W: Dois Mundos

Capítulo Três

  Logo após todas aquelas cenas no tribunal e todas as visitas que recebi do promotor, que ia na cadeia me ameaçar, eu fui solto por falta de provas.
Eu ainda não consegui provar minha inocência. Tem pessoas que me olham na rua e viram o rosto, comentam umas com as outras, cochichando, sobre o ocorrido e sobre eu ter tido a culpa. Eu realmente gostei de você, pois você confiou em mim.
Logo após sair da cadeia eu fui novamente até a casa que morava com meus pais. Chegando lá eu não consegui dar o primeiro passo sem correr uma lágrima de meus olhos.Aquela cena passava diante dos meus olhos, como se estivesse acontecendo novamente. Eu suspirei, coloquei a mão na maçaneta da porta e consegui girar. Eu tentei pensar em outras coisas ao invés do que tinha acontecido. Eu tinha que ser forte.
Entrando na casa, fui a sala olhar os retratos que tinham na estante logo na entrada, acompanhados por vasos de tulipas roxas e girassóis, provavelmente falsos. Aqueles quadros estavam com os vidros bem empoeirados, pois, havia muito tempo que ninguém entrava na casa.
Haviam pedaços de fitas policiais no chão da casa, e lá fui eu com um toc de organização arrumar a casa.
Organizando o quarto dos meus pais achei uns papéis da empresa do meu pai e achei um papel com um número anotado em caneta azul, na parte de trás do papel havia a logomarca da empresa, a qual meu pai trabalhara, e suas informações comerciais.
Peguei o meu celular do bolso da calça jeans que usava e disquei tal número para saber de quem era. Poderia ser de um colega de trabalho, ou até mesmo poderia nem existir mais tal pessoa.
Depois de chamar três vezes uma voz grossa e calma atendeu:
-Yeoboseyo. Aqui é o Park Chung-hee.
Eu fiquei uns cinco segundos sem respirar e sem responder. Faziam anos que eu não ouvia tal nome, e já estava com saudades.
-Ahjussi... -falei, engolindo um pequeno choro chegando -Já faz muito tempo desde a última vez.
-Kang Chul? É você?
Logo após esse reencontro tivemos bastante contato. Bem, você provavelmente vai querer saber o que aconteceu e quem era essa pessoa, então vou lhes contar tudo.
Meu pai trabalhava em uma empresa automobilística, ele ajudava a construir os carros, não sei bem a tarefa.
Ele conheceu Chung-hee na empresa, eles trabalhavam no mesmo setor e viraram bons amigos. Chung-hee e meu pai eram funcionários exemplares e então Chung-hee recebeu uma promoção de cargo para gerente de uma das concessionárias e meu pai continuou trabalhando por mais alguns meses na fábrica, porém nunca deixaram de serem bons amigos, e logo após foi mandado como supervisor para a mesma concessionária. Esses dois foram ótimos amigos, e sempre estavam se ajudando.
Encontrar esse Ahjussi me ajudou muito, eu fui criado como seu sobrinho, ele é como se fosse da minha família. E naquele momento eu não tinha muito para chamar de família. Na verdade eu não tinha nada.
Ele me ajudou a ter um emprego razoável por algum tempo, mas as pessoas gostaram de mim e me deram um bom aumento. Eu continue trabalhando até comprar parte e ações de uma emissora de TV, JN Global.
Além disso, tenho meu próprio programa, chamado W.
Depois de todas essas mudanças eu trabalhei bastante, e meu trabalho foi tão próspero que consegui comprar um prédio empresarial, além de alguns hotéis gran-finos.
Eu morava na cobertura de um desses hotéis. Tudo tinha muito luxo, eu recebia todos os atendimentos necessários e tinha dinheiro para fazer o que eu quisesse.
Um dos meus ex colegas de escola estava precisando de trabalho e, sem dúvidas, eu o contratei, e agora ele é meu segurança. Seu nome é Seo Do-Yoon.
Eu acho ótimo ter um segurança que é meu amigo, pois, o que você precisar, ele estará lá para te ajudar, ele se preocupa realmente com você, e não com receber seu miserável salário no início ou fim de cada mês.
A minha agente pessoal, Yoon So-hee, estava prestes a chegar na cobertura com algumas centenas de papéis para assinar e mais algumas dezenas de extratos e resumos de ações para ler. Eu não estava com saco pra isso, então decidi simplesmente relaxar.
Eu cheguei perto de minha estante de vinhos na sala de estar, peguei uma taça e servi um pouco de vinho na taça, mais ou menos meio da metade.
Misturei o vinho fazendo movimentos circulares com a taça e então bebi tudo em um gole só. Se era pra relaxar então, por que não ir ao terraço?
Eu fui até o elevador, quando Do Yoon ia entrando no elevador, eu disse:
-Não haverá problemas -sorri -pode ficar aqui. Eu preciso ficar um tempo sozinho.
-Como quiser. -falou ele se curvando e dando um passo atrás.
A porta do elevador foi fechando lentamente e eu mal podia ver a hora de respirar ar fresco.
O elevador me levou até a escadaria e de lá subi as escadas até o terraço.
Aquela vista era linda. Naquela pista de pouso de helicóptero no terraço do prédio, dava para ver toda a cidade e suas pequenas luzes, parecendo coisas insignificantes. A quantidade de luzes era incontável.
O vento batia no meu rosto quase cortando, estava meio frio no terraço, meus cabelos curtos batiam em minha testa com a força do vento.
Eu ouvi alguns passos atrás de mim, que chegavam lentamente, e então me virei com uma forte dor nas costas e com alguma coisa escorrendo de onde tinha dor. Após cair no chão meio tonto, eu vi que havia sido esfaqueado e uma pessoa estava próxima de mim, dizendo:
-Agora você terá o mesmo fim que sua família. Hora de nanar Kang Chul.
Aquela voz era confusa demais, parecia estar usando gás hélio para disfarçar a voz.
Eu resisti firme e vi que ele estava pronto para me dar mais uma facada, então segurei seu braço e virei sua mão, com a faca virada para ele. Fiz ele cravar a faca em sua barriga, e logo após só o vi sair correndo.
Eu tentei ir atrás dele, eu finalmente tinha achado o assassino que matou minha família, mas o que eu temia aconteceu, na verdade ele me achou primeiro.
Eu estava fraco demais para descer ou até mesmo gritar.
Eu tentava levantar mas fracassava. Eu simplesmente desmaiei ali mesmo e depois daquele momento a única coisa que consegui pensar foi: eu realmente cheguei até aqui para morrer?