Capítulo 1:Bem-Vindos a Ilha de El!!

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E outra onda se desmanchava, aquele dia na praia estava mais comum do que de costume, e com comum eu digo que tinha música alta, meio mundo de gente pra lá e pra cá correndo, rindo, bebendo, outros já haviam ido dar um pulo na água, e logo voltariam para recarregar as energias, o mar hoje estava como quase todos os dias, perigosamente divertido para surfistas e no meio deste furacão todo estou eu e minha irmã correndo pra lá e pra cá pra atender todo mundo com a eficácia necessária, nosso pequeno quiosque faz um baita sucesso na região então já viu né, loucura total pra trabalhar, e pra melhorar, ou piorar tudo, estamos no início do verão, logo até turistas vem aqui e temos que nos esforçar dobrado, bem o lado positivo é que não da pra reclamar que não fazemos exercícios né, mas enfim, vida de trabalhador de bar tem muitas restrições, positivas ou negativas, uma das positivas é “o movimento uma hora acalma” a negativa é que não existe “depois que o horário de pico” sempre há uma clientela bem....”ativa” por aqui não importa muito que horas vá abrir, o faturamento compensa pelo menos.

—Ei Elsword! A mesa sete! —Gritou Elesis enquanto passava por outro corredor com uma bandeja em mãos.

—Já ouvi, anotei e estou indo! —Gritei de volta correndo com outras bandejas em mãos.

Bem, essa é a minha rotina a quase quatro anos, então não estranhem nossa primeira narração pra história estar ligeiramente corrida e até um tanto curta demais, é por que realmente eu e Elesis sempre corremos boa parte do dia pra fazer tudo, isso não é necessariamente ruim, mas atrapalha no entendimento de vocês de qualquer forma, enfim, fui atender a bendita mesa sete e após levar o que eles queriam dei um pulo no freezer atrás do balcão pra pegar outras bebidas para outra mesa, enquanto eu fazia isso ouvi outras vozes conhecidas no meio de toda aquela loucura, eu reconheço bem aquele tom em qualquer lugar, recolhi mais cervejas geladas e assim que as pus no balcão dei de cara com Chung e Raven, meus melhores amigos e também camaradas de onda.

—Eae rapaziada, tão afim? —Ironizei brincando enquanto estendi as cervejas pra eles sorrindo, ambos por sua vez caíram no riso.

—Eu vou considerar isso um “preciso de ajuda.” —Disse Chung rindo enquanto pegava uma garrafa.

—Diz a mesa logo vai. —Disse Raven balançando a cabeça negativamente enquanto pegava outra garrafa.

—13 e 15, mas antes de irem falem ai, o que os trouxe aqui? Vocês não costumam estar aqui em horário de pico. —Perguntei enquanto ia pro freezer pegar mais cervejas.

—Viemos contar uma novidade que ta correndo pela ilha. —Disse Chung.

—Tivemos uma idéia relacionada a isso e queríamos te chamar pra participar. —Complementou Raven.

—Linda demonstração de amizade, agora contem a novidade enquanto trabalham. —Disse pulando o balcão com outras cervejas em mãos.

—Desde quando trabalhamos aqui? —Chung brincou rindo.

—FAÍSCA! MESA 13 E 15! AGORA! —Berrou Elesis do outro lado do estabelecimento e diferente dos dois que ficaram assustados eu apenas respondi a altura.

—JÁ OUVI, ANOTEI E TO LEVANDO! —Berrei pra ela logo olhei pros dois. —Vão querer encarar a fera? Olha que se não ajudarem ela para de dar desconto hein. —Mal terminei de falar e os dois já saíram correndo pras mesas entregar as bebidas, caí na gargalhada e fui atender outras pessoas.

