Capítulo 8

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"Tiveste saudades minhas? Mal posso esperar para te ver." dizia a mensagem de número desconhecido.

Rapidamente uma vozinha fez-se ouvir nos meus pensamentos: "Eu vou encontrar-te e tu vais pagar pelo que me estás a fazer". Arrepios percorrem o meu corpo com a lembrança.

Tentei ligar para esse número mas apenas se ouviu o aviso de que o telemóvel se encontrava desligado. Ou seja, alguém mandou a mensagem e desligou logo o telemóvel, ou até removeu o cartão, de modo a que eu não o conseguisse identificar. Não poderia ser ele, é impossível.

Acalmo qualquer insegurança minha, e caminho até à casa-de-banho para lavar a cara. A água fria percorre a minha face enquanto me apresso para a limpar com uma toalha. Olho-me ao espelho e respiro fundo. Se há coisa que aprendi, é que não posso deixar que as minhas inseguranças me dominem.

Volto ao meu quarto e coloco o meu telemóvel a carregar, visto que tinha pouca bateria. As luzes da rua, atraem-me até à janela, e sento-me na beira. O céu está repleto de estrelas, e eu perco-me a tentar contá-las. Tenho este fascínio por céus estrelados desde pequena, mas o que mais gostava era observar a lua cheia. Era tão belo, a lua mostrava-me o seu lado mais brilhante, escondendo o mais escuro. Como se tentasse me agradar.

Ouço o meu telemóvel a vibrar e apresso-me a ir buscá-lo, retirando-o de carregar. O nome: parvo, preenche o meu telemóvel e eu congratulo-me a mim mesma pelo nome que atribuí a Liam. Atendo a chamada, questionando-me o que ele quereria.

"Liam?" digo, procurando a sua voz.

"Olá" ele diz meio atrapalhado "Não estava à espera que atendesses"

"Então porque ligaste?" ergo um sobrancelha, embora ele não consiga ver.

"Como não respondeste à mensagem, pensei que estavas a dormir..." rio-me ligeiramente.

 Caminho até à janela e volto a sentar-me no mesmo sítio de há pouco. "Então que fazes?"

"Estou sentada, a observar." respondo.

"O quê?" ele pergunta.

"O céu, as estrelas, a lua." enumero e ele ri-se.

"Acho que a lua é o que mais atrai as pessoas no céu" ele afirma.

"Especialmente as mais solitárias" eu completo.

"Porque dizes isso?" ele parece confuso.

"Por causa daquela frase: se alguma vez te sentires sozinho, olha para a lua porque em algum lugar, está alguém a olhar para ela também."

"Isso faz de nós solitários?"

"Parece que sim" rio-me.

"Então vamos ser solitários juntos, pode ser?"

"Okay" um grande sorriso forma-se na minha cara.

Mais tarde, deitei-me na cama e coloquei o telemóvel a carregar, sem deixar de conversar com Liam. O sono apoderou-se de mim, e acabei por adormecer. Sim, deixei o Liam ser solitário sozinho.

Estava agora com Emily, à espera que a campainha tocasse, para mais um dia de aulas começasse.

"Annie, posso pedir-te um favor?" Emily chama a minha atenção. Eu respondo com um aceno e ela continua "Como hoje temos tarde livre, achas que podemos ir ao shopping?" Ela faz cara de cachorrinho abandonado.

"Tudo bem, também não tenho nada apropriado para vestir hoje à noite" digo e agradeço mentalmente ao meu pai, por me obrigar a levar sempre dinheiro comigo, em caso de emergência.

Secrets || l.p.Onde histórias criam vida. Descubra agora