Existiam Cores

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Pela segunda vez depois de uma semana trancada em seu quarto, Regina desceu para cozinha e só decidiu isso quando seu chá que começou-lhe a causar rebuliços no estômago começou a fazer com que relutantemente Regina descesse para lembrar que existiam outros cômodos em sua confortável casa. O coração apertou quando se deparou com quadros de Henry pela casa e sabia que seu lado mãe gritava por ele todos os dias, Mas não cogitava a possibilidade de aparecer na frente do menino tão debilitada. Foi arrastando-se para cozinha, Quase não sentia mais o poder de sua magia correndo por suas veias e muito menos tinha forças para usá-la, Passando a mão pela bancada empoeirada do cômodo é que se deu conta de como havia tranformado um cômodo no andar de cima com um banheiro em um lar, e como já não se alimentava há alguns dias. Não tinha vontade, disposição ou forças para preparar algo manualmente ou magicamente sendo que com muito esforço, conseguiu preparar um chá que rezava para ainda estar no prazo de validade e assim como chegou aquele lugar, voltou para o seu ambiente agora acompanhada de uma jarra fresca de líquido quente. Sentou-se na cama, serviu-se de uma xícara de chá e levou as narinas para trazer o vapor como uma tentiva miserável de esquentar-se por dentro. Tola! Sabia que isso não era possível...
Com dificuldade retirou suas roupas, encheu a banheira com água morna e entrou comemorando mentalmente por não ter fraquezado e sofrido algum tipo de acidente, repousou seu corpo agora magro e não tão esbelto como sempre foi dentro d'água e fechou os olhos ao sentir uma dor, provavelmente seu corpo clamava por movimentos que não fossem de um lado para o outro, sentar, deitar e e ficar parada por horas a mirar horizontes que Regina as vezes se imaginava fazendo parte deles. Com um esforço, Regina mexeu a mão e sorriu de lado ao escutar o quarto e banheiro serem preenchidos por um som calmo e acolhedor do som que Regina agradeceu por Henry ter deixado em seu quarto. Seus olhos de fecharam e por um momento cogitou em fechar os olhos realmente e descansar um pouco, mas ainda não podia, havia mais coisas a escrever antes que ela se deixasse levar pelo cansaço e enfim descansasse, Fechou as mãos em formas de punho e novamente sentiu a corrente fraca de magia correr por suas veias e sabia que aquilo seria suficiente. Sentiu a água esfriar e resolveu que estava imbosibilitada demais para ter a "sorte" de contrair uma pneumonia, agarrou-se as bordas da banheira e se levantou, tirou uma perna pálida e depois a outra sempre com cuidado para não ir de encontro ao chão. Voltou para o quarto enrolada em seu roupão, pegou sua costumeira xícara de chá e sentou-se em sua escrivaninha e antes de abrir seu velho amigo livro, pensou no que Robin deveria estar achando de sua situação, O que deve estar sentindo e poderia jurar que ouviu a voz dele pedindo para que ela procurasse ajuda...Mas ela não queria, e sabia exatamente que ele estaria reprovando sua decisão, porém, Não poderia deixar com que eles a vissem assim, sem cor, sem saúde, sem postura, tão vulnerável...Ela era Regina Mills e jamais daria esse gostinho! Espantou esses pensamentos de sua cabeça suficientemente lotada de pensamentos, abriu seu caderno, pegou sua caneta e deixou-se vagar entre as letras.

Carta.

Antes, Eu me encontrava como uma tela abstrata, cheia de cores e formas desconexas, cheias de traços confusos e ao mesmo tempo admiráveis. Assim eu era, Era confusa, cheia de cores de emoções e sentimentos, minha solidão ocupava uma cor, minha alma em guerra contra meu coração ocupava outra...Minha dor...Há, Essa sim carregava a cor mais obscura que minha caixinha de tintas obtinha. Só que quando eu o encontrei, Quando ele olhou pra mim, Me senti como uma tela em branco, pronta para receber as cores e os sentimentos de um belo pintor. Só que ai, Os pincéis se quebraram, As tintas secaram...O pintor... Morreu! E hoje é como se minhas telas tivessem sido pintadas de preto, Como se o passado voltasse e com mestria jogassem um balde de tinta preta em minhas telas descoloridas, em brancas....Quebradas. A bela arte do meu artista, Hoje ficará exposta apenas em mim, apenas dentro de mim...O coração mais abstrato que ele já coloriu!
                                 
                                    REGINA Mills

Ela já não tinha tanta certeza que alguma arte de seu belo pintor ainda restará dentro de si, mas a certeza de que as levaria consigo para onde quer que fosse...Era o que acalmava seu coração que a cada vez mais se tranformava em uma cor sem vida igualmente a dona que por ela ele batia.

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