32º paper

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"Dessa vez, não venho com poemas. Sinto como se estivesse me perdendo neles, e peço desculpas. Mas a bagunça que sinto aqui, é constantemente refletida em minhas escritas, as mesmas que deixo perdidas por aí. As vezes penso que quero me perder exatamente como esses papéis. Quem sabe alguém me encontre por ai, amassada e aos pedaços e decida que vale a pena cuidar de mim? Me salvar? Porque, me desculpe, mas não consigo sentir como se valesse a pena. Essa noite me peguei olhando fixamente para tudo o que poderia me tirar essa eterna agonia que trago em mim, e pensei que talvez se a felicidade fosse um cigarro eu poderia tragá-la e deixar o desespero sair com a fumaça, mas continuei olhando fixamente para os objetos e decidi que era a hora. Talvez a paz seja isso. Perceber quando é hora de ir, e simplesmente se deixar ir, ao invés de continuar lutando ou permanecer na dúvida. Mas acordei me sentindo pior. Sinto muito se isso parece um pouco dramático demais, mas se eu tivesse um único desejo, eu desejaria não estar mais aqui.
Perdão pelo desabafo. Com muita dor e desespero,
K.C."

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