Espetro

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A lâmina que podia ter tirado a minha vida caiu juntamente com as minhas lágrimas de desespero que me cortaram o rosto.
Num simples gesto abandono tudo e fujo, fujo para a escuridão impenetrável onde procuro a luz que me irá guiar.
Caminho pelo obscuro, perdida, gelada e ferida.
Arrasto-me pelo meio daquelas árvores de mãos dadas com algo que desconheço e não vejo mas que sinto a sua presença acima de tudo. .
Conheci a verdadeira escuridão, escuridão essa que consternadamente me modificou tornando-me no monstro que nunca revelo.
No fim do bosque observo a lua cheia que me guia para o fim, e num ato de pura coragem eu atiro-me, sem medo e sem prostração, atiro-me lado a lado com o vazio.
Ao cair na água não me movo, o frio congela-me e a minha mente apenas aguarda pela onda que possa acabar com tudo isto.
E a onda bateu e o tempo parou, a rocha partiu o que restava de mim, oiço os ossos a quebrar e lentamente afundo-me na sua forma literal.
Vagueio morta pelo oceno, perdida com o tempo. O sal corrói-me as veias e o meu sangue espalha-se pela imensidão marítima que nada possui.
Não sinto nada porque morri, e perdida naquele oceano eu vou desfalecendo até desaparecer e ser completamente esquecida. A minha morte não significou nada, só me transportou, tudo permanecerá igual só que melhor.
E Ainda hoje me arrasto pelas águas do oceano, completamente despedaçada e destruída e do topo do abismo observo o meu corpo aos pedaços e a minha vida afundada.
E como espetro que sou eu vagueio e encaminho as almas perdidas para o oceano que tão furiosamente me salvou.

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