Chung e Raven são meus amigos desde a época que eu ia pra praia só pra brincar, somos bem unidos e em consideração a isso depois que a Elesis assumiu o quiosque ela deu algumas liberdades a eles pra pegarem algumas bebidas até grátis se necessário, eu não tenho muitos amigos apesar de ser mais sujeito a isso e talvez por serem os únicos que eu tenha minha irmã deve ter aberto essa exceção, ainda mais depois de todo o rolo que tive pra conhecer os dois e tudo mais, é uma história longa demais pra contar agora então depois falamos sobre isso, então, enquanto nós quatro íamos servindo e de lá pra cá entre uma brincadeira e outra aproveitamos o ritmo corrido pra conversarmos e eles me explicarem melhor essa tal novidade na qual eu estou bem desinformado diga-se de passagem.

—Fala ae qual a grande bomba? —Perguntei a Raven que estava servindo a mesa ao lado da minha, tanto eu quanto ele estávamos abrindo as cervejas ao mesmo tempo.

—Alguns turistas e gente importante vem passando pelos aeroportos da cidade ultimamente. —Disse ele assim que abriu a garrafa e derramou o liquido no copo para a cliente ao mesmo tempo que eu.

—E daí? —Perguntei enquanto deixei a cerveja sobre a mesa do cliente e voltei ao balcão lado a lado com Raven.

—E daí que dentre essa gente importante está Ana Testarossa. —Ouvi Chung dizer isso assim que chegamos no balcão, ele estava mexendo no freezer e assim que tirou as cervejas continuou. —Pensa rápido! —Disse ele jogando as garrafas em mim em Raven na qual pegamos sem problemas. —Mesas 20 e 22 vão!

—Certo, quem é Ana Testarossa?—Perguntei a Raven enquanto andávamos com as cervejas em mãos rumo as mesas com uma cara confusa.

—É a Rose cara.—Disse ele enquanto foi pra mesa que ficava praticamente colada a que eu serviria.

—Aaaaa sim... —Disse como se fosse uma grande novidade, e até era de certo modo, afinal eu só conhecia a Rose...como Rose, então pra mim sempre foi Rose. —Tá mas e daí?

—E daí que a Rose é uma das donas da Sports Summer, e esse projeto vem pra ilha de El este ano com um novo objetivo! —Raven se animava enquanto contava e assim que terminamos de servir íamos voltando a passos apressados no balcão e eu ainda não tava entendendo PN. {Nota:PN=Porra nenhuma.}

—Que seria?... —Questionei aguardando uma resposta dele enquanto bati duas vezes no amadeirado do balcão para alertar Chung pra mandar as cervejas rápido.

—Que o legendário CAS vai ser sediado esse ano pelo seu local de origem...as ilhas de El irmão! —Disse Chung empolgado jogando as garrafas pra mim e pra Raven.  —Nós vamos participar do Campeonato Anual de Surf! —Ao ouvir aquilo peguei a garrafa totalmente estático.

—Ta de Brinks...

—E acha que brincaríamos com uma coisa dessas Elsword? Isso é mais sério que os tsunamis da praia de Hamel! —Raven disse empolgado.

—Eu não to acreditando, depois de tantos anos finalmente teremos uma chance! —Disse alto animadamente.

—Então você topa ser do nosso time?! —Chung quase pulou do balcão pra fazer a pergunta.

—Que tipo de pergunta é essa loirinha? É CLARO QUE EU TOPO! VAMO ESTRONDAR ESSE MAR! —Não pude conter o grito de ânimo e fui acompanhado pelos meus amigos.

