Jingle Bell Rock

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Não quero ir pra casa. Penso nas alternativas de lugares para onde ir. Lembro do bar que eu costumava frequentar na companhia de cinco meninos. Sigo devagar pelas calçadas rachadas.

O ambiente é exatamente o mesmo das minhas memórias. Uma coisa em particular chama minha atenção. O garoto sentado no balcão. Caminho até lá.

- Namjoon?

Vira-se devagar. Primeiro a cabeça, depois o tronco. Seus olhos parecem cansados e ele cheira a álcool.

- Oi...

- Mas que merda, pretende ficar aí bebendo por quanto tempo? Sabe que tem que voltar pro dormitório? Se te virem assim, você pode acabar com a reputação do Bangtan Boys.

- Me deixa em paz.

- Vamos sair daqui.

- Não.

- Por favor, Namjoon.

Acho que minha voz está suplicante, pois ele se levanta. Parece tonto e cambaleante. Como vou tirar ele daqui? Provavelmente pesa duas vezes mais que eu. Seguro sua mão e tento guiá-lo até a porta. Faço cálculos e concluo que a minha casa é mais perto daqui. Posso levá-lo pra lá e pedir pra alguém o buscar de carro.

- Vamos para minha casa, tudo bem?

- Vai me estuprar?

Meu ódio por bêbados aumenta a cada segundo.

- Não, eu não vou. Tem que colaborar comigo, ok?

- Ok.

Andamos devagar até chegarmos à construção marrom onde moro.

- O que acha de tomar um banho?

- Pode me ajudar?

Filho da puta.

- Presta atenção, vou te deixar de cueca e te trancar no banheiro. Daqui a vinte minutos abro a porta e é bom que você esteja de banho tomado. Alguma dúvida?

- Por que de cueca?

- Não estou interessada em ver o que guarda dentro dela.

Tiro sua blusa devagar. Evito olhar pro seu corpo. Não quero distrações em uma hora dessas. Seus sapatos e meias são os próximos a serem retirados. Abro o botão e o zíper de sua calça com muito cuidado. Desço o tecido jeans por suas pernas. Qualquer um que visse aquela cena pensaria em sexo oral. Não sei como as enfermeiras conseguem despir seus pacientes todos os dias. O levo até o banheiro.

- A toalha está atrás da porta e a água quente é a da esquerda.

Ele concorda com a cabeça. O entrego uma bermuda e uma camisa que consegui encontrar no quarto dos meus pais. Pego a chave.

- Yuri?

É a primeira vez na noite em que pronuncia meu nome.

- O que foi?

- Eu te amo! - diz risonho.

Eu poderia responder "Problema seu", "Não tenho nada a ver com isso", "Se concentre no banho" ou "Obrigada", mas apenas uma resposta verdadeira vem a minha cabeça. É ela que uso.

- Também te amo, Namjoon.

Fecho a porta e escuto o chuveiro sendo ligado. Bom garoto. Aproveito o tempo em que está ocupado para preparar café.

Namjoon sai do banho.

- Sente no sofá, fiz café.

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