13 - Vida Alheia

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Assim que passei pela porta, a tranquei. Tínhamos um combinado em nossa casa, quando uma porta fosse trancada ninguém deveria perturbar. E eu sabia que Jasper iria querer conversar, só que eu não queria conversar sobre nada com ele nesse momento. Me sentei em minha cama que ficava de frente para a grande parede de vidro e liguei meu dom. Eu queria saber sobre o que Isabella e Edward estavam conversando.

"Eu fiz alguma coisa errada?" ele perguntou.

"Não, pelo contrário. Você está me deixando louca", ela explicou.

Ele considerou isso brevemente, e quando falou, parecia satisfeito.

"Mesmo?" um sorriso triunfante vagarosamente iluminou o seu rosto.

"Você gostaria de uma salva de palmas?", ela perguntou sarcasticamente. Ele deu uma gargalhada.

"Eu só estou agradavelmente surpreso", ele esclareceu. "Nos últimos cem anos mais ou menos", ele zombou. "Eu nunca imaginei uma coisa assim. Eu nunca imaginei que encontraria uma pessoa que quisesse ficar comigo...sem contar meus irmãos e irmãs. Então eu descobri, apesar de ser novo nisso, que eu sou bom...Em estar com você..."

"Você é bom em tudo", Isabella pontuou. Ele levantou os ombros, se acostumando com isso, e nós dois rimos baixinho. "Mas como é que pode ser tão fácil agora?" ela pressionou. "Essa tarde..."

"Não é tão fácil", ele suspirou. "Mas essa tarde eu ainda não estava... Decidido. Me desculpe por aquilo, foi imperdoável eu ter me comportado daquela forma".

A mente dele se encheu de imagens em que ele mostrava sua força, sua velocidade para ela. E tudo isso de forma agressiva. Tão imaturo!

"Imperdoável não", ela discordou.

"Obrigado", ele sorriu. "Entenda", ele continuou olhando pra baixo. "Eu não tinha certeza de que era forte o suficiente..." Ele pegou uma das mãos dela e pressionou levemente contra o seu rosto. "E enquanto houvessem possibilidades de eu ser... superado" ele aspirou o cheiro de seu pulso "Eu estava... Suscetível. Até que eu me convencesse de que era forte o suficiente, não haviam possibilidades de que eu pudesse... Que eu fizesse..."

Esse foi primeiro momento em que vi meu irmão sendo tão humano. Me senti feliz por isso, mas também senti inveja.

"Então existe uma possibilidade agora?"

"Veremos o que acontece", ele disse, sorrindo.

"Uau, isso é fácil", ela disse.

Ele jogou a cabeça para trás e riu, tão baixo como um suspiro.

"Fácil para você", ele emendou, tocando o nariz dela com a ponta do dedo. Então seu rosto ficou abruptamente sério de novo. "Eu estou tentando" ele sussurrou, sua voz cheia de dor. "Se for... Demais, eu tenho quase certeza que sou capaz de ir embora."

Ela fez uma careta. Pareceu não ter gostado dele falando sobre essas coisas.

"Vai ser mais difícil amanhã", ele continuou. "Eu fiquei com o seu cheiro na minha cabeça o dia inteiro, e acabei perdendo a sensibilidade. Se eu me afastar de você por qualquer período de tempo, eu vou ter que começar tudo de novo. Não exatamente do início, eu acho".

"Então, não vá embora" ela respondeu sem conseguir esconder a vontade em sua voz.

"Isso seria bom pra mim", ele respondeu, seu rosto se transformou num sorriso gentil. "Traga as suas algemas, eu sou seu prisioneiro"

Achei graça ao vê-lo tão humano. Tão sorridente e tão leve. Parecia ser uma outra pessoa, uma pessoa que viveu comigo nos últimos cem anos e eu não conheci.

Inconstante - Livro II (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora