Sober

{04} Hands To Myself

Esse capitulo contém conteúdo sexual explícito.

Com Dimitri achei ter encontrado a paz que tanto queria, porém, em seguida conheci o caos que jamais imaginei.

Nunca mais o vi, desde o dia em que descobri ser a amante. As cores que encontrei durante os meses frequentando o quarto 93, foram gradualmente desbotando até se tornaram opacas, sem brilho algum. Tudo voltou a ficar cinza. Em minha mente, não havia só o peso de ter sido enganada. Todos os meus problemas deixados de lado durante esses meses que imaginei viver no mundo de Alice, retomaram como uma avalanche. Toda a melhora que tive na minha saúde física e mental foi por água abaixo. As crises de insônia se tornaram ainda mais frequentes. Meu agente literário cada vez mais impaciente para receber o meu próximo projeto, o qual não fazia a menor ideia do que seria.

Depois de me afundar nos danos que desferi a mim mesma, decidi me reerguer. No mais, a pressão para preparar um novo projeto não veio em um mau momento. Agendei reuniões na minha editora e muitos encontros com meu agente, tendo como intuito principal retomar o foco na minha vida e distrair minha mente.

Dizem que a tristeza inspira, tive esse sentimento em intensidade o suficiente para escrever uma saga. Portanto, não demorou para eu pensar num plot que me satisfez ao ponto de querer colocá-lo em prática o quanto antes.

Certa vez, após uma agradável e produtiva produtiva, a centelha da esperança acendeu em mim, mas logo se apagou com a ligação inesperada que recebi.

- Alô, poderia falar com a senhora Celina? - disse uma voz jovem, suspeitei conhecê-la de algum lugar. Pude perceber um tom de medo em suas palavras.

- Sou eu - respondi desconfiada.

- Aqui é da recepção do Hotel California, meu nome é Sebastian - um flash de lembrança me atingiu, ele era o recepcionista simpático.

No dia em que tudo aconteceu, ele prontamente tentou me ajudar, oferecendo água e pedindo que eu aguardasse até o nervosismo passar. Não quis me deixar dirigir naquelas condições. Sebastian se mostrou tão sensível e preocupado com o meu estado que me deixou muito tocada. Ele nem ao menos me conhecia, mas ainda assim foi solidário comigo, gestos de bondade não podem passar em branco mesmo nas situações mais catatônicas.

- Desculpe-me incomodá-la, mas aconteceu um probleminha digamos assim... - ele ficou em silêncio por uns instante, presumi estar ouvindo algo que o telefone não captava - a senhora poderia vir aqui?

- Sim, mas o que está acontecendo? É urgente?

- No caso é de extrema urgência mesmo - ele disse rindo, e pela intenção era de nervoso. - o senhor Dimitri está aqui.

Em segundos, imaginei centenas de cenários diferentes naquele lugar, cada um mais assustador que o outro. Meu peito gelou e músculos tencionaram. Apenas respirei fundo, pegando a chave do carro e disse apressada:

- Estou indo.

Um percurso que demoraria 30 minutos para concluí-lo, fiz em menos da metade do tempo. Estava praticamente cega. A preocupação foi inevitável, a situação parecia realmente seria.

Chegando lá, encontrei Sebastian em frente ao hotel, olhando para todos os lados, claramente tenso a minha espera.

- O que aconteceu? Onde ele está? - Perguntei aflita.

- No quarto 93. - afirmou Sebastian conduzindo-me em direção ao mesmo enquanto me contava toda a história. - Ele alugou o quarto e depois de um tempo começou a revirar o quarto todo, acredito ter quebrado algumas coisas, ficou chamando pelo seu nome. Os hóspedes começaram a reclamar. Pedimos Dimitri para se retirar, mas ele não quis, disse que lá era o seu lugar, mas que precisava da senhora. Os seguranças o retiraram a força, mas ele ameaçou nos processar se fizéssemos isso. Conversei com o gerente e disse que poderia encontrar uma solução pacífica, por isso contatei a senhora.