Daí pra frente meu dia foi simplesmente sensacional, não que tenha ocorrido algo de diferente além disso mas aquela informação era tão empolgante que não tinha bem como considerar meu dia ruim depois de saber que em breve iria competir no meu primeiro campeonato de Surf, Elesis sempre me contou a história que estes campeonatos surgiram aqui na ilha de El mesmo, onde surfistas profissionais velhos e feras no assunto avaliavam equipes e suas performances em pleno mar e a equipe vencedora além de ganhar o título de lenda da praia da região ainda eram muito bem recompensados, depois que um empresário rico viu tal tradição a adotou e alterou alguns dos prêmios e com o tempo os surfistas que avaliariam a geração seguinte eram levados para disputar com outros em outros países, por isso o campeonato se tornou migratório e a última edição sediada por El foi a 5 anos atrás, onde eu não pude competir por ser jovem demais, ou melhor, uma criança. A novidade ofuscou tanto meus pensamentos que mal vi o dia passar, eu só conseguia falar de treinos secretos, exploração nas matas pra procurar outras praias desertas dentre muitas outras coisas que nos ajudariam a vencer e a melhorar nossas habilidades, a noite então caiu e prosseguiu, depois que o quiosque fechou na hora do jantar na nossa simples casa contei a novidade a Elesis e a mesma ficou com os olhos radiantes de animação.

—É sério isso Elsword?! —Disse ela.

—Eu também não acreditei de primeira mas os caras garantiram que o campeonato ocorreria! —Disse empolgado atacando o prato de comida.

—Por Zig! Um CAS aqui de novo depois de tanto tempo! Mal posso esperar! —Elesis disse totalmente empolgada.

—É sensacional demais irmã! Vai ter equipes diversas, avaliadores mundiais e...pera, VOCÊ VAI PARTICIPAR!? —Parei de comer na hora e berrei incrédulo.

—Ora por que não? Sou praticante do esporte tanto e tão bem quanto você irmãozinho querido. —Ela retrucou meiga e irônica.

—Isso eu até entendo e respeito muito, mas digo, com quem você vai participar? Exige uma equipe pra entrar e eu já estou em uma. —Questionei curioso.

—Ah isso eu resolvo sozinha não se preocupe, uma equipe é o de menos agora, ai estou mega anciosa para a abertura oficial das inscrições, faz tempo que não participo de um campeonato grande de novo! —Respondeu ela.

—De novo?—Estranhei.

—Ah você não lembra? Eu já participei do CAS mirim a muito tempo e venci com meu time. —Disse ela convencida.

—Isso é mentira! —Afirmei firme.

—Ta duvidando de mim é? —Ela riu enquanto cruzou os braços.

—Eu posso ser uma porta andante mas quando se trata de surf eu nunca esqueço UM DETALHE da minha trajetória de vida e posso afirmar com certeza que você nunca ganhou nada Elesis Sieghart!

—É mesmo? Fui eu que te ensinei a surfar irmãozinho!

—Isso não prova nada! Eu nunca vi troféu algum seu em lugar nenhum para de blasfemar com a boa notícia! —Disse um pouco alterado, ela queria mesmo me convencer que era verdade que ela venceu algo.

—Mas é sério irmão. —Ela riu na minha cara enquanto dizia só pra provocar.

—Ah é? Prove.

—Não dá.

—Por que?!

—Loooonga história, mas bem, isso não é importante, eu finalmente poderei finalmente competir num mesmo campeonato que você e te vencer! Não é demais!? —Ela ta tirando com a minha cara pra ter dito isso tão na minha cara.

—Ei! Quem disse que eu vou perder!? —Reclamei revoltado.

—Lembre-se irmão...fui eu que te ensinei a surfar... —Ela então me lançou um olhar superior e um sorriso desafiador. —Tudo que você sabe eu sei muito melhor, acha que não sou uma oponente relevante?

—Eu te considero uma oponente relevante até demais...e é justamente por isso.. —Sorri convencido e lhe mandei um olhar determinado. —Que eu vou te superar Elesis, anota isso no seu bloquinho de contas!

—Ora criando coragem, é assim que eu gosto! —Ela então estendeu a mão direita pra minha direção. —Rivais? —Ela perguntou tranquila e sem pensar duas vezes apertei a mão dela sorrindo.

—Rivais.

