Bati a cabeça na beira da cama novamente, ah! Eu estava sonhando de novo. O mesmo sonho, acho que é para minha mente tentar entender o que aconteceu na minha vida. De uma hora para outra minha mãe resolveu se matar pois não aguentava mais sofrer com a doença que a atormentava, "Foi melhor para ela" - dizia o médico que afirmava firmemente que ela pedirá muito para a injeção que pararia seus sentidos. Após a morte dela eu fui jogada de um lado para o outro até acharem meu pai no mundo. E acharam, só que diferente de minha mãe ele estava bem e casado com uma víbora e com dois filhos da minha idade, ou seja, ele tem um caso com uma cobra de cabelos pretos desde que eu nasci.
Levantei da cama e vesti a primeira coisa que vi pela frente, não era um dia especial mesmo. Saí do quarto e desci as escadas indo em direção a cozinha, infelizmente estavam todos sentados na mesa, fingindo ser a família mais amorosa do mundo!
- Bom dia filha. – falou meu pai lendo o jornal.
Apenas ignorei, como eu fazia toda manhã, ignorava a minha vida.
- Não vai dizer bom dia ao seu pai não? – disse a cobra de vestido rosa, quer dizer, minha madrasta.
- Deixe-a Cassie, você sabe que ela não tem educação. Não sabe respeitar o próprio pai. – respondeu ele.
- Pai? Desde quando você é meu pai? Você ignorou nossa família quando mais precisávamos! Mamãe ficou doente porque você se envolveu com esse rinoceronte que você chama de "meu amor"! Além disso não poderia ter arrumado uma amante com um nome mais bonito? Tinha que ser Cassie Mary? – falei pela segunda vez com ele essa semana, é um recorde!
- Não fale comigo desse jeito pirralha! – disse a cobra.
- Tenha modos Angel! – falou meu pai.
Entrou na cozinha a cobra menor, Becky, a filha mais nova dele. Ela era na verdade um demônio possuído por outro demônio!
- Bom dia Papi! Bom dia Mames! – falou Becky
- Isso é uma menina de educação! Bom dia minha filha. – falou meu pai abraçando Becky.
Sai de casa antes que eu cruzasse com o outro filho do capeta. Meus dias eram assim, eu levantava e ficava o dia inteiro fora de casa. Fechei a porta da casa e segui reto pela rua, as casas eram todas bem de alto padrão e as pessoas que saiam delas ou eram madames com seus cachorrinhos mimados ou homens indo jogar tênis. Qual a graça de ficar jogando uma bolinha verde neon pra lá e pra cá? Andei até chegar na estação do trem, iria andar no parque dessa vez. Não era ruim viver em Nova York, só que era bem melhor viver na Espanha, na minha casa e com alguém que me ama de verdade, não um idiota que só cuida de mim até os 18 anos.
Entrei no trem com mais duas pessoas, era um final de semana, nem todo mundo estava na rua. Esperei passar as duas estações e desci em direção ao Centro Park. O dia estava perfeito para uma caminhada e toda Nova York também achava isso. O parque estava lotado!
Observei todas as árvores, elas tinham flores amarelas e violetas, o vento batia agitado nelas, era como se o toque suave se transformasse em uma melodia tranquila. O Sol era o que mais me impressionava, o calor que ele transmitia invadia minha pele e eu sentia como se pudesse soltar fogo pelas minhas mãos. Fechei os olhos para sentir mais uma vez essa sensação que me atingia toda vez que eu me via em baixo do Sol.
Meu telefone tocou, era minha avó. Parece que depois que minha mãe morreu ela resolveu lembrar que tem uma neta. Não que eu não gostasse dela, mas eu também não a amava com todo meu coração, metade dele a odiava.
- Alô?
- Minha neta! Tudo bem?
- Sim. Por que você ligou?
- Queria conversar com você e seu pai. Posso ir aí ou estão ocupados?
- O Alexander deve estar com a família dele maravilhosa e eu estou ocupada. Talvez outra hora.
- É de extrema importância Angel. Por favor. O meu advogado estará presente.
- Ele vai deixar eu morar sozinha
- Não é bem isso querida. Estou indo para a casa de seu pai, vejo você lá!
Ela desligou o telefone acabando com minha alegria, ou quase toda. Pela justiça a minha guarda fica com meu pai temporariamente, enquanto minha avó materna briga para tentar conseguir um bom advogado para ter minha guarda sem o meu consentimento. Eu esperava logo para fazer 18 e me livrar daquela casa logo, longe de toda aquela família infernal.
Voltei pra casa e esperei minha avó aparecer com o tal advogado. Sentei na mesinha e peguei a carta de minha mãe. Li de novo aquela mesma carta, com aquelas mesmas palavras que me doíam muito.
- Angel, sua vó está aqui! – gritou Becky com sua voz irritante.
Desci as escadas, minha avó estava com uma cara animada e o advogado flertava descaradamente com Cassie, que reagia a cada risadinha.
- Querida! Tenho noticias animadoras! – ela exclamou me abraçando. Me soltei de seus braços e sentei no sofá.
- Prazer, sou o doutor Edgar Muriel. – o advogado apertou minha mão e se sentou no sofá.
- Sou Angel. – falei.
- Sua avó me contou de sua situação, sinto muito pela perda de sua mãe tão cedo, mas acho que posso te ajudar. Gostaria de saber se você aceita estudar em uma escola interna. Aonde você só viria para casa aos fins de semana. – falou o advogado.
- É claro que sim! Sem pensar duas vezes! Ficar longe daqui é o que eu mais quero! – respondi
- Eu não autorizo! De jeito nenhum! Filha minha não vai estudar em uma escola só por um capricho! – exclamou meu pai. Quem ele pensa que é para querer domar minha vida?
- Sem querer ofender Alexander, você não é meu pai! Está com a minha guarda, não a minha vida. – falei
- Angel eu sou seu pai sim! Eu posso não ter estado presente mais sou seu pai!
– Não ter estado presente? Você largou a gente para ficar com a sua nova família! Eu tive irmãos o tempo inteiro e eu não sabia! Eu podia ter vivido com eles! Amado eles! E hoje eu odeio cada parte da sua família! Inclusive você!
O meu sangue ferveu como nunca e como um relâmpago a mão grande de meu pai veio parar em meu rosto. Doeu por dentro, doeu muito. Ele tinha acabado com todo o amor que poderia existir entre nós. Levei a mão para a bochecha já inchada e quente pela força do tapa, minha avó e o advogado ficaram olhando a cena espantados demais para ter reação e minha madrasta? Sorria contente. Se ele não tivesse me dado aquele tapa ela mesma teria dado. A minha veia começou a pulsar de novo, minhas mãos esquentaram como água fervente, eu não via mais nada. Apenas fogo.
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Geração X
Fantasy" O fogo queima, a água corroê, o gelo congela, a eletricidade mata e um homem pode fazer tudo isso de uma vez" Quando por um acidente, Angel descobre ter habilidades inexplicáveis, ela tenta esconder de tudo e todo...