Capítulo Especial: Cidade dos Ossos

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PANDEMÔNIO

Clary não aguentaria mais. Ela saiu do esconderijo atrás da coluna.
Pare! — gritou ela. — Você não pode fazer isso.
Jace rodopiou, tão assustado que a faca caiu de sua mão e bateu ruidosamente no chão de concreto. Isabelle e Alec giraram junto com ele, com as mesmas expressões de choque. O menino de cabelo azul ainda preso, também estava chocado e de queixo caído.
Alec foi o primeiro a falar. — O que é isso? — perguntou, olhando de Clary para os companheiros, como se eles pudessem saber o que ela estava fazendo ali.
É uma garota — disse Jace, recuperando a compostura. — Você certamente já viu garotas antes, Alec. Sua irmã Isabelle é uma. — Ele deu um passo em direção a Clary, cerrando os olhos como se não conseguisse acreditar muito bem no que estava vendo. — Uma
garota mundana — disse ele, um pouco para si mesmo. — E ela consegue nos ver.
— É claro que consigo vê-los — disse Clary. — Não sou cega, sabia?
— Ah, é sim — disse Jace, abaixando para pegar a faca. — Você só não sabe disso. — Ele se recompôs. — É melhor sair daqui, se souber o que é melhor para você.
— Não vou a lugar algum — disse Clary. — Se eu for, você vai matá-lo — ela apontou para o menino de cabelo azul.
É verdade — admitiu Jace, girando a faca pelos dedos. — Por que você se importa se vou matá-lo ou não?
Por-porque... — engasgou-se Clary. — Você não pode sair por aí matando pessoas.
— Você tem razão — disse Jace. — Não se pode sair por aí matando pessoas. — Ele apontou para o garoto de cabelo azul, cujos olhos estavam fechados. Clary imaginou se ele tinha desmaiado. — Isso não é uma pessoa, garotinha. Pode até parecer uma pessoa, e falar como uma pessoa, e pode até sangrar como uma pessoa. Mas é um monstro.
Jace — disse Isabelle em tom de aviso. — Já basta.
                       *****
Mundana idiota — disse Isabelle, entredentes. — Você poderia ter causado a morte de Jace.
— Ele é louco — disse Clary, tentando puxar o pulso de volta. O chicote penetrou ainda mais sua pele. — Vocês são todos loucos. O que pensam que são? Matadores vigilantes? A polícia...
— A polícia geralmente não se interessa, a não ser que haja um corpo — disse Jace.
Apoiando o braço, ele passou pelo caminho cheio de fios em direção a Clary. Alec o seguiu de perto, com o rosto completamente franzido.
Clary olhou para o ponto no qual o menino havia desaparecido, e não disse nada. Não havia uma única gota de sangue ali — nada que mostrasse que o menino havia existido um dia.
Eles voltam às suas dimensões de origem quando morrem — disse Jace. — Caso você esteja se perguntando.
Jace — sibilou Alec. —Cuidado.
Jace puxou o braço de volta. Uma gotinha fantasmagórica de sangue marcava o rosto dele.
Ele ainda a fazia se lembrar de um leão, com os olhos claros e espaçados e aquele cabelo castanho-amarelado.
Ela pode nos ver, Alec — disse ele. — Ela já sabe demais.
Então, o que você quer que eu faça com ela? — perguntou Isabelle.
Deixe-a ir — disse Jace silenciosamente. Isabelle lançou-lhe um olhar surpreso, quase irado, mas não discutiu. O chicote deslizou, libertando o braço de Clary. Ela esfregou o pulso dolorido e pensou em como conseguiria sair de lá.
Talvez devêssemos levá-la conosco — disse Alec. — Aposto que Hodge gostaria de falar com ela.
Não vamos levá-la para o Instituto de jeito nenhum — disse Isabelle. — Ela é mundana.
Será que é mesmo? — disse Jace, suavemente. Seu tom quieto era pior do que as agressões de Isabelle ou a raiva de Alec. — Você já interagiu com demônios, garotinha? Já andou com Zumbis, ou falou com Crianças Noturnas Você já...
— Meu nome não é “garotinha” -interrompeu Clary. — E não faço ideia do que você está falando. — Não faz?, disse uma voz no fundo de sua cabeça. Você viu aquele menino desaparecer no ar. Jace não é louco, você apenas gostaria que ele fosse.— Eu não acredito
em... em demônios, ou o que quer que seja que você...

OBS: Capítulo super especial! escolhi uma cena que se passa em Os Instrumentos Mortais, exatamente no primeiro livro, Cidade dos Ossos.
Espero que tenham gostado!😊
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Frases e Trechos da Trilogía As Peças InfernaisOnde histórias criam vida. Descubra agora