Com isso eu e Elesis formamos um pacto de não desistir até um dos dois vencer aquela competição, aquilo foi justamente o gás para meus objetivos irem lá em cima, é verdade que Elesis realmente havia me ensinado a surfar e que ela é bem mais experiente, mas isso não significa que eu deixaria barato ela simplesmente afirmar que vai me vencer sem termos pego nossas pranchas ainda, eu senti que aquele desafio dela havia sido proposital mas não vou tentar entender o que levaria ela a tal ato, primeiro que eu não ia conseguir, segundo que ela jamais me contaria por isso ignorei essa pequena noção perceptiva da situação e depois de termos selado a rivalidade prosseguidos o jantar, eu só consegui ouvir o barulho do mar aquela madrugada justamente por não conseguir dormir de ansiedade, fiquei olhando pra janela inúmeras vezes rezando internamente pro tempo passar mais rápido ou pelo menos que ficasse claro o bastante para eu sair de casa, logo Elesis começou a roncar na cama de cima do beliche e eu tive que aturar isso até o amanhecer, assim que vi pelo céu o primeiro sinal de claridade deixei a cama sorrateiramente, Elesis estava dormindo profundamente ainda então nem ia ligar, peguei minha prancha e deixei a velha casa feita de madeira velha que fica atrás do quiosque que trabalhamos, é não temos uma casa luxuosa, aqui as coisas são bem “pobres” mesmo. Fiquei caminhando a beira da praia com a prancha apoiada a meu braço direito enquanto aos poucos o som do agitado mar de maré cheia foi o único barulho que tinha no cenário, minhas pegadas ficavam marcadas na areia e eu já devia ter andado por pelo menos meia hora, o motivo da caminhada era o isolado canto desabitado da praia perfeito pra treinar, lá as ondas eram boas e por ser bem afastado do comércio ninguém ficava por lá, era daquele sossego que eu precisava pra cair no mar e começar meu dia, por estar muito cedo eu imaginei que estaria sozinho mas fiquei totalmente surpreso e boquiaberto ao chegar aquele canto da praia e ver alguém ali...ou melhor...era a garota mais linda que já vi, ela estava a beira das águas com os pés juntos e os braços abertos, seu sorriso era sincero, sua pele parecia cintilar a medida que o sol que nascia iluminava seu lindo e curvilíneo corpo, o vento suave balançava levemente seus cabelos roxos e a sua esquerda pude identificar uma prancha de surf cravada na areia de cor roxa assim como seus cabelos, eu fiquei hipnotizado por longos minutos ali até que o sol brilhou definitivamente no horizonte e fui acordado do transe pela claridade que ofuscou um pouco minha visão do paraíso, a garota notou que estava sendo observada e baixou os braços então olhou em minha direção, eu dei um pulo pra trás corado e envergonhado por ter sido descoberto, ela riu de leve e ergueu dois dedos me chamando para me aproximar, seu sorriso era puro e perfeito, aquela garota não parecia ser de verdade, era linda demais pra isso, me aproximei pronto pra levar um tapa mas quando fiquei a uma distância segura a ela fui recebido de um jeito diferente.

—Um surfista ruivo an? Faz tempo que não vejo alguém do seu porte. —Disse ela calmamente e eu sem entender nada cocei a nuca rindo sem graça, ela aparentemente entendeu minha confusão e prosseguiu. —Eai quer dar um tibum?

—O q-que!? —Disse surpreso e corado, ela riu.

—Ora por que não? Você é surfista, eu sou surfista, acho que é um bom desafio não acha?

—É, olhando por esse lado... —Fiquei pensativo mas rapidamente conclui. —Eu topo!

—Olha ele tem atitude, gosto de homens assim. —Ela disse em um riso cínico e eu corei um pouco mais, ela acabou de flertar comigo?

—Bem, todo surfista que se preze tem que ter atitude né? —Eu me espantei com o que eu mesmo disse, ou melhor, o que pulou da minha boca, eu acabei de flertar com ela? O que é isso Elsword!? —Mas bem, mudando de peixe pra tubarão, qual seu nome?

