Thank You, Lern

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Ao final da aula arrumo meus pertences e olho ao redor notando que Camila já não estava mais na sala, assim como Evans. Saio da sala e percebo que Camila e Evans estavam em uma aparente discussão em frente ao armário da mesma.

Não demora muito para que Evans me note, fazendo com que eu simplesmente abaixasse a cabeça e saísse rapidamente da escola torcendo para que ele não viesse atrás de mim.

Já na metade do percurso escuto passos apressados vindo atrás de mim, me viro e noto uma Camila ofegante.

-"Por que não me esperou?"

-"Não queria atrapalhar sua conversa com o Evans"- dou de ombros e volto a andar, dessa vez com Camila ao meu lado

-"Não era algo importante, na verdade eu estava torcendo para alguém se meter e interromper aquela conversa"-Ela suspira-"Ele está confundindo demais as coisas e está achando que eu sou a culpada"

-"Como assim?"

-"Evans e eu ficamos uma ou duas vezes e por conta disso ele acha que é meu dono e portanto eu não posso ficar com mais ninguém"-Ela ri em deboche-"Típico infantil"

-"Entendo"

-"Mas não quero mais falar sobre ele. Então, é sexta feira, não está animada?"

Suspiro

Toda mostra de emoção por ser sexta feira é apenas o reflexo de sua condição de escravo irreflexivo da construção social chamada "semana". A sexta não é mais do que uma falsa esperança projetada para te distrair do fato de que há uma máquina te oprimindo lentamente. Não és mais do que uma hamster correndo em uma roda demasiadamente feliz por ser sexta-feira

-"Estou"

-"O que planeja fazer hoje?"

-"Nada, honestamente. E você?"

-"Vou ao cinema com umas amigas minhas"-Ela diz-"Você poderia vir com a gente, se você quiser, é claro"

Travo por um momento

-"T-tem certeza que me quer lá?"-pergunto incerta e ela ri

-"Óbvio que sim, elas vão adorar você"-Entramos no metrô que estava muito mais lotado do que o habitual. Nos exprememos por entre as pessoas e paramos um pouco distantes da porta de desembarque. Seguro na barra de apoio horizontal e olho ao redor, odiava pegar metrôs lotados, odiava ficar no meio de tantas pessoas, odiava me sentir tão vulnerável, respiro fundo não querendo surtar ali. Volto a olhar Camila e percebo que ela não tinha onde se apoiar já que estávamos distantes das barras de apoio verticais e as barras horizontais não podiam ser alcançadas por ela devido a sua baixa estatura. Conforme o metrô se locomovia, Camila acabava batendo em algumas pessoas e se desequilibrando muitas vezes me fazendo rir causando uma cara de brava em Camila.

Paro por um momento, incerta. Respiro fundo e seguro os braços de Camila e os envolvo em meu tronco e volto a segurar a barra. Ela me encara, aparentemente surpresa. Sinto meu rosto esquentar

-"É só para você não cair"-digo rápido

Ela sorri

-"Obrigado, Lern"-diz e deita a cabeça em meu peito

Sorrio, ainda sentido meu rosto corando e agora sentindo meu coração martelando fortemente

BROKENOnde histórias criam vida. Descubra agora