os meus amigos sempre foram simpáticos comigo e ajudaram-me sempre que precisei. - sorrio ao lembrar de quando o Kim fazia bullying comigo por causa da Chloé e que todos os meus amigos defenderam-me .
   - Tens muita sorte em teres amigos como eles, que se preocupam contigo.- ele acaricia a minha cabeça.
Nem tinha dado conta mas já estávamos dentro do avião. Agradeço mentalmente por tê-lo ao meu lado neste momento!
   Sento-me no banco ao seu lado e tento ficar o mais confortável possível. Sinto o meu corpo inteiro a tremer e agarro-me ao banco. Fecho os olhos com força e respiro fundo. O avião começa a tremer, antecipando a descolagem. Preparo-me para soltar um grito mas algo detém-me. Arregalo os olhos e fico chocado. O Luka estava a beijar-me...EU ESTAVA A BEIJAR O LUKA!! Tentei acalmar o meu coração mas quanto mais tentava mais ele batia rápido. Podia dizer que batia tão alto ao ponte de ele o conseguir ouvir.
   Os nossos lábios descolam-se e sinto o meu rosto a queimar de vergonha. Tento esconder-me entre os fios do meu cabelos,  já que sabia que as minhas bochechas estavam mais vermelhas que um tomate.
   -P-para quê que foi isso?!- tento parecer chateado.
   -Eheh...desculpa mas foi a primeira coisa que me veio á cabeça para conseguir calar-te, isso costuma funcionar nos filmes.
   -Isso só acontece entre casais! Sabias que podias simplesmente ter posto a mão á frente da minha boca, certo?
   -Certo.- ele fica um pouco em silêncio mas logo em seguida os seus lábios formam um sorriso malicioso - Mas assim foi bem mais divertido!
    -Ahah. - rio ironicamente.
   -Hey, em vez de resmungar chega aqui! - ele puxa-me para mais perto dele e aponta para a janela.
   -Waw...- falo ao ver Paris do lado de cima. Então é assim que os passarinhos se sentem?
   Fecho os olhos e tento imaginar-me a voar por esse céu azul e a observar cada lugar diferente e maravilhoso. Talvez isso um dia aconteça, quando virar pó e estiver bem lá em cima, no meio do nada. Nunca se sabe quando ou como. Mas quando isso acontecer, será o dia em que talvez eu possa sentir-me bem, sentir-me feliz. Encontrar finalmente uma paz interior. É engraçado como penso tanto no futuro ao ponto de, às vezes, não conseguir viver o meu próprio presente.
   -Nathaniel?...Nathaniel...Ehoh acorda!- Luka abana-me todo, com uma expressão preocupada.
   - Ah...desculpe eu só-
   -Podes dormir se quiseres... desculpa-me.-  ele dá-me um meio sorriso e dá umas palmadinhas no seu ombro como sinal para eu deitar lá a cabeça.
   - Obrigado...- falo baixo, deito-me e volto a fechar os olhos.

Amor,
Tu que chegas de repente
Tu que aconteces tão depressa,
Tu que partes sem nunca dizer quando voltas.
Porquê que te quero tanto
Quando tanto mal me fazes?
Porque sei que isso é um grande passo
Para te conquistar,
Provar que te mereço.
És como uma bela rosa
Todos te querem
Mas poucos te têm
Mas como tudo
A beleza dói.
As tuas pétalas são magnificas
Mas cada um dos teus espinhos mostram uma realidade amarga.

   Encontro-me numa sala vazia e escura. Pouco a pouco enche-se de luz, mostrando várias portas. No centro da sala estava uma bela rosa cor de sangue suspensa no ar. Ela atrai-me como um mosquito para a luz. O meu corpo move-se sozinho até ela. Quero pegar nela. Mas quanto mais tento aproximar-me dela, mais ela foge. Quando finalmente consegui alcançá-la, tento pegá-la. Ao tentar, pico-me. Doeu, mas não quis parar de tentar. Volto a tentar, mas pico-me mais uma vez. A rosa começa a crescer e a crescer, até englobar-me. Fico surpreso e sorrio. Talvez ela tenha-me aceito. Quando tento voltar a aproximar-me, finalmente toco em uma das suas pétalas, os espinhos voltam a crescer cada vez mais até que eles me perfurem e a rosa começa a murchar.

   Acordo do meu pesadelo e deparo-me com o Luka a ver um filme na tela do banco.
   -Acordaste Bela Adormecida?- ele fala rindo.
   - Penso que sim..?- respondo após um longo suspiro. Tento enxergar o que ele estava a ver e caio na risada.
   -Ei, nunca viste alguém a ver a Dora?!- ele pergunta rindo - É bem útil para praticar Inglês xuxuzinho- ele imita mais uma vez a Chloé.
   -Mudando de assunto, dormi por quanto tempo mesmo?
   - Bem, a viajem toda, estamos prestes a aterrar.- ele responde acariciando os meus cabelos.
   -NY aqui estamos nós!- falo entusiasmado.

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Olá! Espero que tenham gostado deste capítulo, até á próxima!