Ao entardecer logo se podia escutar os uivos de lobos vindo da floresta maldita, era assim que a chamavam depois que um casal de camponeses resolveu se aventurar por aquelas bandas em uma noite chuvosa de lua cheia e nunca mais voltou, nesse dia o céu estava enevoado com tons de vermelho sangue, com fortes trovejadas e investidas de raios vindo do céu, depois disso a segurança de pais com seus filhos ficou mais rigorosa. Diz a lenda aqui da aldeia que se ao menos a pessoa chegasse perto da floresta se sentiria hipnotizado por ela é tentado a entrar feito por um canto belíssimo de uma voz tão doce como mel e tão suave como pluma.
Os sinos da igreja tocam hoje as 22:00 avisando que é noite lua minguante, após os sinos da catedral tocarem todos devem estar em suas casas prontos para dormir, é um toque de recolher decidido pelos guardiões de nossa vila, são eles que tem previsões boas ou ruins do que vai acontecer no futuro da aldeia e do Castelo, mas apenas nas estações da lua como hoje, os sinos são tocados, dias como esse todos ficam tensos e alguns até apavorados com medo de algo acontecer, os incidentes são cada vez mais frequentes nessas datas e depois ninguém sabe o que acontece quando as pessoas desaparecem.
Entro em casa com minha mãe depois de um grande dia de feira, olho para o relógio de madeira empoeirada em cima do criado mudo, 20:15 conseguimos vender todos os legumes da nossa horta, geralmente acabamos bem mais tarde. Meu vestido surrado e suado me fazia parecer uma velha mendiga depois do dia árduo que tivemos, não que fossemos pobres mas o dinheiro que conseguíamos era apenas para o nosso alimento e é de fertilizantes pra horta, não podíamos nos dar ao luxo de comprar vestidos belos e caros como outros vizinhos, depois que meu pai foi uma das vítimas dos desaparecidos tudo ficou mais difícil e as vendas até caíram, por sermos so duas não podemos dar várias voltas com caixas e mais caixas de legumes até a feira que era um pouco longe e íamos andando.
Subo para o meu quarto e tomo um banho revigorante com uma ducha bem gelada, me troco pondo uma camisola até os joelhos, abro um lado da janela de meu quarto, e olho para o céu cinzento como se uma tempestade estivesse pronta para cair, e daqui de cima , só daqui de cima consigo ver além de casebres e mercearias, o Castelo, que moram os guardiões, o Rei tirano e sua Rainha, alguns dizem que eles têm um filho que não sabe falar ou não ouve por isso não aparece em nenhum evento e ninguém o anuncia com vergonha ou algo assim mas ninguém sabe ao certo, o filho deles sempre foi um mistério, só sabemos que ele existe por conta do dia do Nascimento dele que foi anunciado e celebrado.
As horas passam desço e faço o jantar, algo como macarrão, abobrinha e alguns temperos da horta, como sozinha, dias como esse minha mãe não fala muito e prefere ficar no quarto, às vezes penso que ela tem esperanças que o papai volte. Lavo a louça e subo novamente, senti em minha cama e olho ao redor do quarto, tudo está tão quieto olho para o relofio devidamente no seu lugar em cima do criado mudo de madeira ao lado da cama, marcam 21:59, os sinos estão para tocar, fico um pouco ansiosa ao contrário de pessoas que ficam com medo, eu não tenho tanto, afinal minha janela está aberta.
Os sinos tocam e sou definitivamente obrigada a fechar minha janela com uma mãe furiosa adentrando meu quarto perguntando onde estava meu juízo.
-Desculpe mãe não queria desobedecer, só que..._ tento me explicar e ela intervém
-Só que nada lia você sabe as regras, está louca?_ diz ja fechando a janela e colocando uma madeira através dela.
-Só estava olhando o céu, está cinzento...., esta tão estranho....
-Você sabe que isso acontece, agora vá dormir ou fazer algo só não abra está janela me ouviu bem? No que estava pensando.._ e sai do meu quarto incerta de suas palavras pois ambos sabíamos que isso não acontecia.
Deito no momento em que os sinos terminam de tocar, sinto meu corpo todo arrepiar e depois de alguns minutos escuto os uivos distantes que não me deixam dormir, me reviro de um lado pro outro , o sono vem e eu apago.
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O Mistério do Palácio
FantasyAtalia uma camponesa simples que após ter visto sua mãe ser morta por injustiça, pelo Rei tirano acaba ficando intrigada com um desconhecido que tenta desvendar os segredos do Rei. Uma aldeia em que nenhum aldeao se atreve a sair de sua casa, apos...