Um Último Supiro

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"Tudo estava tão escuro, a pouca iluminação que tinha estava obstruída pelas nuvens e um piscar de olhos pode mudar o destino."

As ruas de East End estão vazias depois dos assassinatos, mas eu tenho que continuar mesmo assim, minhas pernas me guiam por um sonho e o que tem no meio delas satisfaz o meu desejo de o conseguir o mais breve possível. Não fui a única por aqui com essa esperança, mas depois dos assassinatos acredito que sou uma das poucas a manter um sonho por aqui.

Estava eu e minha amável companheira Mary, após sairmos de uma taberna eu fui para um beco urinar a poucos metros da onde ela estava, era uma noite com pouquíssima visibilidade. Estávamos rindo, embriagadas, ela me falou que iria sentar, respondi de longe que como estão as coisas, passaríamos a noite toda sentadas e comecei a rir, mas não ouvi a risada dela junto, uma coisa bem incomum pois ela ria de qualquer coisa que eu dicesse, acredito que ria até quando estava satisfazendo algum cliente. Pensei, ela deve estar encostada se agarrando com algum Lord falido, me levantei e fui ao encontro dela. Virando a esquina à poucos metros da onde eu estava, vi a minha companheira afogada no seu próprio sangue, mas depois de muito observá-la, não sabia o que fazer no momento a não ser correr, sem fazer muito barulho, corri o mais rápido que pude até que olho para o lado vejo uma figura sob breo da madrugada, mas um fato curioso é que seus olhos brilhavam...

Brilhavam um vermelho que parecia que iria me engolir por completa, parei de imediato sem notar o que realmente tinha acontecido de fato, minhas pernas pararam instantaneamente, então ele sorriu e entrou por uma porta pequena, escondida e ofuscada, deixando entreaberta. Por mais que o cliente seja estranho, não posso recusar, a conta da taberna aumentou muito nesses últimos dias, pensei rapidamente isso no momento e fui ao encontro.

Entrei pela porta e tudo o que via era branco, sem móveis e só uma cama, uma cama linda com lençóis brancos com bordados vitorianos da cor prata. O cheiro no ar era de terra molhada e ervas, como se estivesse em um bosque. Então me deito na cama, exausta e olho para cima, o teto não existia, podia ver o céu, escuro e em tempestade de raios, entro em ecstase imediatamente, como se entrasse em um outro universo, não penso nada, não sinto nada, a não ser o estado intenso de paz. Então fecho os olhos por um instante, queria que fosse o último momento, talvez um último suspiro depois de perder a minha companheira. Até que então, sinto uma presença, intensa, como se fosse me sugar para si, quando me dei conta estava nua na cama com alguém ao meu lado. O branco se transformou em vermelho.

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