81º paper

215 34 23
                                    

Em papel vermelho e caneta de tinta dourada, encontrei esse recado sob meu tapete da porta de entrada.

"Sabe, moça
Às vezes a gente quer controlar o mundo
Agir como se tudo respondesse ao nosso comando
Pensar como se tivéssemos até o tic-tac do relógio sob nosso controle

Sabe, moça
Às vezes a gente quer ser evoluída, desconstruída
Agir como se o sentir não nos fosse inerente
Pensar como se o cérebro mandasse no coração (e não o completo inverso)

Sabe, moça
Às vezes a gente quer ser paz e amor
Agir como se o sentir do outro pudesse vir antes do nosso
Pensar como se o nosso importasse sempre menos
(e pudesse ser constantemente sufocado)

Sabe, moça
Às vezes a gente quer coisa demais
Às vezes as coisas saem do nosso controle
Às vezes o sentir do outro sufoca o nosso

Às vezes a gente percebe que
Talvez, moça
Deixar o do outro pra trás
Seja o melhor a se fazer por nós.

Mas sabe, moça
O grande problema
É que ninguém nos disse que o controle não era nosso
Ninguém nos contou que tudo bem o seu sentir vir antes de tudo

O grande problema, moça
É que ninguém nos ensinou
A deixar o sentir do outro atrás do nosso.
Não quando o nosso sentir pelo outro
É bem maior
Que o nosso sentir
Por nós mesmos.

Sabe, moça
A gente sempre quer,
A gente só não sabe chegar lá. "

Lost Papers Onde histórias criam vida. Descubra agora