Prólogo

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Gabi

Um ano atrás

- Brian, já parou para pensar que a nossa vida perfeita pode acabar em um minuto? Olha o caso dessa queda de avião da Chapecoense, o time de futebol brasileiro que eu te contei em que o avião caiu na Colômbia — mostrei a ele a tela do meu celular com as fotos dos destroços do avião. — É uma tragédia tantos jogadores de futebol e jornalistas perderem a vida tão cedo, é tudo tão surreal.

— Querida, eu sei o quanto você está impressionada e assustada com o que aconteceu, todos estamos, mas não você não pode ver isso agora que vamos viajar justamente de avião. Concorda? E outra, você pensa demais nas coisas. Pare de ler notícias de morte — ele tirou o celular da minha mão e guardou em minha bolsa. Sua pele era tão branca que conseguia ver a cor das veias em seu pescoço quando ele se virou. — Nada vai nos acontecer. Temos muito o que ver! Nigel tem que se casar ainda — disse, tirando sarro do nosso melhor amigo, que foge de casamentos e relacionamentos desde que o conhecemos. Pego uma de suas mãos e beijo.

Chegamos ao aeroporto de Vancouver, no Canadá, depois do que pareceu uma eternidade em meio ao trânsito infernal e, enquanto eu pagava o taxista, Brian não disfarçava sua irritação.

— Anda, querida, nós vamos perder o nosso voo ! — Ele era o amor da minha vida, mas sabia reclamar como ninguém, fora que não estava nem um pouco empolgado com a viagem para o meu país. Brian só havia visitado o Brasil uma única vez e a ocasião não fora muito boa, por isso quero que desta vez seja diferente.

— Alguém tem que pagar o taxi, né? Você só sai do carro e pronto! — Corri atrás dele até o balcão de check-in, guardando o troco na minha bolsa.

Eu sorria como uma boba apaixonada enquanto Brian conversava com a atendente. Mesmo depois de sete anos de casados eu não conseguia me cansar daquele homem! Ele chama atenção por onde passa por ser muito alto, cabelos loiros um pouco compridos e os olhos azuis intensos, mas é o sorriso encantador que conquista qualquer um. Afinal, apaixonei-me por aqueles dentes perfeitos e aquela covinha do lado esquerdo... Claro que ele também estava sem a camiseta, o que ajudou muito.

O aeroporto estava lotado. Brian corria na frete para que não perdêssemos o voo e eu não conseguia acompanhá-lo. Juro que tentei, eu não sou baixa, tenho 1.80cm e pernas longas, minha resistência é ótima por caminhar todos os dias com Brian, mas quando ele decidia correr, eu não conseguia acompanhar.

Meus cabelos castanhos muito compridos atrapalhavam a corrida, então resolvi parar e amarrá-los. Brian voltou todo nervoso, pegou minha bolsa, esperou que eu terminasse a arrumação, impaciente, e puxou-me pelo braço.

— Estou falando sério, Gabi! Anda logo, que a gente vai perder esse avião!

Sorri. Antes de falar qualquer coisa, escutei nossos nomes sendo chamados pelo alto falante. Fiz uma cara arrependida para Brian, que só revirou os olhos em reprovação.

Já dentro do avião, ele chamou a atenção de uma comissária de bordo que estava perto da gente, também em pé.

— Aeromoça, por favor, não acho espaço para nossas bagagens de mão — ele estava tão vermelho de raiva que ela nem discutiu.

— Vamos despachar suas malas, senhor, fique tranquilo. O voo está lotado e vocês chegaram por último, os espaços são limitados mesmo.

Eu entreguei minha mala a ela e fugi do olhar de Brian me culpando por aquilo; ele odeia despachar as malas de mão.

— Nem vou falar nada com você, Gabriella — ele disse me abraçando.

— Não é minha culpa se você quis "dar uns amassos" antes de sair de casa e não me deixou verificar se estava tudo em ordem — Cochichei, evitando assim que nossos vizinhos escutassem.

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