"Um piscar de olhos e tudo o que um dia conheci já não faz tanto sentido quanto deveria"
Ela está de costas para mim, olhando para o espaço, com os braços para trás. Seus cabelos são curtos e tem cor de fogo. Suas roupas pretas quase se fundem com seu corpo. A postura rígida me impede de chegar perto. Parece que ela pode sentir minha presença e está brincando comigo. E quando ouço sua voz, tenho certeza de que pode.
- Acredito que a senhorita não deveria estar aqui – sua voz é firme e doce ao mesmo tempo.
- Me desculpe, realmente não sei onde estou ou se deveria estar aqui – a única coisa que posso fazer é ser honesta e descobrir o que está acontecendo.
- Tudo se resume a: quando você chegou e de onde você é? – ela enumera.
- De onde sou? – a pergunta me deixa confusa – Bom, depende. Eu nasci na Grécia, mas meus pais se mudaram comigo para o Brasil quando eu era um bebe e desde então já morei em quase todos os estados do país. Então, de onde eu sou é uma resposta um tanto quanto abrangente, não acha?
- Você sempre responde uma pergunta com outra? – ela se diverte com a minha confusão – Vou tentar novamente. De que planeta você vem?
- Planeta? Da Terra, óbvio.
- Não tão óbvio quanto você imagina – ela finalmente se vira e posso vê-la.
Seus olhos azuis parecem ver além de mim. São profundos e intensos. É a segunda coisa mais incrível que vejo hoje.
- O que você quer dizer com isso?
- Antes de responder a todas as perguntas que possa querer me fazer, seria bom saber seu nome.
- Nicole – respondo.
- Aquela que leva o povo a vitória – ela sussurra.
- Perdão, o que disse?
- Nada importante – ela se aproxima devagar – É um prazer conhece-la Nicole. Me chamo Cam e sou a segunda no comando desta aeronave – ela estende a mão em minha direção, para que eu possa cumprimenta-la.
- O prazer é meu, Cam – respondo – Agora que já nos conhecemos formalmente, pode me explicar exatamente o que está acontecendo?
- Acho que a resposta mais rápida e objetiva é: você entrou por engano na minha aeronave quando, também por engano, pousamos em seu planeta. E agora você é minha passageira.
- O que quer dizer com "meu planeta"? Você vem de onde?
- De um lugar a alguns quilômetros daqui – as respostas que ela dá me deixam com ainda mais questionamentos.
- Ok. E como faço para voltar para casa?
- Quanto a isso – ela fala desconsertada – Talvez demore um pouco – Cam coça a nunca - Nós tivemos um problema com o navegador e estamos voltando ao meu planeta para arrumar. Não temos como te mandar de volta por enquanto.
- Seu... planeta?
- Eirini. Não fica tão distante daqui quanto eu faço parecer.
- Nunca ouvi falar.
- Tem muitas coisas que seu povo não faz ideia da existência.
- Eu acredito – tanto que não sei como explicar – Quanto tempo acha que vai demorar?
- Não tenho certeza. Poderei te dar uma previsão quando chegarmos a Eirini.
- Tudo bem – concordo – Acho que deveria estar assustada, ou ao menos preocupada, mas estou achando interessante.
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Eirini - A civilização perdida
Science FictionDe repente, o mundo fica completamente maluco. Nada mais é como antes, ninguém mais é quem costumava ser. E a volta para casa nunca foi tão demorada...