welcome to the hell.

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Primeiramente, queria deixar bem claro que o termo "favela" nunca será usado com uma conotação negativa ou pejorativa, mas sim para designar um lugar pobre. Vir da favela não é nenhuma vergonha, e jamais sintam vergonha da sua origem.

Sempre disseram a Louis que seus olhos transmitiam tudo o que sua alma sentia. As vezes, o azul era mais escuro, avisando a confusão e fúria. Quando eram quase negros, Louis sabia que seu corpo queimava em luxúria ou ardia na dor. E, por fim, no momento em que se tornavam claros como água doce, era a transparência da alma, a felicidade e o doce sorriso, mesmo com as feições tão marcadas pela dor da vida.

Viver no guetto* sempre foi difícil. As vezes sobreviver era difícil, quando seu pai foi assasinado por uma gangue enquanto você ia para a escola. Talvez as imagens dele caído sobre o chão, frio, rígido, com a porra de um buraco de bala no meio da testa, sangue escuro manchando o tapete da sala lhe recepcionando na volta para casa com apenas dez anos ainda assombrassem Louis em seus pesados todas as noites.

Louis limpou o suor que escorria-lhe na testa; sorriu para o patrão, pegando os vinte dólares diários, no fim do expediente. Ele precisava de um cigarro, um banho e uma foda.

Depois da morte de seu pai, Tomlinson jurou a si mesmo que nunca mais usaria drogas ou se envolveria em qualquer coisa ligada ao tráfico. Um doce engano, quando anos depois, Louis voltou ao tráfico de heroína para Manhattan pela falta de dinheiro para a família. Foi naquela mesma época que ele conseguiu dar a mãe e as irmãs uma moradia em um apartamento em uma área menos controladas pelo tráfico no Brooklyn. Foi com o dinheiro sujo que Louis conseguiu pagar um tratamento um pouco melhor para a mãe com câncer, em um hospital de Washington.

Mas o momento mais difícil de toda a sua vida, sem nenhuma dúvida, foi quando ele enterrou a própria mãe, devido ao tráfico. Graças a uma dívida com os traficantes, um tiro acertou o ombro de Jay, que se jogou por cima de Charllote, sua irmã, que iria receber a bala bem no coração. Foi aos dezenove anos, quando ele teve que assumir todas as responsabilidades da casa para cuidar de seis irmãos que sonhavam em sair daquela vida. Mas a vida é uma maldita bosta, e não tem um aviso prévio dizendo, "cuidado, talvez você entre em um poço de merda daqui a algumas horas". Tudo o que resta é vencer mais um dia, mais uma semana, mais um mês, mais um ano.

Talvez aquele tenha sido o baque que Louis precisava para entender que o tráfico não tinha outro destino se não o caixão ou as grades. E desde então, ele ajuda na renda fazendo bicos, entregando panfletos na Times Square, ajudando na construção de um ou dois prédios ou simplesmente limpando o estúdio de tatuagens de um vizinho.

Fizzy estava terminado a faculdade de contabilidade e Lottie complementava a renda com o dinheiro das maquiagens profissionais que fazia, em algumas peças de menos prestígio na Broadway. As gêmeas, Daisy e Pheobes estavam estudando por perto e Ernest e Dóris — agora com quase um ano — estavam com Zayn Malik, um professor universitário que havia se mudado do seu prédio a seis meses para o Queens. Apesar de todo o amor e suor que unia a família Tomlinson, todos sabiam que não havia nenhuma condição para financeira para sustentar mais duas bocas; Zayn sempre dividiu os sonhos de ser pai com o Louis enquanto eles dividiam baseados nos fundos do condomínio, e então Louis simplesmente fez o que deveria fazer: perguntar ao árabe se ele gostaria de abrigar dois gêmeos por um tempo totalmente incerto sobre o seu teto.

Alguns diriam que Louis era insano ao simplesmente confiar a vida de dois bebês — que ainda são seus irmãos — a alguém totalmente desconhecido. Por um lado, realmente parecia um absurdo até para Louis. Mas de outro, ele sabia que Zayn era alguém centrado e que nunca iria machucar a duas crianças. Louis ainda se lembrava de como ele chorou compulsivamente por três semanas quando o gato da vizinha, do qual ele alimentava toda manhã morreu.

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