—Aaah isso você só vai descobrir depois do tibum fofinho. —Ela riu meiga e tirou sua prancha da areia. —Bora?

—Partiu!

E assim corremos pro mar em pouco tempo já estávamos remando rumo as ondas fortes daquela manhã, aquela roxa era genial, ela atravessava os tubos com graça, fazia quebradas que a levava ao céu onde a mesma dava piruetas e caia perfeitamente equilibrada no mar, eu e ela tentamos dividir as ondas pra um não atrapalhar o outro mas ela sempre ia mais pra fundo pra pegar a onda mais alta ou o tubo mais insano, chegou ao ponto em que ela se jogou em um tubo que estava fechando e ela não saiu, me preocupei rapidamente mas quando vi ela havia arrebentado o tubo pela outra parede e dropado em outra onda...aquela garota era surreal, sorri empolgadíssimo pelo desafio, fomos mais pra fundo e ondas grandes começaram a surgir, consegui quebrar uma que levou ao alto e me aproveitando destes segundos no ar dei um giro de 360 graus com a prancha sob os pés e cai no mar, ela riu pois eu havia me desequilibrado, ela então tomou a vez e deu outro show, uma onda estilo vala se ergueu e ela foi com tudo, ficou de pé sobre a prancha, chocou-se contra a onda e fez uma curva na mesma que a partiu e ela foi mandada ao alto, ouvi seu grito de felicidade por apreciar o perigo e após dar dois lindos rodopios ela caiu no mar e me deu a vez após recuperar-se na prancha vi que um tubo se formaria e logo fui na direção dele, quando senti meu corpo começar a ser empurrado imediatamente me levantei e deixei o corpo um pouco inclinado pra frente, assim o impacto total da onda não me derrubava, atravessei o tubo com maestria e ainda de pé na prancha, sacudi a cabeça pros lados pra afastar a água e vi ela me aplaudir as risadas pelo meu estado. Lhe cedi a vez e assim fomos, o sol aos poucos ia subindo e para nós aquilo ainda era uma manhã comum, tanto eu quanto ela revezamos, dividimos, brincamos um com o outro no mar e ficamos ali sem perceber que o tempo passou, na onda final dela a roxeada atravessou um tubo girando sua prancha num 360 perfeito no final e uma pose engraçada pra logo depois ser derrubada por outra pequena onda, ri alto e ela me cedeu minha ultima vez, observei bem a situação a procura de uma boa onda e vi que outra vala logo se formaria, deitei na prancha e remei até a grande vala, quando a mesma veio eu fiquei de pé e notei que ela era forte demais, então apelei pro plano B, inclinei o corpo todo pra direita e a prancha foi junto fazendo assim um corte horizontal na onda que quebrou em mim e me derrubou mas por sorte não foi forte, voltei superfície e subi na prancha de novo procurando a garota, ela me olhava com um sorriso meigo e me chamou com gestos pra terra firme, a obedeci e fomos, quando vimos que já estava raso apoiamos as pranchas nos braços e fomos andando até a areia seca, estávamos ofegantes mas ainda animados pelo maravilhoso começo de manhã, assim que chegamos a areia seca fixamos as pranchas na mesma e nos sentamos lado a lado, olhamos um pra cara do outro e caímos na gargalhada lembrando dos bons momentos que tivemos no mar.

—Isso foi definitivamente genial ruivo...você é demais. —Ela elogiou ofegante em meio as risadas.

—Eu demais? Você é o mito aqui roxinha, aquilo foi genial! —Devolvi o elogio com outro elogio, ela foi recuperando o fôlego aos poucos enquanto ria.

—Meh, eu estava bem enferrujadinha, foi bom esse aquecimento pra recuperar a prática. —Ela comentou enquanto se levantava e sacudiu o corpo todo para tirar a areia das coxas e bumbum {A:É muito esquisito pra mim digitar “bumbum” namoral} e prosseguiu. —Mas bem, devo ir ruivinho, já deu minha hora.

