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kissy



Na quinta-feira, eu entrei na biblioteca e não vi ninguém nas mesas que costumavam ficar ocupadas.

– Taehyung hyung!? - chamei alto.

– Aqui - ele botou a mão para o lado, atrás de uma prateleira de madeira escura de livros de estudo.

Eu andei até lá, carregando uma pequena embalagem de plástico transparente contendo alguns kyungdans coloridos. Parei ao seu lado, há alguns passos atrás.

– Trabalhando de novo?

– A Sohye noona não trabalha nas quintas-feiras, então eu estou adiantando uma parte das tarefas dela desde ontem - ele respondeu, com o olhar preso nos livros velhos.

– Não quer descansar um pouco? Eu trouxe kyungdans para nós comermos e depois, posso te ajudar.

– Foi por isso que você perguntou se eu gostava? - perguntou, enquanto virava de frente para mim e exibia o seu rosto perfeito.

– Sim... Quer um? 

O Taehyung sorriu retangular e assentiu com a cabeça, então eu também sorri e abri a embalagem de plástico, estendendo-a na sua direção. Ele pegou um dos doces e mordeu um pedaço, enquanto eu o observava, esperançoso.

Riu baixo, provavelmente pela minha expressão ansiosa, e disse: – Está muito bom e bonito. Foi você quem fez?

– Sim! Que bom que você gostou - suspirei, aliviado. Eu já havia experimentado um antes e sabia que estava bom, mas estava preocupado com o que ele acharia. Eu queria agradar o Taehyung.

Nós sentamos em cima da mesa e falamos sobre ele achar que eu não passaria o intervalo na Biblioteca hoje, então contei que havia demorado porque estava explicando um conteúdo de Física para o Jimin. Comemos os kyungdans e ele se negou a comer o último, alegando que era meu.

Quando terminamos, eu levantei e joguei a embalagem no lixo, depois fui até a prateleira que, anteriormente, estava sendo organizada.

– Ordem alfabética?

– Sim, mas você não precisa fazer isso. Pode ir para o pátio com os seus amigos, se quiser - ele desceu da mesa e ficou ao meu lado, pegando um dos livros jogados no meio dos outros e procurando o seu lugar certo.

– Ei, Tae - chamei a sua atenção, fazendo-o me olhar nos olhos – Eu estou aqui porque quero, não é como se fosse uma obrigação. Você também é o meu amigo e eu quero ajudar - ele respirou fundo e concordou com a cabeça.

– Tudo bem. Você pode ficar com a parte da ponta desta prateleira, já que eu ainda não terminei.

Eu dei alguns passos para o lado e cheguei até a ponta, não era longe dele, afinal. Peguei um dos livros que estavam empilhados na fileira e coloquei-o no lugar certo, repetindo o processo com outros também. E em algum momento que eu estava distraído, o Taehyung deixou um livro da fileira mais alta cair na própria cabeça e soltou um grunhido de dor. Quando o vi massagear a região do cabelo por cima do capuz e murmurar um palavrão, comecei a rir alto.

– Pare de rir! - ele contestou, mas também estava rindo.

– Como se você não estivesse rindo também - repeti o quê ele havia me dito por mensagem no dia anterior, me aproximando e juntando o livro caído no chão, próximo aos seus pés.

– Você não pode usar as minhas palavras contra mim, isso é jogar sujo.

– Posso, sim. E foi o que eu acabei de fazer - me levantei à sua frente, lhe estendendo o livro.

E quando os nossos olhos se encontraram, eu só conseguia pensar em como queria beijar o Taehyung.

Não era a primeira vez, afinal. O Taehyung era uma pessoa tão instigante, e ao mesmo tempo, tão doce, que me fazia sentir vontade de beija-lo sempre que nós conversávamos. Sem malícia. Como um gesto de demonstração da admiração e do carinho que eu sentia, mesmo sem conhecê-lo plenamente.

E foi o que eu fiz.

Em um movimento rápido, deixei o meu braço cair ao lado do corpo e me inclinei na sua direção, fechando os olhos e depositando um selar estalado em seus lábios vermelhos.

Com medo da reação dele, logo me afastei, abrindo os olhos e encarando o seu rosto inexpressivo. Eu respirava de forma acelerada por estar nervoso e não conseguia pensar em algo bom o suficiente para falar. Só sabia que não estava arrependido, apesar de não ter aproveitado o momento.

Para a minha surpresa, ele agarrou o tecido da minha blusa preta e me puxou contra o seu corpo, fazendo com que eu quase tropeçasse nos próprios pés no meio do caminho. Logo, meus olhos estavam fechados e a sua boca estava na minha novamente.

Eu soltei o livro no chão, não me importando com o barulho, e usei os dois braços para abraçar os seus ombros largos, pressionando o meu peito contra o seu, enquanto a sua língua se enrolava na minha. A boca do Taehyung era quente e tinha o gosto do mel usado nos kyungdans; era viciante e fazia a minha barriga gelar.

Os braços dele se entrelaçavam na minha cintura de um jeito aconchegante, e o nosso beijo seguia desesperado. Usei uma das mãos para tirar o seu capuz e agarrar os fios de cabelo perto da sua nunca, tendo o meu lábio inferior entre os dele. O barulho que seguiu quando ele foi soltado era excitante, e eu fiz o mesmo com o seu.

O sinal anunciando o fim do intervalo tocou e em sincronia, nós diminuímos o ritmo e eu escorreguei a minha mão até a sua bochecha, acariciando-a com o polegar. Finalizei o beijo com um selinho e sorri, abrindo os olhos e vendo que ele também sorria.

Nos encaramos, soltamos risadas baixas e ficamos vermelhos.

– Eu pensava que você não queria... Foi uma grande surpresa - murmurei, enquanto voltava a abraçar os seus ombros.

– Eu queria tanto quanto você.

outer space ; kth+jjk Onde histórias criam vida. Descubra agora