A solidão forçava-me a entregar a minha voz ao vazio
Entrego ao vazio não só a voz como toda a minha alma.
Crio mundos, dimensões e até histórias para evitar a imensuravel solidão.
Perplexa, eu olho e observo as vítimas desta vida. E nas suas costas vejo todas as facas horrendas a criar uma imensidão de feridas incuráveis. Nos seus rostos observo um sorriso enganador que tenta disfarçar toda aquela ignóbil prostração.
Vítimas presas, enjauladas, cortadas e decadentes.
Sou uma delas, sem voz sem nada. Carrego em mim todas as suas consternações e vivo a soturnidade profunda.
Esta sala escura relembra-me do passado e quando a luz aparece observo todo o sangue que me cobre.
Corpos dilacerados no chão vermelho e a cor escarlate prevalece.
Tudo morto e eu suja com o seu sangue. Guardei as suas feridas, guardei as suas mágoas e prendi-me às correntes sanguinárias.
Sou uma assassina porque assassinei as suas vidas mas salvei-as de todas as suas feridas.
Por cada morte tenho uma corrente e por cada suspiro tenho uma dor.
Vida a minha perdida mas vida a deles salva.
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Endless moments
RandomUm conjunto de textos que refletem a complexidade da vida humana. Desabafos aleatórios e metafóricos de momentos irreais. A moléstia que viveu dentro de mim e a soturnidade que até hoje está presente.