Na colônia

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Olga estava ansiosa. Sua conversa com Cassian tinha deixado-a inquieta. Ela já não sabia mais se realmente gostaria de sair por aí desbravando todos os cantos. Ainda mais com uma pessoa que seria uma presa fácil do outro lado dos muros, era muito provável que seu principal papel nessa aventura fosse bancar a babá. Algo que ela não gostaria nem um pouco. Já tinham passado-se três dias desde sua conversa com Cassian no pátio. Desde então, seu amigo nada mais disse sobre o ocorrido. Talvez ele tenha desistido, ela pensou. Talvez ele tivesse percebido o quão estúpido era aquilo. Isso era o que pensava, mas a verdade ela desconhecia e isso a irritava.

— Olá, Olga. — uma voz interrompeu os seus pensamentos. — Como você está nessa bela manhã?

Ela levantou o olhar que estava vidrado no prato de mingau e olhou para o homem parado a seu lado.

— Bom dia, Argos. Estou bem. Você está precisando de alguma coisa?

O homem de cabelos grisalhos ficou a analisá-la por um tempo. Passou a mão em seu rosto e concentrou o seu dedo indicador em cima da cicatriz de seu queixo.

— Na verdade gostaria apenas de saber como você está. Há um tempo não vens falar comigo. Me contar de seus sonhos...

Um frio na barriga ela sentiu. Nunca tinha entendido o fascínio que Argos tinha em seus sonhos. Inclusive, muitas vezes, achava estranho.

— Não fui falar nada porque não tive nenhum sonho ultimamente, mas não se preocupe, quando tiver falarei com você.

Ele assentiu e voltou a caminhar pelo refeitório lançando a ela um último olhar.



O dia passou sem muitos afazeres. Olga passou a manhã treinado com as Amazonas. Suas mãos ficaram calejadas e cortes foram feitos em seu corpo. As outras guerreiras normalmente levavam como um desafio lutar com a sua superior. A guerreira era conhecido por ser a melhor, com isso todas as outras tentavam incansavelmente derrotá-la. Nunca conseguiam, mas tinham como uma pequena vitória os machucados e cortes deixados no corpo dela. Depois de seu treino Olga foi para seu quarto, tomou um banho e depois retornou para a sua cama. Queria ler um pouco. Pegou um livro de poemas e ficou a divagar em literaturas desconhecidas. Leituras que por vezes lhe faziam imaginar quem poderia ter escrito coisas tão belas. Havia um poema que ela constantemente lia. Era quase um mantra.



O que é sentir?

Sentir é ver o azul de seus olhos

E me iluminar

Sentir

É mesmo estando brava

Querer te beijar

Sentir

É a falta que seu abraço me faz

É te amar

Mesmo já amando

É te ver

Esperar

Esperar

É estar ao seu lado

Quando tu estás magoado

É beijar

Quando você recusa

Não notar

Sentir

No final

Nova GaiaWhere stories live. Discover now