Suicidio

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Está escuro de novo. A melancolia do crepúsculo deu lugar à tristeza incompreendida da noite profunda.
Ao longe observo a linha solar que está a dar lugar a um novo dia e a uma nova morte.
Viver para sofrer, e tudo se estranha quando a esperança de um novo dia desaparece.
Desaparece juntamente com os suspiros involuntários que lembram a continuação infeliz desta vida.
Neste momento, apenas procuramos por algo que nos possa tirar a vida de forma involuntária, algo que nos tire a vida sem termos de ganhar coragem para nós mesmos o fazermos. Algo que sufoque menos que a vida e que doa menos que um novo suspiro.
O chamamento pela morte revela se continuo enquanto a vida mantém o seu rumo incerto de momentos ignóbeis.
A vida está cada vez mais distante e a felicidade já perdeu a visão, cegando todos os seus filhos que nada sabem sobre ela.
Ignóbil a vontade de ver, desconhecida a vontade de respirar e a morte volta a surgir no pensamento.
Perguntas desnecessárias surgem e as respostas são encobertas. Perderei muito por morrer hoje? Será que me falta viver algo?
Respostas indesvendáveis, momentos perdidos, o remorso aumenta, mas a vontade de morrer mantém-se.
Chegou a altura de vomitar tudo o que vivi ao ar, que me ouve atentamente, respondendo-me com brisas calmas.
Depois de tudo dito, tudo se esquece, a morte permanece.
E embrulhada naquele céu sem estrelas pressinto a chegada dum espetro que me vai abraçando até só haver escuridão.
E naquele momento os sentidos param e os pensamentos são absorvidos, tudo acaba e chego à conclusão de que nunca houve nada.
O som de um tiro ecoa na minha mente, chegou o fim. As trevas venceram.

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