A Herdeira Da Coroa De Atlantis

Em chamas

Bruna

Acordo bem disposta para o trabalho, visto uma calça jeans e uma regata azul com um desenho de âncora, calço um tênis e vou tomar café. Sabine está inquieta, provavelmente acordou atrasada ou algo do tipo.

— Bruna, vou na escola da Ever fazer sua matrícula, irei precisar de alguns documentos seus. E um documento que comprove que você é órfã. - diz Sabine.

— Bom não tenho esse comprovante.

— Claro que não, esta comigo. - intervém Ever.

— Vou precisar dele. - diz Sabine.

— Vou pegar, vem Bruna você tem que pegar os outros documentos. - diz Ever me chamando.

Subimos e Ever materializou um comprovante.

— Como você faz isso? - digo.

— Tudo é energia, eu simplesmente imagino e se transforma na minha frente. - diz Ever. - Agora vamos, não queremos que chegue atrasada no seu primeiro dia no trabalho.

Entregamos os documentos para Sabine, e eu como algo correndo porque já estava atrasada. Ever me deixa na porta da loja.

— Pontual, chegou na hora certa, nem um segundo à menos ou mais. - diz Jude assim que entro na loja.

— Não é querendo estragar meu primeiro elogio não, mas são sete e vinte, seu relógio está errado.

— Obrigado vou acertar, bom não é pontual mas pelo menos é de confiança.

Ele me explica o que fazer, como fazer e entre outros. Passamos a maior parte da manhã assim. Jude é uma pessoa que inspira paz, aprendi algumas coisas sobre a loja e também fiquei sabendo das fofocas. Parece que ele gosta da Ever e é tipo coisa de outras vidas, contei a ele minha história e ele sabia de algumas coisas, parece que ele também não gosta do Roman. Atendi alguns clientes e acho que fui até bem para um primeiro dia.

Umas 16h ele me dispensou para casa. Estava saindo, Ever havia deixado comigo o telefone de um táxi. Mas não precisei de táxi, Roman estava lá esperando, encostando em sua moto. Ele estava exageradamente bonito de calça jeans rasgada na medida certa e uma camisa transparente que marca perfeitamente seu abdômen definido, detalhe que não passou desapercebido pela minha observadorazinha sórdida interior.

— Vamos? - ele tem no rosto um maldito sorriso travesso.

— Pra onde? - pergunto por perguntar.

— Para a casa de Ever. - diz ele, fico meio decepcionada mas não demonstro.

Entramos pela porta da frente dessa vez, não tem ninguém em casa. Vamos para o quarto de hóspedes e ele espera enquanto tomo banho. Quando saio ele está observando um porta retrato de uma foto minha com meu pai.

— Você é uma idiota. - ele diz enquanto olha para a foto. - Ele te abandonou, não merece sua consideração.

— Ele pode não estar aqui do meu lado mas sei que está cuidando de mim. Você entenderia se fosse seu pai. - defendo mesmo que no fundo eu concorde com ele.

— Não. - ele diz - Minha mãe morreu no meu parto, meu pai foi obrigado a cuidar de mim e me culpou pela morte dela, ele preferiu se matar e me abandonar a própria sorte. - diz ele amargo e se vira para mim, tem lágrimas em seus olhos. O abraço e ele não reclama apesar de parecer surpreso, mais até do que eu que estava surpreendida pela sua sinceridade.

— Me desculpe, não queria te lembrar disso. Sei que não é fácil, quando eu tinha seis anos minha irmã morreu e minha mãe me abandonou naquela mesma noite. - sinto minhas bochechas ficarem molhadas, nunca disse essas coisas em voz alta a ninguém.

Nos deitamos na cama abraçados até que ele levanta meus olhos nos dele. Ele enxuga minhas lágrimas e diz:

— Então, que tal conversarmos sobre outra coisa? - diz ele.

— Acho uma ótima idéia. - digo me virando para o teto, ele me copia.

Conversamos durante um bom tempo sobre coisas inúteis ele faz piadas imbecis, e até dá umas cantadas idiotas.

— Sabe, me sinto muito bem com você. - diz ele - Sinto que nos entendemos bem.

— Concordo. - chego mais perto dele e ele envolve os braços em mim, então encosto a cabeça em seu peito. - Sabe, geralmente não gosto de contato físico.

— Já tinha percebido isso. - diz ele em meu ouvido.

E é assim que Damen e Ever nos encontram.

— ROMAN, O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO AQUI?! - berra Ever.

— Eu vou te matar seu desgraçado! - berra Damen.

Ó povo que gosta de berrar.

— Eeei! O que deu em vocês? - digo me pondo na frente de Roman.

— Bruna, ele está te usando!

— Vocês só falam isso porque não gostam dele!

— Você por acaso sabe o porque disso?!

— Vocês simplesmente não o conhecem.

— Conhecemos o suficiente para querê-lo morto! - grita Ever - Graças à esse imbecil Damen e eu não podemos nos tocar de verdade!

— Como assim? Você só pode estar louca, Roman jamais faria algo assim! - grito e me viro para Roman que desviava o olhar.

Roman

Não sei o que diabos aconteceu comigo, simplesmente não queria que ela acreditasse. Não pelo meu plano, é mais do que isso, eu sinto algo por ela e não posso ficar sem ela antes de descobrir o que é. Ela se vira para mim e desvio o olhar, não posso olhar para ela, não posso ver aquela confiança que consegui conquistar com ela se desfazer diante dos meus olhos.

— Eu não acredito! Não acredito! - ela diz com os olhos enchendo de água, a palavra traição estampada no ar, palpável, parecia uma coisa viva, emanando dela.

Pensei que ela iria começar a chorar mas os olhos verde mar dela se tornaram vermelhos flamejantes, seu cabelo se tornou uma labareda e seu corpo inteiro brilhou em chamas. Ever e Damen se afastam e não tive reação quando ela veio em minha direção me empurrando varanda a fora com uma bola de fogo. Doeu muito não só fisicamente, a pior parte foi o que senti por dentro. Pensei que ela fosse me queimar vivo mas então as chamas se apagam e ela chega perto de mim. Sua pele está muito mais pálida e seu cabelo mais escuro, por onde ela caminha uma camada de neve surge trilhando seus passos. Seu olhar esta completamente vazio, ela chega seu rosto perto do meu e sua aproximação emana um frio tão grande que dói, eu pensava que soubesse o que era frio mas eu não poderia estar pronto para o frio que senti na alma com o olhar dela.

— Não vou te matar. - ela diz com uma voz fria e ri sem humor. - Você vai morrer independente de mim, porém vai sofrer muito antes disso. - ela diz e manda uma rajada de vento que me empurra para longe. Só me lembro de dizer um fraco "me perdoa".

Bruna

Não sei o que deu em mim como fiz isso, só sei que fiz e não me arrependo. Agora é mais que oficial todo mundo me decepciona, essa foi a gota d'água.

Depois disso, finjo que nada aconteceu. Quando Sabine chega diz que minhas aulas começam amanhã. Ever me deu o telefone de Jude e avisei que chegaria mais tarde amanhã.