new york bae.

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Harry Styles sentiu os cabelos balançarem ao vento. Os cachinhos castanhos caiam-lhe perfeitamente bem com rosto pré-adolescente. Trajava uma regata preta, bem diferente dos costumeiros casacos pesados de Londres. Harry simplesmente adorava os climas dos verões Nova Iorquinos, mesmo que os vinte e oito graus naquele sol de rachar lhe fizessem suar para caralho.

Harry era filho de advogados bem sucedidos de Londres. Mesmo não sendo tão rico, ele cresceu em um bom apartamento, com pelo menos uma babá sempre a disposição. Aos sete anos, seu pai pegou um caso de extrema importância, um assassinato que caiu na boca da mídia. E desde então, o nome dos Styles foi ascendido em uma placa neon no ramo da advocacia milionária londrina.

Harry sempre agradeceu ao estudo que teve. Mas, vivendo em um triplex em Londres, é claro que um véu cultural entre ele e a realidade da população não tão afortunada foi tecido, ainda mais com a cegueira que sua mãe lhe concedeu quando, de certa forma, lhe privou do mundo externo; claro que não literalmente.

Anne sempre pensou que seria melhor que seu filho não conhecesse a realidade em que ela mesma cresceu próxima, a da pobreza e do subúrbio*. Ela nunca lhe mostrou o quando as pessoas sofriam, sempre tentando camuflar por entre os panos a miséria do mundo. Não por nojo, mas por medo que seu filho sofresse. Mas quando se cresce sem saber sobre o mundo externo, uma vez ou outra você vai bater muito a cabeça na vida. E Harry Styles estava muito próximo disto, mesmo ainda não sabendo.

Mas nunca se sabe o futuro, então agora  ele estava andando, junto do pai, que estava um pouco à frente com o celular junto à orelha admirando as placas eletrônicas com luzes e cores vibrantes da Times Square. Eles estavam se dirigindo para a Sétima Avenida, aonde o escritório de advocacia luxuoso do Dewins Advocacy era instalado, para pegar os próximos casos milionários que bancavam a família. Harry preferia muito mais apenas passear pela Sephora ou MAC, mas seu pai — que não estava lhe dando qualquer atenção, a propósito  — queria passear com o filho pela cidade.

Harry sabia que isto não iria acontecer, de qualquer maneira. Mas, incrivelmente, ele entendia o lado de Robin. Styles sabia que era aquele trabalho duro que lhe dera uma boa educação e família. Ele sabia que, mesmo por trás do semblante sério e do terno sempre alinhado, havia um grande coração e um pai amoroso, que se remoía por ser tão ausente na vida do filho — logo na época em que ele precisava mais do pai, a adolescência. Talvez fosse por isto mesmo que ele tivesse trazido o filho consigo para a cidade que nunca dorme por seis meses; mas no final, ele mesmo sabia que nunca iria dar tão certo quanto o Sr. Styles quisesse.

Porém Harry tentou esvaziar a cabeça, evitando pensar mais do que a cota nisto, reparando como Nova Iorque tinha um odor agradável, um cheiro levemente doce por trás do monóxido de carbono e do suor das pessoas em pleno verão. Era diferente de Londres, que ocasionalmente tinha um cheiro neutro ou de um ar chuvoso, principalmente nos invernos rigorosos, dos quais você se acostuma.

Seu pai desligou o celular por um momento, que escorregou para o bolso da calça social. Harry aproveitou a deixa para apertar o passo para o alcançar. Sorriu.

— Porque você não me deixa passear um pouco pelas lojas? Eu sei que está ocupado pai, mas eu só vou ficar sentado por um tempão lá no escritório — e sem dar tempo para o pai responder, continuou. — eu sei que você quer passear, mas podemos jantar juntos em algum restaurante e amanhã dar um role. Que tal? — Harry sorriu, sentindo as mãos pesadas do pai afagarem seus cachos, como um sinal positivo.

— Você sabe que eu odeio isto... mas tudo bem. Decido o restaurante desta vez — Harry sorriu, acenando positivamente. Sim, ele realmente entendia o lado de seu pai, sempre tentando não ficar chateado com as promessas vazias os cancelamentos frequentes. — Só não me leve a falência Hazza. Por favor. — O pai completou, assim que o celular tocou novamente, o fazendo revirar os olhos e Harry rir baixinho, se afastando por entre a multidão de pessoas na Times Square.

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