capítulo 1

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Ao entardecer logo se podia escutar os uivos de lobos vindo da floresta maldita, era assim que a chamavam depois que um casal de camponeses resolveu se aventurar por aquelas bandas em uma noite chuvosa de lua cheia e nunca mais voltou, nesse dia o céu estava enevoado com tons de vermelho sangue, com fortes trovejadas e investidas de raios vindo do céu, depois disso a segurança de pais com seus filhos ficou mais rigorosa. Diz a lenda aqui da aldeia que se ao menos a pessoa chegasse perto da floresta se sentiria hipnotizado por ela é tentado a entrar feito por um canto belíssimo de uma voz tão doce como mel e tão suave como pluma.

Os sinos da igreja tocam hoje as 22:00 avisando que é noite lua minguante, após os sinos da catedral tocarem todos devem estar em suas casas prontos para dormir, é um toque de recolher decidido pelos guardiões de nossa vila, são eles que tem previsões boas ou ruins do que vai acontecer no futuro da aldeia e do Castelo, mas apenas nas estações da lua como hoje, os sinos são tocados, dias como esse todos ficam tensos e alguns até apavorados com medo de algo acontecer, os incidentes são cada vez mais frequentes nessas datas e depois ninguém sabe o que acontece quando as pessoas desaparecem.

Entro em casa com minha mãe depois de um grande dia de feira, olho para o relógio de madeira empoeirada em cima do criado mudo, 20:15 conseguimos vender todos os legumes da nossa horta, geralmente acabamos bem mais tarde. Meu vestido surrado e suado me fazia parecer uma velha mendiga depois do dia árduo que tivemos, não que fossemos pobres mas o dinheiro que conseguíamos era apenas para o nosso alimento e é de fertilizantes pra horta, não podíamos nos dar ao luxo de comprar vestidos belos e caros como outros vizinhos, depois que meu pai foi uma das vítimas dos desaparecidos tudo ficou mais difícil e as vendas até caíram, por sermos so duas não podemos dar várias voltas com caixas e mais caixas de legumes até a feira que era um pouco longe e íamos andando.

Subo para o meu quarto e tomo um banho revigorante com uma ducha bem gelada, me troco pondo uma camisola até os joelhos, abro um lado da janela de meu quarto, e olho para o céu cinzento como se uma tempestade estivesse pronta para cair, e daqui de cima , só daqui de cima consigo ver além de casebres e mercearias, o Castelo, que moram os guardiões, o Rei tirano e sua Rainha, alguns dizem que eles têm um filho que não sabe falar ou não ouve por isso não aparece em nenhum evento e ninguém o anuncia com vergonha ou algo assim mas ninguém sabe ao certo, o filho deles sempre foi um mistério, só sabemos que ele existe por conta do dia do Nascimento dele que foi anunciado e celebrado.

As horas passam desço e faço o jantar, algo como macarrão, abobrinha e alguns temperos da horta, como sozinha, dias como esse minha mãe não fala muito e prefere ficar no quarto, às vezes penso que ela tem esperanças que o papai volte. Lavo a louça e subo novamente, senti em minha cama e olho ao redor do quarto, tudo está tão quieto olho para o relofio devidamente no seu lugar em cima do criado mudo de madeira ao lado da cama, marcam 21:59, os sinos estão para tocar, fico um pouco ansiosa ao contrário de pessoas que ficam com medo, eu não tenho tanto, afinal minha janela está aberta.

Os sinos tocam e sou definitivamente obrigada a fechar minha janela com uma mãe furiosa adentrando meu quarto perguntando onde estava meu juízo.

-Desculpe mãe não queria desobedecer, só que..._ tento me explicar e ela intervém

-Só que nada lia você sabe as regras, está louca?_ diz ja fechando a janela e colocando uma madeira através dela.

-Só estava olhando o céu, está cinzento...., esta tão estranho....

-Você sabe que isso acontece, agora vá dormir ou fazer algo só não abra está janela me ouviu bem? No que estava pensando.._ e sai do meu quarto incerta de suas palavras pois ambos sabíamos que isso não acontecia.

Deito no momento em que os sinos terminam de tocar, sinto meu corpo todo arrepiar e depois de alguns minutos escuto os uivos distantes que não me deixam dormir, me reviro de um lado pro outro , o sono vem e eu apago.

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O Mistério do PalácioOnde histórias criam vida. Descubra agora