Capítulo 3

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A mensagem era de um número desconhecido, o que fez com que o meu coração parasse por segundos. Mas logo acalmou quando vi o seu conteúdo:

Não te preocupes com a camisa, considera-a tua.

Só podia ser ele, e por alguma razão desconhecida, um sorriso formou-se na minha cara. E depois voltam as questões: como é que ele tem o meu número?

Resolvi responder-lhe: Tens a certeza? E já agora, como tens o meu número?

Ao que ele respondeu-me: Tenho a certeza, quero que ela seja tua. Foi um passarinho que mo deu. Agora vai dormir, até amanhã!

Mesmo sem o estar a ver, conseguia imaginar aquele sorrisinho parvo na sua cara.

Então, dos rapazes apenas o Niall, o Louis e o Harry têm o meu número. O Liam ainda não conheceu o Harry, penso eu; ele mal falou com o Niall; portanto penso que tenha sido o Louis. Amanhã tenho de ensinar ao Louis o que é privacidade.

Ainda não entendi o “até amanhã”, mas penso que tenha alguma razão para o dizer, se calhar vai encontrar-se com os rapazes na escola ou até mesmo frequentar a mesma escola que eu. Espero que não, ele é… estranho, tanto está sério como parvo e divertido. Não sei como lidar com ele, sobre o que devo ou não falar, e não gosto disso. Não gosto de não saber como agir à sua beira.

Decidi seguir o seu conselho e pousei o telemóvel novamente na cómoda. Dirijo-me até à janela e verifico-me que está fechada, algo que faço todos os dias. Quando tenho a certeza de que ela está bem fechada, caminho até à minha cama. Assim que me deito, os meus pensamentos voam até cada acontecimento de hoje e um sorriso volta a formar-se nos meus lábios.

**

Os meus olhos lentamente se abriram e quando me tentei levantar, não consegui. A minha cabeça era demasiado pesada e as minhas mãos estavam amarradas atrás das minhas costas, o que não me permitia usá-las como apoio. Decidi manter-me deitada, também porque era a única opção, e observo o local onde me encontrava. Parecia um armazém, as paredes eram negras e tudo à minha volta era muito desarrumado, cheio de folhas por todo o lado e com uma fraca iluminação, mas mesmo assim suficiente para poder identificar tudo há minha volta.

Sinto algo a escorrer pela minha face e assim que atinge o chão apercebo-me do que é. Sangue. Passei alguns segundos em completo silêncio a tentar lembrar-me de algo, apenas algo que me explicasse onde estava e o porquê de estar neste estado, amarrada e a sangrar. O silêncio parece ter resultado e imagens do sucedido passaram pela minha mente e o medo invadiu o meu corpo.

Assim que ouço uma porta a abrir, o meu olhar desvia-se para aquela figura alta que me observava silenciosamente. Steve. Ele fecha a porta bruscamente fazendo o barulho ecoar na minha mente.

Ele caminhou lentamente até mim, como se me quisesse torturar com o som das suas botas pesadas. A cada passo, a minha respiração aumentava, assim como o medo que se apoderava de mim.

Senti alguém a abanar-me suavemente, e eu abri os olhos num impulso. Não foi nada mais que um pesadelo. Outra vez. Sento-me na cama e tento controlar a minha respiração acelerada. Estou farta de reviver este pesadelo. Porque não para?

“Querida, está tudo bem” disse uma voz grave, e muito familiar perto de mim. O meu pai. Quando olho para ele, pude observar o seu olhar preocupado.

Secrets || l.p.Onde histórias criam vida. Descubra agora