—Que pena, justo quando conheci uma garota bonita. —Até parece que eu tinha aquela intimidade com ela pra ter falado daquele jeito tão comum, mas as palavras estavam simplesmente pulando dos meus lábios sem controle algum, me levantei corado pelo que eu mesmo disse e sorri sem graça pra ela fechando os olhos enquanto tirava a areia dos meus shorts. —D-desculpe, juro que essa escapuliu! —Ela riu de novo.

—Ora toda mulher gosta de ser elogiada, ou pelo menos a maioria que conheço é assim. —Ela ironizou enquanto pegava sua prancha. —Foi um prazer...ahn... —Ela se travou estendendo a mão e aguardando que eu lhe dissesse meu nome.

—Elsword, Elsword Sieghart. —Sorri apertei a mão dela enquanto com a outra também tirei minha prancha da areia. —Também foi um prazer....ahn... —Repeti o processo dela e aguardei ouvir seu nome, ela soltou minha mão e pôs dois dedos no canto de sua testa enquanto deu uma piscadela sorridente.

—Arme, Arme Glesnnid, prazer senhor Sieghart!

—Igualmente senhora Glesnnid.

—Ei! Não me chame de velha! Eu só tenho dezenove anos humpf! —Ela fez bico emburrada.

—Foi você que me chamou de senhor primeiro. —Retruquei rindo alto da reação dela.

—Aaargh! Está me provocando ruivo? —Ela rangeu os dentes com uma cara enfurecidamente fofa pra mim.

—Nãão imagina. —Ergui uma mão em sinal de rendição.

—A sua sorte é que eu tenho que ir rapaz! —Ela ironizou fingindo estar irritada.

—Nossa salvo pelo gongo! —Rio entrando na brincadeira e assim damos as costas um pro outro e eu podia até não ver mais o rosto dela mas sabia que estava sorrindo.

—A gente se esbarra por ai bonitinho. —Ela riu.

—Esperarei ansioso roxinha. —Ri junto.

Assim nos separamos e minha caminhada até o quiosque que estava quase na hora de abrir foi repleta de boas lembranças, eu não conseguia tirar aquela garota da cabeça, seu jeito, sua alegria, sua energia, sua forma de surfar eram simplesmente geniais, nem percebi que o tempo voou na minha caminhada, quando dei por mim os trinta minutos pareceram segundos julgando que na minha cabeça não parecia que eu fui tão longe já que nem percebi que cheguei ao quiosque, suspirei e fui até em casa, Elesis estava acordada e fazendo o café, pus a prancha na área de serviço e fui tomar um banho de água doce no banheiro, depois disso pus uma roupa seca e me sentei a mesa onde Elesis logo me serviu com uma xícara de café preto e um pão quentinho com manteiga.

—Onde esteve irmão? —Ela questionou enquanto tomava um gole da xícara de café que estava consigo.

—Bem...surfando, fui dar um tibum pra aliviar os ânimos. —Disse tranquilo enquanto comia o pão.

—Aaah você realmente e parecia carregado quando saiu. —Ela ironizou rindo.

—Você me viu sair? —A olhei surpreso e ela assentiu.

—Vai ter que comer muito feijão com arroz pra me passar a perna faísca. —Ela riu e logo nós dois ouvimos o único e velho relógio “cuco” da casa berrar escandalosamente fazendo nós dois suspirarmos. —Hora de trabalhar...eai vamo lá?

—E desde quando tem outro jeito? —Rio e tomo o café todo numa golada só.

Seja lá o que me aguarda neste verão eu não tenho dúvidas de que será incrível! Depois de um começo desses podem confiar que toda essa louca e divertida aventura está apenas começando.

Continua....

A Onda Dos Sonhos:Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora